sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Conselho de medicina julga caso de nutrólogo acusado de crime sexual contra paciente

 



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Marcado para esta quarta-feira (7), o julgamento no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) do caso do médico nutrólogo Abib Maldaun Neto, suspeito de abusar sexualmente de mulheres em sua clínica em São Paulo, chega tarde e expõe a lentidão da apuração, segundo pacientes que procuraram a entidade para relatar abusos nos últimos anos. A denúncia contra Maldaun, que resultou na condenação em segunda instância em julho pela Justiça de São Paulo, foi apresentada à polícia e ao Cremesp na mesma época, em 2014, de acordo com o advogado Raphael Debes, do escritório Castelo Branco, que representa quatro pacientes do nutrólogo. Desde então, enquanto a Justiça penal julgou e condenou em duas instâncias, o Cremesp não fez nenhuma movimentação relevante, afirma o advogado. Segundo informação do processo, a plenária do Cremesp chegou a arquivar a sindicância, em junho de 2014, alegando falta de provas. "Tão grave quanto a morosidade na apuração, foi o CRM ter arquivado uma primeira denúncia contra o médico, sem apurar com a responsabilidade necessária, a gravidade das acusações", afirma o advogado. O nutrólogo diz que é inocente, que sempre atuou de forma ética em mais de 30 anos de profissão e confia na Justiça. O conselho de medicina paulista suspendeu Mauldaun no final do mês passado, depois da repercussão negativa levantada pela veiculação de reportagem sobre o caso no programa Fantástico, da TV Globo, que desencadeou novos relatos. As acusações formais contra o médico, feitas por duas pacientes, foram reveladas pela Folha de S.Paulo em dezembro de 2017 e a condenação em primeira instância, em junho de 2018. Procurado pela reportagem, o Cremesp atribui o atraso à pandemia. "Os tempos de tramitação no conselho estão compatíveis com os da justiça criminal, uma vez que os processos em questão já estavam em fase final, mesmo antes da condenação na Justiça, e já teriam sido concluídos, não fosse a suspensão dos prazos processuais por conta da pandemia, que perdurou até agosto deste ano", diz o Cremesp em nota.

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