Os familiares pedem um atendimento mais humanizado e atento. O ato foi pacifico e reuniu cerca de 200 pessoas
“Meu filho chegou com uma forte diarreia que não cessava. Eu pedi várias vezes para fazer um hemograma, mas o médico disse que não precisava, e o estado dele foi só se agravando. Ele foi liberado para ir para casa, mas teve que voltar ao hospital e sofreu uma parada cardíaca de 40 minutos pouco tempo depois. E então ficou quatro meses na UTI. Perdi meu filho, de apenas 15 anos”, relatou a mãe do Victor Hugo, Daniela Lucélia da Silva, vítima de suposta negligência.
Ela conta ainda que seu filho passou pela avaliação de dois médicos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e que pediu aos dois médicos um exame, mas nenhum deles viu a necessidade de avaliar o caso com mais cautela.
“Só quando meu filho já estava na UTI, foi-me dito que se o diagnóstico tivesse sido feito com um pouco de antecedência, ele teria tido uma chance. Até quando vamos ter que ver médicos nos tratando com tanta indiferença, como se nossa dor não fosse nada? Eles são médicos, estudaram para isso, vai me dizer que não sabem que uma pessoa pode morrer ou que não sabem a importância de um diagnóstico precoce?”, diz com a voz embargada.
Daniela perdeu o filho há quatro meses e mesmo ainda em recuperação da dor, ela diz não perder a esperança de fazer justiça pelo seu filho e alertar as famílias sobre o risco de um descaso.
Situação semelhante aconteceu com Ivonete Rocha, que após passar por uma cirurgia – já com suspeitas de erro médico – passou por dois atendimentos na UPA, com diagnósticos imprecisos, falecendo dias depois.
Unidos, familiares das vítimas mobilizaram a comunidade e realizaram uma vigília em frente à Unidade. De acordo com Adenilson Rocha, irmão de Ivonete, ele busca conscientizar os médicos e a sociedade sobre o risco de uma negligência.
“Eu sinto que minha irmã foi assassinada pelo descaso, pela falta de importância, como se não fosse nada. Ela fez exame, havia um histórico com a cirurgia, o médico chegou a citar que ela poderia estar com embolia pulmonar, mas a liberou para a casa. Não precisa ser um gênio para saber o que levou à morte dela”, disse, emocionado.
A mãe de Ivonete, Raimunda Rocha, também bastante abalada, pediu para que as autoridades façam alguma coisa para que casos como esse não voltem a acontecer. “Hoje choro a perda da minha filha, não quero que mais mães tenham que passar por isso”, desabafou.
O ato contou com aproximadamente 200 pessoas que, com velas nas mãos, rezaram e pediram mais atenção para com os doentes.
Sindicância
Após uma denúncia feita por Adenilson, a Prefeitura Municipal de Sinop solicitou a abertura de uma sindicância para apurar responsabilidades acerca do atendimento.
O prefeito em exercício do município, Gilson de Oliveira, também esteve reunido com a direção do Hospital Regional e com o Ministério Público para alertar a sobrecarga de atendimentos pela unidade.
De acordo com o prefeito, a falta de atendimento no Regional tem sobrecarregado a unidade. “A UPA tem atendido 400, 500 pessoas por dia, tem mais pacientes internados nela do que no Hospital Regional, que deveria atender a demanda”, disse anteriormente à imprensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário