Ele também é investigado por assediar colegas de trabalho
A Polícia Civil através da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) indiciou o médico ginecologista denunciado por várias pacientes e colegas de trabalho por assédio sexual. Agora o inquérito deve ser enviado ao MPMS (Ministério Público Estadual), que deve ou não oferecer denúncia.
Em coletiva na manhã desta segunda-feira (28), as delegadas Maíra Machado, Fernanda Félix e Barbara Alves afirmaram que quatro denúncias foram investigadas pela delegacia contra o médico, que prestou depoimento, mas ficou calado o tempo todo. Segundo as delegadas, o comportamento do ginecologista é de que ele não via os assédios como crime, e sim como algo normal durante a consulta.
Segundo a delegada Maíra, o relato de todas as pacientes são muito parecidos, na forma como o médico agia nas consultas, passando as mãos nas pacientes e fazendo questionamentos de cunho sexual que nada tinham a ver com o procedimento médico.
O ginecologista já respondeu a três sindicâncias no CRM (Conselho Regional de Medicina), onde foi absolvido, e duas sindicâncias ainda estão em aberto. Uma das que foi absolvido aconteceu em 2015, quando foi registrado um boletim de ocorrência por violação sexual mediante fraude.
Na Deam estão dois casos de técnicas de enfermagem que denunciaram o médico, o de uma paciente e de uma médica. Ele foi indiciado por importunação sexual e assédio sexual. Tentamos contato com o médico através de telefone em seu consultório, mas não obtivemos resposta até o fechamento da matéria.
7 ocorrências
São sete as ocorrências que o médico ginecologista acumula contra ele por pacientes que atendeu em seu consultório ou em hospitais em Campo Grande. Os boletins começaram a ser registrados em 2015 e vão desde violação sexual mediante fraude até coação e difamação. O último boletim registrado contra o médico é de agosto de 2020.
A primeira ocorrência contra o ginecologista foi registrada em 2015, por uma paciente que ele atendeu em seu consultório. Era a primeira consulta da vítima que na época tinha 30 anos. Em seu relato, ela contou que o médico após os exames trancou a porta e começou a fazer perguntas como, “você tem costume de trair seu marido?”, e depois passou a fazer questionamentos de como gostava de fazer sexo.
Em resposta, a mulher ainda teria questionado qual seria a relevância das perguntas para a consulta médica. Em seguida, o profissional teria tentado beijar a mulher que saiu abalada do consultório. Ela contou na época, quando foi registrar o boletim de ocorrência, que uma prima havia dito que sua ex-sogra teria passado pela mesma situação com o médico.
As ocorrências foram registradas ao longo de seis anos e vão de violação sexual mediante fraude, coação no curso do processo, difamação, lesão corporal dolosa, assédio sexual a importunação sexual. Sendo as duas últimas ocorrências registradas em janeiro e agosto deste ano.
Coação
A vítima que havia registrado um boletim de ocorrência por violação sexual mediante fraude foi ameaçada pela advogada do médico, que ligou para a mulher assim que ela deixou a delegacia afirmando que estava em frente à sua casa e na companhia de policiais. A advogada ainda disse na época, que o delegado do caso havia afirmado que tinha imagens dela saindo de um motel na companhia do médico.
O caso foi registrado em 2016 contra o médico por uma paciente, que acabou sofrendo com um erro médico dele tendo de se submeter a uma segunda cirurgia, já que ele havia lesionado a sua bexiga, após um procedimento para a retirada de um mioma.
Os outros boletins de ocorrência foram registrados entre os anos de 2019 e 2020, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Caso veio à tona
Os casos de assédio que o médico cometeu contra pacientes vieram à tona, quando uma paciente registrou um boletim de ocorrência no dia 13 de agosto deste ano, após uma consulta médica. A vítima contou que começou a ouvir várias frases de cunho sexual por parte do médico durante a consulta. Ele ainda teria sugerido que a paciente precisava manter relações sexuais, porém dito de forma invasiva.
Além disso, chegou a dizer que a vítima “tinha cara” de que gostava de ter relações e beijou a mão dela, sem permissão. Após várias insinuações, a vítima insistiu que tinha dúvidas ainda sobre o problema de saúde, mas o médico falou para ela pegar o WhatsApp dele, para tirar as dúvidas.
Outro caso
Uma jovem de 22 anos, que não registrou boletim de ocorrência contra o médico, contou que ele fez perguntas de cunho sexual a ela, e ainda teria dito que ninguém faria sexo com ela por que era gorda. A jovem disse ter ficado traumatizada com a situação e a partir daquele momento teve de fazer tratamentos para a ansiedade, com medicação. Ela ainda relatou que não procurou mais um médico por se sentir insegura.
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