Prefeitura de Duque de Caxias |
Leitos no hospital municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro
Documentos levantados pela CNN revelam razões para a demora na entrega de hospitais de campanha e dos leitos exclusivos para tratar pacientes com coronavírus no Rio de Janeiro. Em meio à burocracia do Estado e a gestores da saúde acusados de corrupção, presos nesta quinta-feira (7) em uma operação do Ministério Público, a Secretaria Estadual de Saúde aguarda abertura de 3.131 leitos, de acordo com planilha interna do órgão.
No final de março, o governador Wilson Witzel (PSC) anunciou que oito hospitais de campanha seriam abertos até a semana passada. Apenas um saiu do papel. Juntos, os que ainda não foram inaugurados preveem mais 1.900 leitos para o estado do Rio. Enquanto isso, 1.115 pessoas aguardam por um leito para tratamento da COVID-19. O Rio tem 1.394 mortes e 14.156 casos confirmados de coronavírus.
São vários os motivos, que vão do atraso das entregas de kits de UTI por parte do Ministério da Saúde à demora para asfaltamento de áreas para estacionamento de ambulâncias. No caso do hospital de campanha do Maracanã, por exemplo, foram 19 dias entre o pedido da Secretaria Estadual de Saúde para pavimentar uma área de 1.880 metros quadrados e a efetiva autorização para que a obra seja feita.
Segundo a planilha de controle da Secretaria Estadual de Saúde, a expectativa era de que ali, no templo do futebol brasileiro, já estivesse funcionando o maior hospital de campanha do estado, com 400 leitos, sendo 160 para pacientes em estado grave.
O mesmo atraso se repete na obra para o hospital de campanha de Duque de Caxias. Apenas no dia 5 de maio, cinco dias depois da primeira data prevista para inauguração do hospital, o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, mandou ofício para pedir que seja pavimentada a área demarcada para acesso das ambulâncias e viaturas de serviço à unidade -- que ainda não saiu do papel.
Demora
Outra razão para demora na disponibilização de leitos de saúde é a espera por equipamentos. A CNN levantou que 25 hospitais do estado aguardam a chegada de materiais para que pacientes possam ser atendidos. No total, essa demora na chegada dos kits de equipamentos embargam a entrega de 973 leitos de UTI espalhados em 21 cidades do estado.
Em um documento interno enviado ao Tribunal de Contas do Estado, a Secretaria de Saúde informou, no dia 29 de abril, que até aquela data só havia recebido 40 respiradores, quando a necessidade mínima do estado é de pelo menos 800 ventiladores mecânicos, equipamento fundamental para pacientes em estado grave.
Procurada na quarta-feira (7) sobre as razões da demora na entrega dos leitos, a Secretaria de Saúde do Rio não respondeu aos questionamentos da reportagem até o momento. Também não informou um novo cronograma para inauguração dos hospitais.
Já o Ministério da Saúde informou que entregou, até o momento, quatro kits de equipamentos ao estado do Rio de Janeiro. Cada kit permite o funcionamento de 10 leitos de UTI e traz equipamentos como ventilador pulmonar e desfibrilador, fundamentais para pacientes em estado grave.
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