sexta-feira, 16 de março de 2018

Mães perdem filhos em hospital na BA e parentes denunciam erros médicos; unidade diz que houve 'complicações'

Casos ocorreram no município de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador.



Duas mulheres perdem filhos em parto e familiares acusam hospital em Feira de Santana


Duas mulheres perderam os filhos em consequência de partos que, segundo familiares delas, foram feitos de forma errada no Hospital da Mulher, que fica em Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. Os parentes denunciam que houve erros médicos. A unidade de saúde, no entanto, relata que houve complicações nos partos.

Um dos casos envolveu uma mulher de prenome Jucileide, que, na última terça-feira (13), enterrou a filha Isabela, de pouco mais de um mês de idade. O sepultamento ocorreu no cemitério São Jorge, em Feira.

A prima de Jucileide, Bruna Linhares, acompanhou toda a história e fez a denúncia. Segundo ela, a criança morreu por negligência de um médico da unidade de saúde.

"Induzindo parto normal. Tanto que ela estava sem dor e, praticamente, sem dilatação. Eles botaram naquele soro para induzir a dor e a dor foi chegando, mas ela não dilatava de jeito nenhum. Às oito horas, ela iniciou um processo de parto realmente, mas só que já estava saturada e não tinha mais forças. Ela foi por uma hora 'tentada' ao parto normal, mas quando viu que não ia ter jeito, encaminharam ela para a cesariana. Nesse processo, a bebê já estava asfixiada dentro do canal dela. A bebê nasceu e foi direto para a UTI e daí não saiu mais", afirmou Bruna.

A criança, segundo os parentes, ficou um mês e cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva e não resistiu. No atestado de óbito, consta como motivos da morte choque séptico e asfixia perinatal grave.
 
Logo depois do parto, Jucileide também teve complicações e teve de ser transferida para uma UTI, onde ficou por 18 dias. "Ela teve uma infecção na barriga pelo fato de o bebê ter feito fezes na barriga dela. E teve de fazer nova cirurgia, colocar um dreno. Ela também quase falece nesse processo", disse a prima, Bruna.

Outro caso

Jailson de Jesus também sofre por conta da filha Geisla, que já nasceu sem vida na mesma unidade de saúde. Segundo ele, a esposa, Joselita da Silva, foi internada no dia 22 de fevereiro com 40 semanas de gestação. Ainda de acordo com o homem, o médico que fez o pré-natal indicou que a mulher deveria passar por uma cesariana, mas o procedimento não foi realizado.

"Eu cheguei aqui e o médico disse que ela ia ter [parto] normal. Ele fez toque, e eu acompanhando. Eu disse que ela não tinha passagem para fazer normal. O primeiro filho dela foi cesáreo. Eu tenho todos os [exames do] pré-natal aqui, tudo constando que ela não tem passagem para parir de forma normal e ele disse que sabia o que estava fazendo. E eu levei minha filha no caixão", afirmou Jailson.
 
A diretora do hospital da mulher, Márcia Sueli do Amaral, afirmou que uma avaliação foi feita após as denúncias, mas que não houve erros médicos e sim complicações nos dois casos.

"O Conselho Regional de Medicina é que tem a competência técnica para dizer com certeza o que aconteceu, mas, diante de tais fatos, de tais denúncias, a gente fez uma avaliação sintética e o que a gente avaliou foi que em nenhuma das duas situações houve indicação errada. Muito pelo contrário: a indicação foi correta. Se houve a complicação, essa complicação não decorreu de uma indicação errada. Decorreu de que pode realmente haver complicações em qualquer das duas situações, tanto no parto normal quanto no cesáreo e nós sabemos disso", afirmou.

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