segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Família denuncia atendimento de PS e contesta óbito por suspeita de covid-19

 Juvenal Malta, de 76 anos, faleceu nesta sexta-feira; parentes afirmam que morador em Birigui não tinha nenhum sintoma da doença e mesmo assim não puderam velar o corpo 

Pronto-socorro é gerido pela OSS Santa Casa de Birigui

A família do aposentado Juvenal Batista Soares Malta, 76 anos, denuncia suposta negligência em atendimento prestado a ele no pronto-socorro de Birigui (SP) e contesta a declaração de óbito por suspeita de covid-19.

Irmãos e filhos da vítima afirmam que tiveram um direito violado, pois Juvenal não tinha nenhum sintoma da doença e mesmo assim não puderam velar corpo ou se despedir dele como gostariam.

Em entrevista ao Hojemais Araçatuba, a família contou que o aposentado descobriu há alguns anos um quadro de hipertensão, porém era controlado. Por volta das 15h30 de quinta-feira (10), ele estava em casa quando se sentiu mal, com queda nos batimentos cardíacos. Ele teve vômitos e apresentou falta de ar. A família acredita que ele tenha sofrido um infarto e broncoaspiração (quando o vômito é aspirado pelas vias aéreas).

Mesmo contrariado, ele foi levado ao pronto-socorro, por volta das 17h, onde foi atendido pelos plantonistas, medicado e liberado para voltar para casa.

No entanto, quando estava saindo do prédio do PS, passou mal novamente e foi reconduzido às pressas para o setor de emergência, de onde não voltou. A morte ocorreu por volta das 3h desta sexta-feira (11). A surpresa veio com a declaração de óbito, onde foi registrada suspeita de covid-19.

Sem sintoma

“Meu irmão não tinha nenhum sintoma de covid-19, tudo indica que ele estava infartando. No nosso entendimento, foram vários erros do pronto-socorro. Primeiro, como liberam uma pessoa infartada para ir para casa horas depois do atendimento? E se era um paciente com suspeita de covid-19, liberaram para ir para casa sem nenhuma informação e sem coleta de material para exame? Sem avisar ninguém da família? Por que só depois da morte essa suspeita apareceu?, questiona a irmã de Juvenal Maria Helena Azevedo Soares.

Parentes de Juvenal contam que pouco antes dele se sentir mal estava conversando e tocando violão, instrumento que gostava. Não houve contato com nenhuma pessoa com suspeita ou com a doença e ele não tinha apresentava nenhum sintoma.

O corpo de Juvenal foi enterrado às 16h, no cemitério da Consolação com o caixão lacrado. Maria Helena, um filho de Juvenal, Alex Araújo Malta, e outro irmão, Jonas Soares Malta, vieram de São Paulo para a despedida, que não ocorreu. “Viajamos centenas de quilômetros para ver apenas um caixão”, disse, desolada.

A família afirma que, embora nada traga Juvenal de volta, vai procurar seus direitos como cidadãos.

Protocolo

A reportagem entrou em contato com a OSS (Organização Social de Saúde) Santa Casa de Birigui, responsável pela administração do pronto-socorro, questionando sobre o protocolo de atendimento para casos suspeitos de covid-19, porém não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

Já a Secretaria de Saúde de Birigui informou que Juvenal se enquadrava nos critérios de investigação, por isso a declaração de óbito trouxe morte suspeita por covid-19. O protocolo adotado, segundo a pasta, é do Ministério da Saúde referente às medidas de enfrentamento ao coronavírus.

Dispneia/desconforto respiratório, pressão persistente no tórax, saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente e coloração azulada dos lábios ou rosto são alguns dos sintomas que levam o médico a classificar o paciente com síndrome gripal. Exames complementares são avaliados e determinados pelos médicos, segundo a secretaria.

Hojemais

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