A família da idosa Alaíde Rosa de Aquino, de 81 anos, que morreu supostamente por Covid-19, nesta terça (26), em Cáceres (a 220 km de Cuiabá), registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar, ao tomar conhecimento de que um outro idoso havia sido enterrado no lugar dela, para surpresa e revolta de seus filhos e netos.
A idosa, que morava em São José dos Quatro Marcos, estava internada no Hospital São Luiz, em Cáceres, e, depois que ela morreu, de acordo com a neta dela, Patrícia Ribeiro de Aquino, 30, o hospital encaminhou à funerária o corpo trocado.
A troca ocorreu no contexto da pandemia, que impede velório e sepultamento coletivos, para evitar contágio, sendo assim, a princípio, ninguém percebeu o erro.
Patrícia diz que estão todos muito abalados, das duas famílias, com a morte e com a troca de corpos. Ela relata que, no sábado (23), dona Alaíde passou mal, com a pneumonia que já vinha tratando em casa. A ambulância a levou para Cáceres. Na segunda (25), ela teve uma parada cardíaca e o quadro de saúde dela agravou ainda mais. Ontem, 10h30, não resistiu a uma segunda parada cardíaca e morreu. “A pressão estava caindo muito, o coraçãozinho dela não aguentou”, lamenta a neta.
A família diz não ter obtido informações prévias de que a idosa tinha sido contaminada pelo coronavírus e contesta este diagnóstico. Mesmo assim teriam colhido amostras para exame e o resultado só sai em 5 dias. Na certidão de óbito, a causa consta como síndrome respiratória aguda grave, com suspeita de Covid-19. Médicos explicaram que isso era necessário por questão de protocolo e, por isso, não teria como fazer as honras funerária tradicionais.
“Quando a funerária foi buscar o corpo (de Alaíde), para enterrar, liberaram o corpo de outro idoso e não da minha avó, mãe do meu pai, que também é cardíaco e está muito abalado com tudo isso”, detalha Patrícia.
A família do idoso enterrado no lugar de Alaíde, identificado como Adélio João de Souza, também registrou boletim de ocorrência, informando que ele sofreu infarto dia 20 e ontem, às 14h, faleceu. O filho dele, quando foi assinar papeladas de liberação do corpo, teve a surpresa. Seu pai já estava enterrado, sem velório, no lugar de dona Alaíde.
Por conta da pandemia, não foi autorizada a liberação do corpo de Alaíde para São José dos Quatro Marcos, então provavelmente o sepultamento dela será feito em Cáceres mesmo, assim que for resolvida a confusão.
Outro lado
O entrou em contato com o Hospital São Luiz, que emitiu nota "lamentando o ocorrido". Veja íntegra da nota:
"A direção do Hospital São Luiz informa que abriu sindicância para apurar o ocorrido e adotará todas as medidas cabíveis. A gestão mantém, de forma contínua, a revisão de protocolos de segurança e o caso mencionado não está de acordo com o rigor dos procedimentos do São Luiz. Os familiares dos pacientes envolvidos foram informados, imediatamente, após identificada a situação, sendo oferecido todo o suporte para a resolução dos trâmites necessários. Neste momento, o Hospital São Luiz lamenta o ocorrido e reitera seu compromisso com a população, amparado por seus princípios e a busca permanente pela qualidade, humanização e segurança nos serviços oferecidos."
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