O paciente provavelmente já está debilitado, com alguma doença e muita dor – física e emocional. Mesmo assim, não recebe o diagnóstico adequado, o que traz graves consequências à saúde. Ou então é submetido a uma cirurgia corriqueira, como plástica para retirada do excesso de pele das pálpebras, por exemplo. Mas sai do hospital com sequelas irreparáveis no rosto. Há ainda casos extremos em que o profissional esquece uma agulha ou outro objeto dentro do corpo do doente.
Nos últimos anos, disparou o número de processos e reclamações por erros médicos. Denúncias que atolam os tribunais de Minas e do país. No estado, durante 2016, uma média de dez pacientes por dia entraram com processos relatando supostas falhas dos profissionais da saúde.
Ao todo, as ações triplicaram. Foram 3.811 no ano passado contra 1.232 em 2015, de acordo com informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os equívocos podem custar uma vida. Pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess) estimou que, em 2015, as falhas médicas acarretaram em 434 mil óbitos no país. É como se a cada três minutos cerca de dois brasileiros morressem em um hospital por consequência de um erro que poderia ser evitado.
Mas se as ações contra as supostas falham triplicam, a cassação de registros ainda é pequena e fica restrita a episódios de extrema gravidade.
Segundo o Conselho Regional de Medicina, em mais da metade dos julgamentos os médicos foram absolvidos. Em algumas situações, recebem advertências e censuras confidenciais.
Além de ser muito difícil provar que houve o erro, nem sempre a insatisfação do paciente significa que houve de fato uma falha no atendimento, alega o Conselho.
O órgão da categoria informa ainda que a falta de estrutura tem dificultado a atuação em hospitais e postos de saúde. Faltam insumos e equipamentos. Quem foi vítima e sofreu na pele os efeitos de um erro médico, entretanto, não se conforma com essa justificativa.
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