sábado, 29 de agosto de 2020

Polícia leva intimações a 4 pessoas para falarem sobre denúncia de importunação e assédio de médico

 

Delegada diz que antigos colegas do profissional devem prestar depoimento, na Deam, em Campo Grande. Já o médico será o último a ser ouvido.



A Polícia Civil está levando nesta segunda-feira (24), em Campo Grande, 4 intimações para pessoas que atuam em unidades de saúde e que possam falar sobre a conduta de um médico de 67 anos, investigado por importunação e assédio sexual.

Ao todo, três inquéritos tramitam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) contra o profissional, sendo um deles instaurado em janeiro deste ano e o mais recente na semana anterior.

"Nós temos estes três inquéritos em andamento aqui na Deam. Um dos boletins de ocorrência, de perturbação da tranquilidade, foi alterado para assédio sexual. Agora estamos fazendo buscas e temos estas testemunhas a serem ouvidas, que devem falar sobre a conduta sexual inadequada dele. São homens e mulher que atuavam com o médico em unidades de saúde. O médico será o último a ser ouvido", afirmou ao G1 a delegada adjunta da Deam, Anne Karine Trevisan.

Denúncia mais recente


jovem de 28 anos registrou o boletim de ocorrência na última terça-feira (18). Ela alega que o crime ocorreu horas antes, durante uma consulta, em uma instituição que oferece atendimento de saúde especializado, no Jardim Monumento.

Segundo o registro, a mulher chegou recentemente ao estado e marcou a consulta por ter um distúrbio sexual. Ao relatar os problemas ao profissional, ele teria dito: "Isso é uma limitação da sua mente, você é muito gostosa", entre outras palavras, sugerindo que ela tivesse mais relações sexuais e ainda teria beijado a mão dela.

Conforme a jovem, o médico pegou na mão dela sem o consentimento e também falou que ela "precisava se desconstruir". Em seguida, ele teria contado a história de um amiga, sendo invasivo, o que a fez chorar no consultório, ainda de acordo com o relato da vítima. Logo em seguida, a vítima disse que pediu para que ele esclarecesse as dúvidas delas, já que estava com problemas de saúde.

Na sequência, o profissional teria pedido a ela para aguardar o final do expediente, momento em que ela se negou e disse que não poderia, já que estava "de carona". O médico repassou o celular dele e disse para ela mandar mensagens pelo WhatsApp, o qual ele responderia. A mulher então saiu da sala e relatou que foi interceptada pelo médico, momento em que ele, mais uma vez sem o consentimento dela, teria a abraçado e a beijado no rosto.

No decorrer do dia, a mulher disse que seus problemas persistiram e ela então enviou mensagem ao médico, momento em que ele teria pedido a ela para retornar ao consultório, sem custos, sendo que depois ele poderia "tomar um café e ela teria depois uma carona maravilhosa".

A mulher retornou ao local, porém, recebeu atendimento de uma médica e esta teria a atendido adequadamente. Após sair da unidade de saúde, ela se dirigiu até o 4° Distrito Policial e registrou o boletim de ocorrência por importunação sexual.

O delegado João Reis Belo, titular da unidade policial, instaurou o procedimento e disse que médico será notificado, em breve, para prestar depoimento. "Ele será intimado nos próximos dias. A mulher esteve aqui, prestou depoimento e descreveu os fatos com riqueza de detalhes, além de apresentar as mensagens. Este é um crime que não deixa vestígios, não tem testemunha, então, vamos apurar", afirmou na ocasião.

A reportagem também entrou em contato com a instituição onde teria ocorrido o assédio. A entidade disse que não vai pronunciar sobre o caso.

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) disse que ficou sabendo da denúncia contra o médico pela imprensa e que não existe nada formalizado sobre esse caso, ou mesmo outras denúncias, contra o profissional. Em razão disso, a entidade diz que vai aguardar o andamento da investigação policial.



Nenhum comentário:

Postar um comentário