quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Família reclama de piolhos, lesões e sujeira em idosa internada no Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba

 

Ana Andrade da Silva, de 66 anos, foi internada após sofrer queda em casa e, segundo a família, o quadro se agravou no hospital. Secretaria Estadual de Saúde afirma que paciente recebe cuidados de equipe multidisciplinar, com banhos sempre que necessário, com no mínimo um por dia.


Moradores de Itaquaqquecetuba reclamam de negligência no hospital Santa Marcelina


Uma família está indignada com o tratamento recebido por uma idosa no Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba . Ana Andrade da Silva, de 66 anos, sofreu uma queda no banheiro de casa em julho e, após quase três meses, ainda permanece internada. Durante esse período, segundo os filhos, ela chegou a entrar em coma e foi encontrada em situação precária, suja de fezes, com piolhos e sem assistência ou cuidados com a higiene.

Os filhos estão indignados e afirmam que sequer tiveram acesso ao prontuário da mãe. A Secretaria de Estado da Saúde nega que a paciente tenha entrado em coma e diz que ela está sendo atendida pela equipe do hospital. De acordo com a pasta, as denúncias estão sendo analisadas.

Em julho, dona Ana sofreu uma queda e três dias depois do acidente começou a sentir muitas dores. No dia 22 de julho foi encaminhada para atendimento.

“Levaram ela de madrugada para o Santa Marcelina de Itaim para fazer uma ressonância. Nessa ressonância descobriram que ela realmente estava com três vértebras quebradas, segundo eles, porque nunca mostraram para nós nem um raio-x”, afirma Elias da Silva, filho da paciente.

Já unidade de Itaquaquecetuba, de mesmo nome, a idosa passou por uma cirurgia ortopédica. Depois do procedimento foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com o objetivo de aguardar o pós-operatório. De acordo com a família, ela deveria ter ficado quatro dias em recuperação, mas menos de 12 horas depois já estava no quarto.

Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba


“Assim que acabou a cirurgia a gente estava lá e o médico ainda falou para minhas duas irmãs: ‘ela vai ficar na UTI quatro dias’. Na sexta-feira, de manhã, já estavam levando ela para o quarto de enfermaria. Menos de 12 horas ela já estava na enfermaria. Eles não esperaram ela nem voltar da anestesia”, lembra Silva.

“Temos vídeos de nós tentando falar com ela. Em alguns momentos, ela abriu o olho e a gente falava: ‘mãe, mãe’. Ela fechava de novo”.

A família estranhou o comportamento da paciente e gravou um vídeo em uma sexta-feira, logo depois que ela chegou ao quarto. Ela não reagia (assista acima). Na segunda, ainda de acordo com a família, o médico constatou que ela estava em coma. A paciente voltou para a UTI, onde ficou mais um mês e 10 dias.

Ana teve alta e voltou para o quarto, desta vez com outra fisionomia. Ana teve que passar por uma traqueostomia para conseguir respirar e passou a receber alimento por sonda.

Por causa do quadro clínico, o hospital liberou um acompanhante. Em uma dessas visitas, a família diz ter encontrado a paciente toda suja de fezes e com ataduras pelo corpo.

“Chegou um momento que a gente chegou a sentir cheiro de podre. A gente pensou que era coisa da cabeça", disse. "A gente viu que não era só coisa da nossa cabeça. Realmente, eles não estavam dando banho nela”, continua.

“O mau cheiro da cabeça eram os piolhos. Inclusive, estavam dando na cabeça dela. Cortaram o cabelo dela mais curto que o meu. Inclusive, está cheio de hematoma na cabeça inteira. Hematomas que parece, como se fosse, queda. Hematomas mesmo, acredito que de hospital ou do tipo. As partes do pé, do calcanhar, do tornozelo, nos dedos das mãos”, completa o filho.

Outra reclamação é que até agora a família não conseguiu ter acesso ao prontuário da paciente. O que eles sabem é o que os médicos comentam entre um atendimento e outro. Um dos filhos dela chegou a conversar com a direção do hospital e a orientação foi que ele entrasse na Justiça para ter acesso ao documento. Dona Ana continua internada, não consegue falar e nem se mexer.

Em nota o hospital disse que está investigando as denúncias. Afirma também que já prestou esclarecimentos e continua à disposição da família. A paciente é acompanhada por especialidades de neurologia, clínica geral, ortopedia e serviço social.

Mesmo assim, quem viu dona Ana sair de casa andando custa acreditar na situação que ela está hoje. “Tenho eu e meus irmãos para provar. Claro que eles vão puxar para o lado deles para não prejudicar o hospital. Eles podem falar que a gente vai puxar para o nosso lado para querer justiça. Eu estou indo para a delegacia daqui a pouco, depois dessa reportagem, porque eu preciso firmar o boletim de ocorrência. Eu tenho vídeo dela antes de ir para a cirurgia e eu tenho vídeos no momento que ela estavam levanto ela para UTI”, desabafa o filho.

Ainda de acordo com a nota da Secretaria Estadual da Saúde, não procede a informação de que a paciente, Ana Andrade da Silva esteve em coma e que, apesar dos vídeos feitos pela família, ela segue aos cuidados da equipe de enfermagem, com banhos sempre que necessário, com no mínimo um por dia.



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