terça-feira, 25 de agosto de 2020

Bebê internada sofreu queimaduras em 37% do corpo; diretora do hospital é esperada para depor

 

Quadro de Juliana é estável, mas mãe afirma que a filha passa o dia dormindo. Delegado acredita que banho quente tenha causado os ferimentos na vítima.


Perícia indica que bebê foi queimada com água quente, em hospital de Niterói

A pequena Juliana sofreu queimaduras de segundo grau em 37% do corpo. O Bom Dia Rio teve acesso ao prontuário da menina, cujo incidente, na última terça-feira (18), é investigado pela polícia.

A diretora do Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, e uma enfermeira são esperadas nesta sexta-feira (21) para depor na 78ª DP (Fonseca).

Ao Bom Dia Rio, a mãe da bebê, Luara, contou que a filha passa quase todo o dia dormindo, por causa dos medicamentos.

Segundo o hospital, o quadro de Juliana é estável.

Juliana Duarte Anastácio sofreu queimaduras no Getulinho, em Niterói — Foto: Reprodução
Juliana Duarte Anastácio sofreu queimaduras no Getulinho, em Niterói


Objetos periciados


O delegado Luiz Jorge acredita, segundo a perícia e as informações que recebeu, que um banho quente foi o que causou as queimaduras.

"Nós fizemos diligência, e o perito descartou outra possibilidade. Pela dinâmica, que a criança foi imersa numa bacia e jogada água nela, concluímos que realmente foi água quente”

O depoimento da técnica de enfermagem, segundo o delegado, revela o momento em que ela percebeu que havia algo errado.

“A enfermeira afirmou que deu um banho normal na criança. Ela afirmou que quando ela tirou a criança do balde para secar, a pele começou a soltar”, afirmou o delegado.

Os depoimentos do médico responsável pelo bebê, do cirurgião que cuidou das queimaduras e da enfermeira estavam previstos para esta sexta-feira (21), mas foram adiados para segunda (24). Foram ouvidas na quinta-feira (20) a diretora do hospital e a técnica de enfermagem que deu o banho no bebê.

A Polícia Civil passou quase duas horas fazendo uma perícia no CTI do Getulinho e apreendeu um balde, uma bacia e a luva que teria sido usada para carregar os itens na hora do banho da Juliana.

Luiz Jorge explicou que o boiler, um reservatório térmico de água, demora a esquentar e que a profissional responsável não notou a temperatura.

“Demora de 5 a 10 minutos para a água esquentar nesse boiler. Ela então deixou a água esquentando e foi fazer outras coisas. Depois foi direto dar o banho, esqueceu que tinha que misturar a água”, explicou.

A família diz achar estranho o motivo ser um banho quente. A mãe, Luara, disse que, por conta dos problemas de saúde, Juliana só toma banho no leito e que, durante toda a internação no CTI, ela nunca viu a filha tomar banho em um balde.

Luara pondera que, se tivesse sido colocada dentro de uma bacia com água quente, a bebê teria tido ainda mais queimaduras, não só na parte da frente do corpo.

A família disse que confia no trabalho da polícia e que está esperando uma resposta oficial.

A pequena Juliana estava internada no Getulinho desde a sexta-feira da semana passada (14) porque já tinha complicações de saúde — a bebê tem meningite e microcefalia.

Na terça (18), a mãe foi em casa tomar banho e voltou correndo quando recebeu a notícia de que algo havia acontecido.

O crime foi registrado como lesão corporal grave e pode também se estender para condescendência criminosa (pelo fato de o chefe do funcionário não o ter responsabilizado pelo ato) ou prevaricação por parte da administração, que deveria ter informado de imediato o ocorrido à polícia e aos familiares.

O que diz o hospital


Em nota, a direção do Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho disse “lamentar profundamente o ocorrido” e que está prestando toda a assistência necessária para a paciente e para família, além de contribuir com as investigações da polícia.

“Foi aberta uma sindicância para apurar o fato, e a direção tomará as medidas cabíveis. A direção já identificou os profissionais que atenderam a criança e está ouvindo todos os envolvidos no caso no âmbito da sindicância”, detalhou.



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