O relojoeiro Jeová Ferreira Nunes, de 50 anos, residente na Rua Elpídio Portella, no Monte Castelo, em Patos, vinha apresentando um quadro de tosse, febre e cansaço e foi internado na quinta-feira, 07/05, no Complexo Hospitalar Regional Patoense, onde faleceu por volta das 17h50min do domingo, 10/05.
Ele é um caso suspeito para Covid-19. Os exames deverão ser divulgados em cinco dias. Veja: Relojoeiro que deu entrada no Hospital de Patos com suspeita de Covid-19 não resiste e morre aos 50 anos.
Além do sofrimento, a família disse que recebeu do Hospital de Patos, o corpo de outra pessoa e, sem saber, fez o sepultamento desse outro corpo, e não do seu ente querido. Só vieram a saber disso ontem (segunda, 11), quando a família da outra pessoa que faleceu verificou que o corpo não era de seu ente querido, mas sim de outra pessoa. O corpo teve que ser desenterrado e sepultado novamente, uma grande tristeza para ambas as famílias. “A outra pessoa falecida não foi de suspeita de Covid-19, o que complica ainda mais as coisas. O clima é de tristeza e revolta”, disse uma cunhada do relojoeiro.
Veja o depoimento de Jéssika Ferreira, filha do relojoeiro Jeová:
“O descaso com a saúde pública revolta a população naturalmente, porém, quando vivenciamos algum caso de negligência com alguém próximo a nós, o sentimento de consternação é potencializado.
No dia 07 maio de 2020 o meu pai Jeová Ferreira Nunes de 50 anos estava se queixando de falta de ar e por volta das 20 horas deu entrada no Hospital Regional de Patos-PB. A hipoxia sofrida comprometeu 50% dos pulmões resultado este verificado por tomografia. A saturação estava fragilizada entre 60 a 62% a mais de dois dias, saturação esta verificada através de oximetro, pois, o gasômetro do hospital estava quebrado e continuaram o mantendo em máscara de reservatório. Mas, até um estudante de medicina e de enfermagem sabe que o protocolo diante o Coronavirus é que uma saturação abaixo de 90%
já era indicação para intubá-lo, e porque não o fizeram? Porque deixaram passar sexta, sábado e domingo com máscara de reservatório se a indicação era intubação?
Fora isso, ele permaneceu no Hospital durante 2 dias sem o protocolo de medicação específica utilizado em hospitais para pacientes com todos os sintomas de Covid-19, o que agravou ainda mais a sua situação. E somente no sábado à noite que a família tomou conhecimento que faltava a medicação e imediatamente percorreu toda a cidade de Patos e conseguiu a medicação que o médico prescreveu: Annita, Ivermectina; Hidroxicloroquina e Salbutamol.
E no domingo quando a saturação estava a 40%, na última hora ou melhor, no último suspiro dele por socorro o hospital decidiu intubá-lo. Sabe-se que raramente o paciente morre durante um processo de intubação. Mas, meu PAI morreu! Sim, ele morreu dia 10 de Maio de 2020 durante um processo de intubação. Imperícia? Imprudência? Qual o tipo de sequência de intubacão traqueal utilizaram? Sequência rápida? Sequência atrasada que era a mais indicada no caso dele. O que causou a morte de meu pai , um homem que estava falante no domingo apesar do cansaço respiratório, um homem que estava consciente, orientado, conversando com a equipe de saúde. O que aconteceu com esse o pai de família e provedor do lar?
Essa morte realmente foi causada pelo coronavirus ou foi por imperícia e imprudência do Hospital Regional de Patos? Foi uma morte sem explicação!!!
E como se não bastasse todo esse sofrimento, hoje dia 11/05/2020 nós da família fomos informados que enterramos a pessoa errada e que ontem de madrugada teve que fazer a remoção do corpo e enterrá-lo novamente. Trocaram os corpos. O corpo de meu pai foi para uma família que estava enterrando seu ente querido por problemas de saúde diverso do Coronavirus. E essa família quando abriu o caixão verificou que não era do seu ente e sim de meu pai infectado por Covid-19.
Diante dessas situações revoltante e estarrecedoras fico me questionando:
1. Por que o hospital não seguiu o protocolo e intubou o paciente ao verificar que a saturação estava em 62%?
2. Por que a medicação estava em falta, sendo que nós da família conseguimos encontrar nas farmácias de Patos?
3. Por que a família só foi informada que ele estava sem o protocolo de medicação utilizado em hospitais para Covid-19 depois de 02 dias de interno? E diga-se de passagem, que só informaram porque uma pessoa ligada a família obteve a informação.
4. Por que não fizeram a devida identificação do corpo? O que teria evitado que a outra família que identificou o corpo tivesse contato com um corpo com suspeita de Covid, evitando assim uma exposição e provável contaminação desnecessária.
5. Será que ele foi mais uma vítima do Covid-19 ou de uma sequência de erros?
6. Será que ele estaria vivo se tivesse sido intubado no momento certo e da forma adequada?
7. Será que ele estaria vivo se tivesse tomando a medicação assim que deu entrada no hospital?
Não temos as respostas, mas, a única certeza que temos é que o Hospital Regional de Patos – PB foi negligente.
E espero que MEU REPÚDIO sirva de alerta e que não venha a fazer mais vítimas.
Porque ele não era e nem será apenas 1 número na estatística.
Ele era filho e irmão amado, um marido dedicado, um pai e avô amoroso e um trabalhador que deu a vida pela família.
Que se faça Justiça! Se não para meu pai Jeová Ferreira Nunes,mas, para outros Jeovas, Marias, Joãos,Josés que passarem pela mãos do Hospital Regional de Patos.”
O Hospital de Patos emitiu uma nota de esclarecimento sobre o caso. Veja abaixo:
O Complexo Hospitalar Regional Dep. Janduhy Carneiro de Patos (CHRDJC) esclarece que já abriu sindicância para apurar o caso de troca de corpos ocorrido em seu necrotério. Reitera ainda que segue protocolos rígidos de identificação de corpos após atestado de óbito ocorrido na unidade.
Não fugiu aos procedimentos a identificação de dois pacientes que vieram a óbito no último dia 10/05: o de uma senhora, ocorrido na área vermelha, e de um senhor, no isolamento Covid. Em ambos os casos, a equipe de Enfermagem seguiu a rotina e fez as identificações duplas, ou seja, tanto no próprio corpo, através de fitas adesivas, quanto no involucro, como determina o protocolo.
Reiteramos que a sindicância apurará os fatos até para que não pairem dúvidas sobre esse lastimável acontecimento. Também nos solidarizamos às famílias dos mortos, com a consciência que fizemos o que teve ao nosso alcance para que eles tivessem a melhor assistência em suas necessidades. Às famílias, nossa solidariedade e sentimento de pesar e à disposição para juntos descobrirmos quem gerou esse lamentável acontecimento.
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