segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Hospital de SP comete erro e comunica morte de paciente viva para família

 

Mulher de 82 anos está internada no Hospital do Mandaqui, na Zona Norte. Filhos ainda dizem estar há nove dias sem saber motivo da internação da mãe. Família procurou a polícia, mas delegado do 20º DP se recusou a registrar a ocorrência.


Família é comunicada da morte de idosa no Hospital do Mandaqui que está viva

O Hospital do Mandaqui, do governo do estado de São Paulo, cometeu um erro na madrugada desta quarta-feira (5) e comunicou a morte de uma senhora viva para a família. O filho foi até o centro médico para liberar o corpo da mãe e a encontrou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Por volta das 4h30, o advogado Eder Canavan recebeu a notícia mais triste de sua vida pelo Hospital do Mandaqui, na Zona Norte da capital. De acordo com o centro médico, a mãe dele, dona Lúcia, tinha morrido aos 82 anos. No entanto, ao chegar na UTI, vestido de luto, ele a encontrou internada.

"A família abriu a porta, se dirigiu à mesa do médico, olhou à direita, e a nossa mãe estava ali. Minha mãe, ali! Eu falei, 'minha mãe está viva ali!'", contou Canavan.

Além do sofrimento que a família tem enfrentado desde o dia 27 de julho, quando a senhora foi internada com suspeita de AVC, a manhã desta quarta-feira (5) ainda foi dedicada aos trâmites para o enterro.

"Há nove dias, os médicos sequer explicam o que ela tem, se é AVC. Chegaram a dizer que poderia ser coluna! Nesse tempo mandei ofício para o hospital pedindo relatório, ofício para secretaria do estado de São Paulo para interceder, pedi para a OAB, para o SUS, para que intercedessem de modo que soubéssemos o que ela tem! Estamos indignados", disse Eder Canavan.

A família de dona Lúcia contou que foi procurada pela direção do hospital, que reconheceu o erro desta madrugada, mas ainda assim decidiu ir até a delegacia do bairro registrar um boletim de ocorrência. Não conseguiram: para o delegado do 20º Distrito Policial da Água Fria, a confusão não configura crime.

"Como que um delegado não faz um BO? Não vê o sofrimento em que estamos há nove dias? Ele se negou!", disse Edneia Canavan, filha de dona Lúcia.

O que diz o governo


Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde pede desculpas à família e esclarece que dona Lúcia recebe todos os cuidados após ter um AVC e uma infecção urinária.

A pasta informou que suspendeu a enfermeira responsável pela informação errada e que a diretoria abriu sindicância para apurar os fatos. A funcionária segue afastada até a conclusão do processo.

A reportagem também pediu uma explicação à Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre o delegado que não quis registrar o caso, mas não obteve retorno até as 12h30 desta quarta.


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