Uma família de oito pessoas, que que está confinada dentro de casa, em Cabo Frio, todos com suspeita de infecção pela Covid-19, relataram o drama que vivem há mais de uma semana. Eles não estão nas estatísticas, porque não têm condições de pagar pelos testes e, simplesmente, o município negou fazer, afirmando que as testagens são feitas apenas para pacientes em estado grave e para os profissionais de saúde. Isso na mesma semana em que o prefeito esteve na UPA do Parque Burle e fez três testes simultâneos. A saúde pública de Cabo Frio produz, assim mais um escândalo: o das subnotificações, nesse caso, de no mínimo oito pessoas.
A matriarca da família, em estado grave, está internada em um hospital particular porque é a única da família que tem plano de saúde. Aos demais, sobra apenas recorrer à UPA do Parque Burle. Na segunda-feira (04/05) mãe e filho retornaram à UPA, pois apresentaram intensa falta de ar e a mulher com queixa de fortes dores no pulmão. Segundo o filho, ela é do grupo de risco, porque já tinha problemas cardiorrespiratórios crônicos, é hipertensa e diabética. “Na UPA não fizeram nada além de um hemograma simples e um raio-X do tórax. Nos mandaram embora para casa”, disse.
No dia seguinte, os dois acordaram de novo com falta de ar “insuportável” e de novo foram para a UPA. “O médico solicitou mais um hemograma e, pasmem, como medicação nos deu dipirona junto com o soro. Nos mandaram embora para casa. E entre o vai e vem da falta de ar, o que mais nos agoniza é a incerteza, pois minha avó tem plano de saúde mas nós não. Todos aqui em casa dependem da Saúde Pública, e estamos completamente abandonados”, reclamou. “Não temos certeza se estamos contaminados pelo vírus, e se estivermos, não sabemos se a doença está tendo alguma evolução que pode complicar nosso estado de saúde, haja vista que estamos à deriva e à mercê da nossa própria sorte”, completou.
Além dessa incerteza, os dois também notaram a desorganização e desestrutura da UPA do Parque Burle. Na noite da segunda-feira eles presenciaram aglomerações, ninguém organizando as filas, e muita demora. Eles ouviram que havia falta de insumos e medicamentos. “Além da negligência em relação ao nosso caso, presenciamos uma desorganização imensa na triagem dos pacientes, pacientes que chegaram depois sendo atendidos primeiro que pessoas que já estavam esperando há horas (por ter conhecimento lá dentro); funcionários usando máscaras de maneira incorreta, ou até sem máscaras, como um segurança – até cheguei a falar com ele, e ele disse que todos vão pegar mesmo e que ele não se preocupava. Após eu questionar a ele que mesmo ele não se preocupando estava colocando em risco a vida de outras pessoas, ele colocou a máscara. Em todos esses dias que fomos à UPA, não vimos mais do que dois médicos atendendo, na maioria das vezes havia apenas um” contou.
Até o fechamento dessa matéria a Prefeitura de Cabo Frio não havia se pronunciado sobre as denúncias. Continuamos aguardando pelo plantaodoslagos@gmail.com.
Nenhum comentário:
Postar um comentário