A família da senhora Mary Dalva de Oliveira Bergamini, de 80 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o Hospital Ribeirânia, na noite de terça-feira, 12 de setembro, por omissão de socorro e negligência. A instituição de saúde é acusada de negar atendimento à idosa por ela não ter convênio médico. A mulher passou mal no local quando visitava um parente e não foi socorrida, segundo o BO assinado pela filha Mônica Bergamini de Abreu Machado Bortolin, de 61 anos.
Posteriormente, foi constatado que a octogenária sofreu um enfarte nos corredores da unidade de saúde.
Mônica Bergamini Bortolin disse à Polícia Civil que dona Mary Dalva estava acompanhada de outra filha, Maura Bergamini de Abreu Machado Gonzalez y Gonzalez, quando começou a passar mal dentro do Hospital Ribeirânia. A mulher apresentou sintomas de enfarte, como náusea, diarreia e dor no braço e não conseguia andar. Segundo Maura, enfermeiros do Ribeirânia mediram a pressão da idosa, que estava baixa (dez por seis), e disseram que poderia ser um mal-estar. A filha da idosa diz também que a instituição sugeriu o pagamento inicial de R$ 380 para atender a mulher, sem contar os demais procedimentos.
A família seguiu orientações que teriam sido passadas pelo hospital e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Só que a atendente do telefone 192 informou às mulheres que não poderia enviar uma ambulância porque elas já estavam dentro de uma unidade hospitalar, e esse tipo de pedido deveria partir da enfermagem. A enfermeira-chefe não apareceu. A instituição de saúde, então, ofereceu uma cadeira de rodas e pediu para que elas aguardassem a viatura do Samu no estacionamento do hospital.
Socorrida, dona Mary Dalva foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, e depois acabou transferida para a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), na rua Bernardino de Campos, na região central da cidade, onde está internada – até a tarde desta quarta-feira (13) ela aguardava liberação para submeter-se a cateterismo.
Segundo consta no BO, o médico plantonista responsável pelo atendimento da idosa na Unidade de Emergência do HC, um cardiologista, constatou que ela havia sofrido um enfarte agudo do miocárdio e disse às filhas que se o socorro tivesse demorado mais alguns minutos a dona Mary Dalva provavelmente teria morrido.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Hospital Ribeirânia informa que a instituição “está apurando o fato realmente ocorrido para nos manifestar. O hospital tem como conduta socorrer o paciente, independentemente de ele ter ou não plano de saúde” . A Secretaria Municipal da Saúde diz ter recebido o chamado para atendimento da idosa e que a referência para o socorro era o estacionamento do Hospital Ribeirânia.
“Não houve qualquer proibição em entrar no hospital para socorrê-la, nem acompanhamento ou qualquer envolvimento nas ações que ocorreram anteriormente dentro do hospital, antes do atendimento do Samu. A paciente foi imediatamente atendida e encaminhada à UPA”, informa em comunicado. A Polícia Civil apura se o hospital infringiu o Estatuto do Idoso. Se for comprovada a denúncia, o responsável pela unidade pode ser condenado a pena que varia de seis meses a um ano de prisão.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também abriu sindicância para acompanhar o caso. Diz que, independentemente de a pessoa ter plano de saúde, os casos de urgência e emergência devem ser atendidos na hora, mesmo que seja um local particular. O Cremesp analisa se houve omissão de socorro e negligência.
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