sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Família denuncia negligência médica em Rio das Ostras

 


“Eles mataram o meu marido, pai do meu filho de 1 ano e 10 meses. Mataram um pai de família, mataram sonhos”. É assim que Fabiana Moreira finaliza uma denúncia de negligência que envolve a Prefeitura de Rio das Ostras. O caso, na narração de Fabiana, começa com Erickson Moreira, 32 anos, percebendo que poderia estar infectado pelo coronavírus e buscando atendimento no Pronto Socorro da cidade do dia 3 de julho. Logo depois ele fez uma tomografia que constatou que a doença tinha comprometimento 30% dos pulmões.

De acordo a esposa, em uma narração à Rádio Energia, os médicos receitaram medicamentos para a COVID-19 e indicaram que o mesmo deveria voltar à unidade durante dois dias para tomar remédios via intravenosa.

Fabiana afirma que seguiram o recomendado e que o marido se sentia pior cada dia que passava. “Informávamos isso para eles, porém comentavam que era normal e mandavam voltar para casa”. Até que no dia 9 de julho, Erickson piorou e, assim, sentindo muita falta de ar, a esposa, com a ajuda de um amigo da família o levou novamente a unidade de saúde, onde permaneceu internado até o dia 11 de julho.

“No dia 9, por volta das 19h, tentei ligar para o regaste para que uma ambulância viesse socorrer meu marido, mas ninguém apareceu até 20h, quando um amigo chegou e me ajudou a levar ele. Esse amigo inclusive se contaminou com o vírus. Esse foi mais um ato de negligência”, explicou Fabiana Moreira.

A esposa relata ainda que durante todo o tempo em que Erickson esteve internado não pode receber visitas. Ela só recebia uma ligação rápida diariamente para informar o estado de saúde do marido que, segundo informações médicas, estava estável, apesar de permanecer na UTI.

No dia 11 de julho, nove dias após o início do tratamento para a COVID-19, médicos da unidade de saúde informaram à Fabiana por telefone que Erickson seria transferido para o Hospital Ary Parreiras, em Niterói, “mas que estava bem, que seria acompanhado por um médico e enfermeiros” e que a “ambulância era equipada”, segundo um dos áudios gravados de conversas mostrados por Fabiana.

De acordo com Kíssyla Andrade, advogada de Fabiana Andrade não foi explicado para a família porque Erickson teria sido transferido.

“Não informaram se o caso dele estava grave demais para a estrutura da cidade, se o hospital de Niterói era melhor equipado, não disseram o motivo da transferência”, comentou a advogada.

Em novo áudio, dessa vez com um médico não identificado do hospital Ary Parreiras, em Niterói, Fabiana é informada que o Erickson tinha chegado “no local com um nível de oxigênio em 40%”, valor considerado muito baixo, e “que por isso teria que ser entubado”.

O médico pergunta ainda, em áudio, “se ela teria sido informada do problema que houve no transporte” e que o marido de Fabiana teria chegado ao hospital “com a bala de oxigênio terminada”, ou seja, que o cilindro de oxigênio do paciente estava vazio. E que “houveram várias tentativas hospitalares para o caso não progredir para intubação, mas não houve sucesso. ” Erick foi sedado e estaria respirando por aparelhos.

O médico disse ainda que a base dos pulmões estaria bem comprometida pelo coronavírus e que a intubação “foi necessária pelo estado de sofrimento respiratório ele chegou no local”. Durante o áudio, Fabiana intervém e comenta que achava uma “falta de responsabilidade dos médicos riostrenses” que falaram que a ambulância era apropriada para o transporte. Nesse momento, o médico concorda com a afirmação de Fabiana.

A morte de Erickson Moreira foi declarada no dia 15 de julho, menos de 15 dias depois do primeiro diagnóstico.

PROCEDIMENTOS JUDICIAIS

Prensa conversou com a advogada da família, Kyssila Andrade, que comentou que em primeiro lugar, a família está interessada em conter os casos de negligência no município, em memória de Erickson.

“O município tem utilizado a COVID-19 como testa de ferro para muitas outras falhas na área da saúde. E por isso, queremos divulgar para que outras situações como essa não se repitam”, comentou a médica.

Apesar disso, a advogada, que é originária de Minas Gerais, onde costuma atuar juridicamente, comenta ainda não tomaram as medidas jurídicas cabíveis e estão “estudando o melhor aparelho jurídico para esse caso”.

“Vamos ver se entraremos com uma representação no Ministério Público ou uma ação contra o município. Mas nosso objetivo principal é divulgar o caso cessar os casos de negligência”, finalizou a advogada da família Kyssila Andrade.

O MUNICÍPIO

A Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Rio da Ostras foi procurada pela Prensa para se posicione em relação a questão, mas até o fechamento dessa reportagem não emitiu nenhuma nota. Caso a mesma responda aos questionamentos do veículo a matéria será atualizada.

Prensa de Babel


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