Médico toma posse sob aplausos em hospital após ser pressionado para não assumir vaga de residência

Pablo Costa recebeu mensagem do chefe de cirurgia plástica do Hospital dos Servidores

Mensagem de Domingos Quintella de Paola para o residente - Reprodução

RIO — Sob os olhares e a atenção de dezenas de amigos e colegas de profissão, o médico Pablo Costa — pressionado pelo chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Servidores do Estado (HFSE) para desistir de uma vaga de residente na unidade — aguardou em um canto do auditório do HFSE, nesta quinta-feira, a chamada da reclassificação para as vagas de residentes do processo seletivo coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde. No meio da tarde, a banca anunciou: "Uma vaga no Hospital dos Servidores do Estado. Lista: Pablo Ricardo da Rosa Costa".

Pablo, como mostrou o blog do colunista Ancelmo Gois, diz que foi pressionado pelo chefe de cirurgia plástica do Hospital dos Servidores do Rio, o médico Domingos Quintella de Paola, por WhatsApp, para não assumir a vaga de reclassificação no hospital.

Na mensagem, Domingos pediu para que o médico desistisse da vaga. O motivo: o filho de Quintella, o também médico Domingos de Paola Neto, tirou a mesma nota que Pablo no processo seletivo e os dois disputavam a última vaga da residência em cirurgia plástica na unidade.


O concurso é organizado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e vale para todos os hospitais estaduais e federais do Rio, além do Hospital Central da Polícia Militar e dos hospitais mantidos pela Fundação Municipal de Niterói. Os profissionais fazem as mesmas provas e, depois, se candidatam para as vagas disponíveis em cada hospital participante.

Todos os programas de residência médica do Rio de Janeiro começaram suas atividades no dia 1º de março. Hoje, foi o primeiro dia da chamada de reclassificação do concurso organizado pela secretaria. Uma médica que estava presente no auditório do Hospital dos Servidores contou que a banca chegou a se desculpar pela atitude de Domingos.


— A banca começou se desculpando pela atituda da chefia, que não representava o concurso. Que o concurso era transparente. Por isso que a chamada é presencial. O Pablo pegou a vaga e foi aplaudido por todos, tipo cena de novela — contou

Após a mensagem e a denúncia contra Domingos se tornar pública, a direção do HFSE decidiu afastá-lo do cargo e instaurar um procedimento administrativo para apurar o caso.

"O chefe do setor de Cirurgia Plástica da unidade foi imediatamente afastado do cargo e aberto um procedimento de sindicância administrativa para apuração do ocorrido. A direção ressalta que o concurso transcorreu de forma transparente e idônea, e garante que o médico irá exercer normalmente o período de residência médica no HFSE."

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também se manifestou em nota oficial. Diz que já notificou o Departamento de Defesa Profissional, a Comissão Nacional de Residência Médica e pediu providências "institucionais e legais".

O Globo