domingo, 31 de maio de 2020

Médica acusada por Prefeitura de trabalhar com suspeita de Covid-19 diz que é vítima de perseguição

Na nota, ela ainda lamentou que a doença esteja sendo usada 'de maneira política' e disse que não trabalhou sabendo do diagnóstico positivo para coronavírus.


Médica se defende após ser flagrada trabalhando infectada pela Covid-19 no ES

A médica que, segundo a prefeitura de Guarapari, teria ido trabalhar mesmo com suspeita de Covid-19 disse estar sofrendo “perseguição política” e que estaria tendo “a sua imagem arranhada por mentiras propositalmente divulgadas”.

A profissional se posicionou por meio da assessoria jurídica nesta quinta-feira (28).

O nome da profissional não foi divulgado pela Prefeitura e nem pelo hospital em que ela atua. A nota diz que a médica foi surpreendida “de maneira criminosa” com as “falsas notícias” sobre estar trabalhando depois de receber uma notificação da Secretaria de Saúde do município sobre a suspeita de Covid-19.

A nota da assessoria jurídica reforçou que ela realizou os testes de Covid-19 por iniciativa própria, por estar na linha de frente do combate à doença, e não por ter sintomas da doença.

Ainda segundo o documento, os resultados dos exames dela saíram positivos nos dias 19 de maio e 22 de maio, “já após estar em isolamento social e afastada da própria família”.

Diante dessa alegação, a nota declara que “em nenhum momento a profissional de saúde agiu de má fé colocando em risco pacientes e familiares”.

A Prefeitura, entretanto, alega que o caso da médica havia sido notificado como suspeito na plataforma do Sistema Único de Saúde (SUS) desde o dia em que ela colheu o exame em um hospital particular, no dia 13.

Desde então, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ela estaria sendo monitorada por telefone e deveria estar cumprindo isolamento. A ação que flagrou a profissional atuando em um hospital particular da cidade aconteceu no dia 19.

Fake news


Na nota, a assessoria da médica lamenta que a doença “seja usada pela Secretaria Municipal de Saúde de maneira política” e diz que “os responsáveis por tal calúnia serão responsabilizados”.

Além disso, afirma que ela foi surpreendida por “fake news de que estaria trabalhando ciente de estar contaminada pela Covid-19 e descumprindo ordem de isolamento social da Secretaria de Saúde de Guarapari”.

O caso


Segundo a Prefeitura, o nome da médica foi incluído no sistema de monitoramento de casos suspeitos de coronavírus por um hospital de Vitória no dia 13 de maio, porque ela fez o exame que detecta o coronavírus.

Diante do registro, segundo a Prefeitura, ela passou a receber "todos os cuidados e orientações do município" e, por ser considerada uma paciente com suspeita da doença, a médica deveria estar cumprindo isolamento.

Mas, de acordo com o hospital em que a médica foi flagrada trabalhando, ela estava assintomática e só fez o exame que a colocou como caso suspeito por "desencargo de consciência", já que atua na área da saúde e está na linha de frente no atendimento a pacientes com a suspeita de Covid-19.

Quando foi flagrada pelas equipes das vigilâncias Sanitária e Epidemiológica trabalhando no hospital, no dia 19, ela ainda não tinha o resultado do exame.

Diante da situação, a médica assinou o termo de isolamento na presença das autoridades sanitárias e interrompeu as atividades. Depois disso, ela passou por um novo exame, que confirmou a doença.

Secretário comenta o caso


"Ela vai ser investigada, já foi denunciada e terá todo direito de ampla defesa junto ao Conselho Federal de Medicina e aos órgãos que estão investigando o caos. Romper o isolamento social e submeter mais pessoas a risco é crime previsto pelo Código Penal. Todos que o fizerem, pior ainda se forem profissionais de saúde, cometem uma grave infração, desrespeito ao nosso código de ética médica e podem, inclusive, perder o registro profissional, ser preso, pagar multa", disse o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes.


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