Após a morte da criança Willian Kaio Rizzo por Covid-19, a mãe Dayane Rizzo conta que o filho apresentou os primeiros sintomas de Covid-19 depois que foi retirado do quarto por duas vezes e que considera que o teste, demorou a acontecer.
Conforme o relato, a criança começou a apresentar febre e com o passar dos dias piorou.
“Ele piorou e eu pedi para o doutor que passou de manhã fazer a visita ‘Eu quero que faça um teste de Covid-19 nele’. por mais que a gente tenha todos os cuidados, eu estava preocupada. Mas eles não fizeram, ele ficou ruim, febre de 39,9 e não baixava. Domingo a mesma coisa”.
Na segunda-feira, 4 de maio, vendo que a febre do filho não baixava, Dayane pediu novamente pelo exame.
“Eu pedi ‘pelo amor de Deus’ para que alguém fosse ver meu filho. O médico entrou dentro do quarto, olhou e falou bem assim ‘Mãe, isso é normal’, conta.
Confirmação para o novo coronavírus
Segundo o relato da mãe, foi então que uma nova equipe coletou o material para exames de Covid-19 da criança e encaminhou Willian para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Dayane estava em casa quando foi informada de que o exame da criança havia dado positivo para Covid-19 e tinha notícias do filho por telefone.
Ela acredita que a criança possa ter sido infectada pelo novo coronavírus no Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba, onde ele estava internado por outros motivos.
“Na segunda-feira, 27 de abril, ele saiu do quarto para fazer uma troca no centro cirúrgico e na quarta-feira, 29 de abril, ele fez a ressonância, que também foi fora do quarto e ele teve contato com outras pessoas. Então, em um desses dois procedimentos, ele acabou contraindo o vírus”, declara a mãe.
A mãe explica que desde o início da pandemia do novo coronavírus, todos que viviam na mesma residência passaram a fazer isolamento domiciliar.
“Eu sempre fui uma mãe muito cuidadosa com ele devido a todas as condições dele. Então, quando estourou essa situação de pandemia, a primeira coisa que eu fiz foi ‘Ninguém entra dentro da minha casa e ninguém sai’, diz Dayane.
Família testa negativo para Covid-19
Nesta quinta-feira (14), uma equipe foi até a residência de Dayane e realizou testes de Covid-19 em todos os familiares de William. Conforme ela, nenhum deles deu positivo para o novo coronavírus.
“Por isso eu ressalto, o meu filho não chegou lá com esse vírus. Se ele não se mexia, ele não tinha movimento nenhum, se ele não passava a mão na boca, no nariz, quem passou esse vírus para ele, se lá em casa ninguém está doente?”, finaliza Dayane.
Willian sofria de doença rara
Dayane conta que Willian sofreu uma forte crise convulsiva aos 3 anos e ficou em estado vegetativo. Desde então, passou a precisar de cuidados constantes. Conforme ela, a doença rara que o afligia nunca foi identificada.
Willian vivia em casa com a família e fazia o tratamento no setor de neurologia do hospital. Em abril deste ano, a criança sofreu piora no quadro e foi levada até a instituição de saúde, onde precisou ficar internado.
Segundo Dayane, ela pretende ir até o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) para fazer uma denúncia por negligência, contra o médico que atendeu seu filho.
O que diz o Pequeno Príncipe
O RIC Mais entrou em contato com o Hospital Pequeno Príncipe. A instituição se posicionou afirmando que a criança realizava tratamento há 18 meses no Serviço de Neurologia por doença neurológica evolutiva e que o motivo de sua internação foi uma série de crises convulsivas, e os sinais de doença respiratória surgiram na evolução da internação.
Segundo o hospital, isso pode caracterizar uma forma atípica da doença COVID-19, para a qual não existe ainda tratamento específico e sim cuidados de suporte das manifestações clínicas. Leia nota na íntegra:
"Em resposta ao Portal Ric Mais, sobre a suposta acusação de negligência médica por parte da mãe da criança de cinco anos que veio a óbito por complicações agravadas pela da COVID-19, o Hospital Pequeno Príncipe esclarece que:
A criança realizava tratamento há 18 meses no Serviço de Neurologia por doença neurológica evolutiva.
O motivo de sua internação foi uma série de crises convulsivas, e os sinais de doença respiratória surgiram na evolução da internação. O que pode caracterizar uma forma atípica da doença COVID-19, para a qual não existe ainda tratamento específico e sim cuidados de suporte das manifestações clínicas.
A evolução da COVID-19 foi implacável para o paciente já debilitado por demais comorbidades. Mesmo recebendo todos cuidados científicos indicados pelos protocolos existentes, houve uma grave evolução do quadro e a criança não conseguiu se recuperar.
O Hospital informa ainda orientou a mãe e seguiu o protocolo de comunicar as autoridades sanitárias sobre a confirmação do diagnóstico positivo para o COVID-19. A orientação sanitária vigente da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba é que a instituição que atende o paciente realize a notificação ao gestor público, responsável pelo acompanhamento epidemiológico. Pelo protocolo em vigor, os familiares assintomáticos não são testados. Mas são orientados a procurar o serviço de saúde e seguir recomendações de isolamento, uso de máscara e higiene das mãos.
O Pequeno Príncipe reitera sua solidariedade e respeito a família reconhecendo esse momento de muita dor.”
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