Jovem de 24 anos teve paralisia infantil, passou por cirurgia, mas por erro médico acabou ficando dependente de cadeira de rodas. Ele cursa biologia na Universidade Federal do Acre (Ufac).
O sonho do jovem Washington da Silva Oliveira, de 24 anos, que tem paralisia e depende de cadeira de rodas para se locomover, era poder participar das aulas de campo na universidade, mas sua condição não permitia. Ele contou com a ajuda e solidariedade do professor Moisés Barbosa que criou uma cadeira especial para o rapaz.
Oliveira estuda no curso de biologia da Universidade Federal do Acre (Ufac). E foi após quatro anos de curso que o estudante conseguiu participar de sua primeira aula de campo. O professor e um auxiliar levam o rapaz para acompanhar as aulas e depois de volta para a sala de aula.
“A vida é um livro e hoje estou construindo uma parte da minha vida. É uma sensação de não ser melhor do que os outros. Isso aqui para mim não é uma cadeira de rodas, é um sonho”, disse Oliveira.
Garoto de família humilde, quando ainda era criança, o estudante conta que teve paralisia infantil, doença grave que provoca parada dos músculos do corpo. Aos 13 anos, ele passou por uma cirurgia para tentar reverter o quadro, mas por um erro médico, acabou ficando dependente de uma cadeira de rodas. O quadro se tornou irreversível.
Em 2011, o universitário ficou cego do olho esquerdo depois de tomar uma descarga elétrica quando um raio caiu na casa onde morava. Mas, isso jamais foi sinônimo de desistência para ele. O sonho era cursar biologia em uma universidade federal e conseguiu.
“Eu prometi que levaria ele para as aulas de campo e fomos montando e chegou a isso. O Washington me perguntou quanto custou isso aqui e eu respondi que vai ser a satisfação de levá-lo ao campo e ele ter o aprendizado”, declarou o professor.
Projeto da cadeira
O professor contou que começou a bolar a cadeira junto com outro professor e que eles procuraram estudar como eram feitas as cadeiras que geralmente são utilizadas para os alpinistas deficientes se locomoverem e, a partir disso, baseado nesse modelo de cadeira, começaram a fazer a de Oliveira.
“Comprei uma bicicleta para tirar o garfo e a roda e fui soldando com uma placa na parte debaixo. Consegui essa cadeira, que é daquelas de carro adaptada para criança, e fui montando. Peguei também a estrutura de uma cadeira de rodas e chegou a isso”, afirmou.
Barbosa falou que tudo foi pensado para garantir a segurança na hora do deslocamento do universitário. Eles levam uma rede caso ocorra algum acidente e Oliveira precise em uma possível situação de emergência.
“Ele [estudante] me perguntou quanto custou a cadeira e eu respondi para ele que não importa quanto custou, o melhor é ver a minha satisfação em conseguir levá-lo até o estudo de campo e ver que ele está aprendendo”, falou o professor.
Já o universitário, disse que foi-se o tempo em que um deficiente tinha barreiras para sonhar.
“Quando eu soube do projeto, fiquei muito feliz porque não e só uma cadeira, são as minhas pernas, é uma sensação de poder, por um momento, sentir o que os outros sentem, de ter a oportunidade de ir mais além de uma cadeira de rodas”, finalizou.
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