Ele registrou a ocorrência na Polícia Civil. Bebê teve a perna fraturada em procedimento que envolvia risco à vida
Silvio Nunes, pai da pequena Heloá: criança segue internada
no Hospital da Ordem Terceira
“Doutor, e essa perna?” A pergunta foi feita pelo mototaxista Sílvio Nunes das Chagas, 48 anos, ao ver a perna da filha, logo após o parto que resultou em uma fratura do bebê, no último domingo (18), no Hospital da Ordem Terceira, na Campina, em Belém. Nesta terça-feira (20), ele registrou um boletim de ocorrência na Seccional do Comércio, onde denuncia ter havido negligência médica no parto da mãe da criança.
Na manhã desta terça (20), o hospital admitiu o ocorrido, afirmando que havia risco de morte iminente para a criança, e que o procedimento adotado pela equipe poderia levar a um trauma na perna ou na bacia. Segundo diz a Ordem Terceira, a manobra, "feita com cuidado e humanidade", é "um risco que se corre”, e que a opção adotada pelo médico foi para salvar a vida da criança. "Toda decisão tomada pelo corpo clínico da casa visou, acima de tudo, priorizar a vida de cada um de nossos pacientes”, disse o hospital.
'Todos estavam cientes', diz pai de Eloá
“Vínhamos acompanhando a gestação dela, com consultas, exames. Tudo certo. Era pra ela ter a criança com cesárea”, contou o pai do bebê, em entrevista à redação integrada de O Liberal. No boletim de ocorrência, ele informou o seguinte: “Todos estavam cientes que o bebê estava de costas dentro da barriga da mãe e que, possivelmente, precisaria de uma cesariana. Mas o médico de plantão descartou fazer uma cesariana e optou pelo parto normal”, diz o pai da criança, que segue internada na UTI do estabelecimento. Ela teve uma parada cardíaca e seu estado segue estável, disse o hopsital essa terça.
"Vínhamos acompanhando a gestação dela, com consultas, exames. Tudo certo. Era pra ela ter a criança com cesárea. Todos estavam cientes que o bebê estava de costas dentro da barriga da mãe e que, possivelmente, precisaria de uma cesariana. Mas o médico de plantão descartou fazer uma cesariana e optou pelo parto normal”, diz Sílvio, pai de Eloá
Sílvio contou que, no domingo, às 11h30, a mulher dele, Ana Patrícia Ferreira do Rosário, 39 anos, começou a sentir muitas dores. “Eu a levei para o hospital. O médico examinou ela, e ela estava com 9 centímetros (de dilatação). Isso era 12 horas. O médico saiu para almoçar. Depois, quando estava com 10 centímetros, a técnica ligou para o médico, deu essa informação e ele voltou. Minha mulher ficou gritando de dor das 12 horas até 15h30”, disse.
Silvio contou ainda à polícia que assistiria ao parto e até ficou com a roupa adequada para acompanhar esse procedimento. “Eu fiquei esperando para assistir ao parto”.
'A moça disse que o parto foi muito complicado'
Silvio Nunes contou que, às 15h30, não ouviu mais barulho. “Aí, depois, a moça me chamou. Disse que o parto foi ‘muito complicado’ e que a minha filha tinha ficado dentro da mãe. Quando eu entrei, o médico saiu com a minha desacordada, e a entregou para outra doutora, em outra sala. O médico estava junto. Ela foi reanimada por essa outra doutora. E voltou a respirar”, disse o pai do bebê.
Sílvio afirmou ainda que notou que a perna direita da criança estava jogada pra cima da perna esquerda. “Doutor, e essa perna? O médico disse que fez esse procedimento para salvar a criança”, contou.
Sílvio afirmou ainda que notou que a perna direita da criança estava jogada pra cima da perna esquerda. “Doutor, e essa perna? O médico disse que fez esse procedimento para salvar a criança”, conta o pai
Ele acrescentou que a perna da criança está imobilizada. “Agora, ela está respirando normal, mas em observação”, contou, informando que a criança se chama Eloá. Eles moram em Belém. Sílvio explicou que fez o Boletim de Ocorrência e denunciou que houve negligência médica.
“O parto dela tinha que ser cesariana. O médico não fez. Fez normal, o que resultou na fratura da perna”, afirmou. Ele disse que os exames da mãe da criança foram feitos na rede pública e, também, em clínicas particulares.
Sílvio Nunes diz que a mãe e a filha estão bem de saúde. Ambas continuam no hospital. O caso, agora, será investigado pela Polícia Civil.
CRM, Sesma e Ministério Público investigam o caso
Em nota, o Conselho Regional de Medicina (CRM/PA) informou nesta terça-feira (20) que já instaurou que já instaurou procedimento para apurar o caso. A tramitação informou a nota, corre em sigilo, de acordo com o artigo 1º, do Código de Processo Ético Profissional Médico.
“Ressaltamos que todas as denúncias que chegam ao nosso conhecimento através da mídia são apuradas de ofício, até formalização de denúncia, caso ocorra”, acrescentou o CRM do Pará.
A Secretaria Municipal de Saúde também confirmou na tarde de ontem (20) que “irá apurar o caso junto ao prestador de serviços”. A Sesma também externou "solidariedade à família e à criança". A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) também disse que o “Hospital da Ordem Terceira atende de forma complementar ao SUS e regular com a Sesma".
Nesta quarta (21), o Ministério Público do Estado confirmou que também irá apurar o episódio. "O coordenador das Promotorias de Justiça Criminais da Capital, Isaías Medeiros, informou que o MP já possui ciência sobre o caso”, diz a nota. A apuração da conduta médica será conduzida pela Promotoria da Infância e Juventude, “pois a criança sofreu lesão durante o parto”.
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