segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Jovem revela ter sofrido aborto em casa após ter sangramento e buscar atendimento em hospital na Bahia; família denuncia negligência

 

Caso aconteceu no domingo (23), na cidade de Itabuna. Jovem sofreu aborto em casa, após procurar duas unidades médicas por causa de sangramento.


Mulher denuncia aborto em casa após negligência de hospital em atendimento

Uma jovem de 19 anos revelou que sofreu um aborto em casa, na cidade de Itabuna, no sul da Bahia, após procurar atendimento na Maternidade Ester Gomes e no Hospital Manoel Novaes. A família de Rayssa Vilanova acusa o hospital de negligência médica. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Segundo informações dos familiares, Rayssa Vilanova começou apresentar um sangramento, por volta das 8h, de domingo (23). A jovem foi levada pelo namorado, para a Maternidade Ester Gomes, onde os dois buscaram atendimento e foram orientados a procurarem o Hospital Manoel Novaes, porque ela precisaria fazer uma ultrassonografia.

De acordo com a família da jovem, o casal foi até o Hospital Manoel Novaes. Ao chegar no local, segundo o namorado de Rayssa Vilanova, a recepcionista da unidade médica disse que o atendimento só seria feito após o pagamento de R$ 650.

O jovem contou que insistiu para que o atendimento fosse feito, já que o casal não tinha o dinheiro cobrado. Após ter o pedido negado e Rayssa Vilanova continuar sangrando, o namorado decidiu denunciar o caso na Delegacia de Direitos Humanos.

Após a intervenção da polícia, Rayssa Vilanova foi atendida por uma médica. Os familiares afirmam que a profissional disse que não havia problemas com a saúde da jovem, que continuava sangrando, e do bebê.

Por causa das dores, que a jovem sentia, o casal voltou para a Maternidade Ester Gomes, que fez o exame de toque, disse que estava tudo bem e pediu para que eles retornassem para casa e que Rayssa Vilanova fizesse repouso.

"Quando a minha filha chegou em casa, ela, depois de tanto sofrimento, tanta angústia, porque na realidade ela foi tratada muito mal por doutora Arlene, chegou ainda sangrando, muito triste", conta Elenita Andrade, mãe de Rayssa.

"Quando ela entrou no banheiro e foi tomar banho, o bebê começou a sair. Para não desesperar ela, eu dizia que era os coágulos e mandei ela sentar no vaso. E ela gritava dizendo que não e mostrava as perninhas do bebê", disse.

Hospital Manoel Novaes - Santa Casa de Misericórdia de Itabuna 

Elenita Andrade afirma que tentou acalmar a filha, mas não conseguiu evitar o aborto. "Ela gritava, chorava, muita dor, eu comecei a puxar as perninhas. Eu pedia para ela colocar força, para ela ter mais coragem. Ela ficou muito tempo com falta de ar e passando mal e o bebê enganchado".

"Ela mesmo puxou e quando o feto saiu, ela saiu sangrando tudo. Eu peguei pano, toalha, lençol, inclusive arrumei a cama para ela deitar na hora. Peguei todos os lençóis, coloquei no carro e trouxe para o hospital", contou.

A mãe de Rayssa, Elenita Andrade, conta que até no momento em que a jovem procurou o Hospital Manoel Novaes após o aborto, houve demora no atendimento médico.

"Quando chegou no hospital, eles deixaram ela esperando por duas horas deitada. A doutora Marlene só foi atender ela duas horas depois, inclusive a pediatra desceu para atender a minha filha. A doutora desceu e passou o plantão para outro, ela não quis nem fazer a curetagem da minha filha", lembrou.

"Ela conta que foi muito maltratada, que ela colocou a mão, porque ela não queria atender. Só atendeu depois que os Direitos Humanos chegou. Ela disse que ela colocou a mão com muita força [na barriga], que doeu muito. Na maternidade, ela não foi atendida assim, mas aqui no hospital maltrataram ela".

A jovem teve alta médica na manhã desta segunda-feira (24).

A Maternidade Ester Gomes confirmou que Rayssa foi atendida duas vezes e que foi orientada a voltar para casa, ficar de repouso e se a situação piorasse, que voltasse.

A família da jovem registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento a Mulher e pretende processar o hospital por negligência médica.

Em nota, a Santa Casa de Itabuna, que administra o Hospital Manoel Novaes, informou que a paciente Rayssa Vilanova compareceu à unidade de saúde alegando que tinha sido orientada pela Maternidade Ester Gomes a realizar uma ultrassonografia obstétrica.

Segundo a Santa Casa, a jovem paciente foi informada que o hospital não oferece ultrassonografia de urgência, que é dado um prazo de dois dias para a realização desse tipo de exame.

A Santa Casa esclareceu que, embora não tenha sido regulada e não se enquadrasse no perfil de alta complexidade, a paciente recebeu os cuidados médicos necessários no Hospital Manoel Novaes. A profissional que fez o atendimento recomendou repouso e que a paciente fizesse a ultrassonografia.

Segundo a Santa Casa, a médica orientou ainda que, caso apresentasse piora no quadro de saúde, a paciente retornasse para a Maternidade Ester Gomes. Mas, de acordo com a Santa Casa, horas depois de ter recebido as orientações, a jovem retornou ao Hospital Manoel Novaes, com cinco acompanhantes e um feto numa sacola, exigindo internação na unidade médica.

A Santa Casa também afirmou que, a todo o momento, um cidadão de prenome Diego, que se apresentou como delegado de Direitos Humanos, e os demais acompanhantes, coagiram a equipe do hospital, que tentou explicar que a paciente não corria risco de vida e que eles estavam buscando o atendimento no local errado.

"Apesar de o caso ser de baixo risco e, por isso, não se enquadrar no tipo de atendimento do HMN [Hospital Manoel Novaes], Rayssa Vilanova, que estava com 12ª semana de gestação, foi internada na unidade. Ela passa muito bem de saúde, tendo inclusive se alimentado", disse a Santa Casa, em nota.

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