domingo, 16 de agosto de 2020

Jovem com sintomas de Covid-19 acusa médico de assédio em SP

 

Ao G1, recepcionista de 29 anos relatou que, durante consulta em São Vicente, no litoral paulista, médico falou que ela precisava desestressar e de ter coragem e vontade. Prefeitura informou que apura denúncia e que médico foi afastado de suas funções.


Recepcionista denunciou caso de importunação sexual durante consulta médica em São Vicente, SP

Uma recepcionista de 29 anos denunciou um caso de importunação sexual sofrida durante uma consulta médica em São Vicente, no litoral de São Paulo, após ela apresentar sintomas do novo coronavírus. De acordo com a prefeitura, o médico suspeito foi afastado após as denúncias.

Ao G1, nesta terça-feira (11), a paciente Vivian Herculano Salvatore contou que, após sentir sintomas relacionados à Covid-19, procurou atendimento médico no Centro de Combate ao Coronavírus, equipamento da Prefeitura de São Vicente exclusivo ao atendimento de pessoas com sintomas da Covid-19. No local, foi atendida por um médico que passou a perguntar sobre os passatempos dela.

Segundo a recepcionista, o profissional afirmou que ela não sofria de Covid-19, mas sim que ela estava sob estresse. "Ele começou a falar que eu precisava relaxar e perguntou o que eu fazia para desestressar. Achei aquilo estranho, mas continuei respondendo", relata.

"Falei que deixei de fazer o que gostava por causa da pandemia, como ir à praia, e ele falou que eu precisava desestressar. Me mandou fazer um raio-X, fiz o exame e, quando voltei, a porta já estava entreaberta, quase encostada. E ele falou que eu não tinha nada, só estresse", afirma Vivian.

A vítima conta que, nesse momento, ouviu do especialista que, "para desestressar, precisava de três coisas: oportunidade, vontade e coragem". Foi quando ela relata ter percebido a intenção do médico. "Ele começou a falar em um tom de voz mais baixo."

Crime aconteceu durante consulta no Centro de Controle de Coronavírus em São Vicente, SP

"Ele me disse 'uma dessas três coisas te falta. A oportunidade você tem agora. O que te falta: coragem ou vontade?'. Nessa hora, ele levantou da mesa dele e parou na minha frente, perguntando se eu não tinha coragem, e que era só fechar a porta. Ele também perguntou se eu não tinha vontade de calor humano, um abraço, que me desestressava", desabafa.

Segundo Vivian, assim que o médico se aproximou, ela se levantou e saiu do consultório, mas ainda conseguiu ouvir o médico afirmando que ela 'precisava desestressar'. A recepcionista chegou a pensar em ir embora, mas voltou para dentro do hospital e denunciou o caso à direção da unidade.

Após a denúncia à administração, a vítima foi orientada pela equipe do centro médico a registrar a ocorrência junto à Polícia Civil. O caso é investigado como crime de importunação sexual na Delegacia de Defesa da Mulher de São Vicente.

"É uma sensação de medo. A gente não tem forças para reagir àquilo. Não quero que outras pessoas passem por situação igual ou pior à que eu passei, e eu acho que ele vai continuar fazendo se não for parado. Nunca esperei passar por isso em um hospital, com uma pessoa que está ali para cuidar da gente", finaliza.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que a denúncia está sendo apurada pelos órgãos competentes e que o médico foi imediatamente afastado de suas funções.

G1 questionou o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo sobre o caso, no entanto, não obteve resposta até a última atualização desta matéria. A reportagem também tentou contato com o médico suspeito do crime via telefone, mas não obteve retorno.

Importunação sexual


A lei caracteriza como crime de importunação sexual a realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem seu consentimento, como toques inapropriados ou beijos "roubados", por exemplo. A importunação sexual difere do assédio sexual, que se baseia em uma relação de hierarquia e subordinação entre a vítima e o agressor. Quem pratica casos enquadrados como importunação sexual poderá pegar de 1 a 5 anos de prisão.

Caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher de São Vicente, SP

G1



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