Volta Redonda – O diretor médico do Hospital São João Batista (HSJB), José Geraldo Barros, e a coordenadora da Maternidade do estabelecimento de saúde, Kátia dos Santos, vão preparar e enviar à Polícia Civil e ao Conselho Regional de Medicina (CRM) um relatório com todos os procedimentos adotados no caso do bebê da adolescente de 17 anos que nasceu morto no dia 23 de fevereiro. A família da adolescente alega que houve erro médico no caso e entrou com uma queixa na 93ª DP.
— Toda a equipe do hospital ficou consternada com o que aconteceu. Claro que nossa dor não se compara à da família, mas a verdade é que cada ocorrência desse tipo nos atinge. Em todos os casos, fazemos um estudo detalhado do que aconteceu, para sabermos se alguma coisa poderia ser feita para evitar a morte. Esse estudo não vai concluir se houve culpa de alguém, já que isso cabe ao Conselho Regional de Medicina — afirmou José Geraldo.
A família da adolescente alega que uma obstetra sugeriu que fosse feita uma cesárea, e depois outra médica afirmou que o procedimento seria desnecessário, porque o colo do útero da gestante estava começando a se dilatar. No período em que se aguardou, para finalmente haver uma decisão de fazer uma cesariana, o bebê teria morrido. “Médicos tomam decisões com base em evidências. Há protocolos que determinam o que deve ser feito, e em princípio eles foram seguidos nesse caso”, revelou Kátia dos Santos, acrescentando que, observadas estritamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, a cesariana é um procedimento a ser adotado apenas em casos excepcionais, que envolvam risco à saúde do bebê ou da mãe. “Nem no sistema privado de saúde a mãe deveria ter o direito de escolher entre parto normal e cesárea”, frisou.
Mesmo com essas determinações, os índices de cesárea no Brasil ainda são muito altos: 55% dos partos, chegando a 85% na rede privada. A meta do Ministério da Saúde é chegar a 30%. “O motivo de se preferir o parto normal à cesárea é que o procedimento cirúrgico é mais perigoso e gera uma recuperação muito mais lenta da mãe, além de prejudicar também o bebê, já que os nascidos de parto normal têm uma evolução pulmonar melhor que os nascidos via cesárea”, contou Kátia. No entanto, o hospital não tem nenhuma diretriz para obrigar as mães a optarem pelo parto normal. “A decisão é do médico, mas os critérios que seguimos são exclusivamente técnicos”, salientou Kátia.
Estatísticas
De acordo com a direção do hospital, a porcentagem de casos de bebês que nascem mortos no estabelecimento de saúde está abaixo dos limites admitidos pela Organização Mundial de Saúde como sendo de casos de morte inevitável, por problemas de saúde com a mãe ou o bebê: 1,4%.
Somando os meses de janeiro e fevereiro, houve 341 partos no HSJB, com quatro ocorrências de morte do feto. O percentual fica em 1,17%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário