Ele faz atestados médicos a pacientes sem qualquer doença. Médico de São José dos Campos admite o erro, mas nega obter vantagem financeira.
Trecho de texto postado pelo médico em uma rede social (Foto: Reprodução/Facebook) |
O médico Ildemar Cavalcante Guedes, flagrado emitindo um atestado falso depois combinar o diagnóstico com paciente, admitiu o erro, afirmou que é um profissional de índole socialista e que fornece os atestados para ajudar quem precisa.
"O trabalhador brasileiro é uma vítima e, as pessoas que exploram os trabalhadores brasileiros não querem ver ninguém se posicionando a favor do trabalhador", disse o médico Ildemar.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) instaurou uma sindicância para apurar o caso. Por causa da conduta, o médico pode ser punido com uma advertência, suspensão ou até ter o registro cassado. Ele nega que tenha agido com o propósito de obter vantagem. "Não vendo atestado", garantiu. O médico pode ainda responder criminalmente.
A suspeita de que os atestados emitidos pelo médico eram falsos surgiu quando a diretora de uma empreiteira de São José dos Campos (SP), cidade onde Ildemar atua há 30 anos. Ela percebeu que quatro funcionários apresentaram atestados do mesmo médico, sendo que um dos empregados chegou a entregar três atestados no mesmo mês.
“A gente mandou então um funcionário de nossa confiança e ele conseguiu comprar com a maior facilidade”, afirmou a mulher que não quis se identificar.
A gravação obtida pela TV Vanguarda, exibida nesta sexta-feira (22), mostra um atendimento que durou sete minutos. O paciente não precisou agendar consulta. A imagem mostra que o homem já chega e pede um atestado. Ele diz que quer faltar no trabalho a semana toda. O paciente não relata qualquer sintoma de doença, nem examinado.
Questionado pelo paciente sobre o valor do atestado, o médico afirma que o preço já está incluso no valor da consulta, que é de R$ 100. Ele preenche no atestado que o paciente saudável está com uma doença infecção respiratória - diagnóstico falso discutido entre paciente e médico antes da emissão do documento. O médico ainda deu uma receita para o paciente comprar antibióticos.
O médico, ao ser confrontado com o vídeo, disse que foi vítima de uma 'armadilha' de alguém que quer desmoralizá-lo para que ele interrompa as ações solidárias aos pobres e oprimidos.
"Os trabalhadores sempre aparecem com uma história de sofrimento e necessidade para conseguir o atestado. Fico sensibilizado e forneço", explicou em uma postagem no Facebook.
O texto, em que ele assegura que não fornece os falsos atestados por dinheiro, foi apagado minutos depois de ser publicado.
"Ás vezes sou procurado por pessoas pobres que estão aflitas para encontrarem um parente doente em outra cidade, ou então consgeuir um atestado médico para não sofrer um desconto injusto no salário que pode agravar a situação de énúria em que vivem. Sempre que posso, ajudo", disse em outro trecho da postagem.
Carreira
Ildemar já foi secretário de Saúde em São José dos Campos, no governo da prefeita Ângela Guadagnin (PT), em 1993. Ele foi filiado ao Partidos dos Trabalhadores até 2004.
Ele também trabalhou 32 anos como médico concursado da prefeitura, até se aposentar.
Crime
A Polícia Civil informou que quem vende atestado médico pode responder pelo crime de falsidade ideológica, com até três anos de prisão.
Quem compra pode responder por uso de documento falso, que prevê até 6 anos de prisão e demissão por justa causa.
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