segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Família acusa hospital de omissão



A família da senhora Mary Dalva de Oliveira Bergamini, de 80 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o Hospital Ri­beirânia, na noite de terça-feira, 12 de setembro, por omissão de socorro e negligência. A institui­ção de saúde é acusada de negar atendimento à idosa por ela não ter convênio médico. A mulher passou mal no local quando vi­sitava um parente e não foi so­corrida, segundo o BO assinado pela filha Mônica Bergamini de Abreu Machado Bortolin, de 61 anos.
 
Posteriormente, foi cons­tatado que a octogenária sofreu um enfarte nos corredores da unidade de saúde.
 
Mônica Bergamini Bortolin disse à Polícia Civil que dona Mary Dalva estava acompa­nhada de outra filha, Maura Bergamini de Abreu Machado Gonzalez y Gonzalez, quando começou a passar mal dentro do Hospital Ribeirânia. A mu­lher apresentou sintomas de en­farte, como náusea, diarreia e dor no braço e não conseguia andar. Segundo Maura, enfermeiros do Ribeirânia mediram a pressão da idosa, que estava baixa (dez por seis), e disseram que poderia ser um mal-estar. A filha da idosa diz também que a instituição sugeriu o pagamento inicial de R$ 380 para atender a mulher, sem con­tar os demais procedimentos.
 
A família seguiu orientações que teriam sido passadas pelo hospital e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgên­cia (Samu). Só que a atendente do telefone 192 informou às mulheres que não poderia en­viar uma ambulância porque elas já estavam dentro de uma unidade hospitalar, e esse tipo de pedido deveria partir da enfer­magem. A enfermeira-chefe não apareceu. A instituição de saú­de, então, ofereceu uma cadeira de rodas e pediu para que elas aguardassem a viatura do Samu no estacionamento do hospital.
 
Socorrida, dona Mary Dal­va foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jar­dim Paulista, e depois acabou transferida para a Unidade de Emergência do Hospital das Clí­nicas (HC-UE), na rua Bernardi­no de Campos, na região central da cidade, onde está internada – até a tarde desta quarta-feira (13) ela aguardava liberação para submeter-se a cateterismo.
 
Segundo consta no BO, o mé­dico plantonista responsável pelo atendimento da idosa na Unidade de Emergência do HC, um car­diologista, constatou que ela ha­via sofrido um enfarte agudo do miocárdio e disse às filhas que se o socorro tivesse demorado mais al­guns minutos a dona Mary Dalva provavelmente teria morrido.
 
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Hospital Ribeirâ­nia informa que a instituição “está apurando o fato realmente ocor­rido para nos manifestar. O hos­pital tem como conduta socorrer o paciente, independentemente de ele ter ou não plano de saúde” . A Secretaria Municipal da Saúde diz ter recebido o chamado para atendimento da idosa e que a refe­rência para o socorro era o estacio­namento do Hospital Ribeirânia.
 
“Não houve qualquer proi­bição em entrar no hospital para socorrê-la, nem acompanhamen­to ou qualquer envolvimento nas ações que ocorreram anterior­mente dentro do hospital, an­tes do atendimento do Samu. A paciente foi imediatamente atendida e encaminhada à UPA”, informa em comunicado. A Polícia Civil apura se o hospital infringiu o Estatuto do Idoso. Se for comprovada a denúncia, o responsável pela unidade pode ser condenado a pena que varia de seis meses a um ano de prisão.
 
O Conselho Regional de Me­dicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também abriu sindi­cância para acompanhar o caso. Diz que, independentemente de a pessoa ter plano de saúde, os casos de urgência e emergência devem ser atendidos na hora, mesmo que seja um local particular. O Cre­mesp analisa se houve omissão de socorro e negligência.
 

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