Caso aconteceu no domingo (23), na cidade de Itabuna. Jovem sofreu aborto em casa, após procurar duas unidades médicas por causa de sangramento.
Família de grávida com Covid-19 denuncia negligência em atendimento e aborto em casa |
A jovem de 19 anos que revelou que sofreu um aborto em casa, na cidade de Itabuna, no sul da Bahia, foi diagnosticada co Covid-19, cinco dias antes de procurar atendimento na Maternidade Ester Gomes e no Hospital Manoel Novaes. A família de Rayssa Vilanova acusa o hospital de negligência médica. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Segundo informações dos familiares, a jovem começou a apresentar um sangramento, por volta das 8h, de domingo (23), e foi levada pelo marido para a Maternidade Ester Gomes, onde os dois buscaram atendimento e foram orientados a procurar o Hospital Manoel Novaes, porque ela precisava fazer uma ultrassonografia.
Rayssa estava grávida de 12 semanas |
De acordo com a família da jovem, o casal foi até o Hospital Manoel Novaes. Ao chegar no local, segundo o namorado de Rayssa Vilanova, a recepcionista da unidade médica disse que o atendimento só seria feito após o pagamento de R$ 650.
“Eu, de imediato, fui para o Hospital Novaes e chegando lá, eles negaram atendimento falando que só atendia plano de saúde ou se a gente pagasse R$ 650. A gente ficou desesperado no momento, porque a gente não tinha o dinheiro”, contou Kadu Vilanova.
O jovem contou que insistiu para que o atendimento fosse feito, já que o casal não tinha o dinheiro cobrado. Após ter o pedido negado e Rayssa Vilanova continuar sangrando, o namorado decidiu denunciar o caso na Delegacia de Direitos Humanos.
“A recepcionista falou para mim que o valor de R$ 650 foi cobrado porque aqui era um hospital particular e eu falei que existia a cota do SUS. Eles teriam que atender, uma vez que ela estava em sangramento e possivelmente, seria uma tentativa de um suposto aborto”, disse o delegado defensor dos direitos humanos, Diego Oliveira.
“Em instante, eles fizeram o atendimento, levaram ela para dentro, a enfermeira fez o toque, falou que o colo dela estava fechado, mas que iria passar para a médica. A doutora disse que ela não tinha que ficar aqui, ela tinha que se virar para fazer a ultrassom, porque aqui não tinha aparelho de ultrassom”, contou o delegado.
Após a intervenção da polícia, Rayssa Vilanova foi atendida por uma médica. Os familiares afirmam que a profissional disse que não havia problemas com a saúde da jovem, que continuava sangrando, e nem com o bebê.
Por causa das dores que a jovem sentia, o casal voltou para a Maternidade Ester Gomes, que fez o exame de toque. No local, Rayssa foi informada que estava tudo bem e foi orientada a voltar para casa e repousar.
“Ela estava com muitas dores, ela foi até o banheiro e quando chegou lá, ela começou a gritar: ‘Mainha, mainha, o neném está nascendo’ e eu dizia que não era para ela não ficar preocupada”, disse.
Hospital Manoel Novaes - Santa Casa de Misericórdia de Itabuna |
Elenita Andrade afirma que tentou acalmar a filha, mas não conseguiu evitar o aborto.
“Ela dizia que estava vendo as pernas, mas eu falava que era coágulos, para acalmar e a gente ficou naquele impasse. Eu mandava fazer força, mas o bebê não saía. Ele tinha enganchado, eu no desespero e ela chorando, com falta de ar e passando mal”
A mãe de Rayssa, Elenita Andrade, conta que até no momento em que a jovem procurou o Hospital Manoel Novaes após o aborto, houve demora no atendimento médico.
“Ficou lá duas horas deitada e depois, 20h, que ela conseguiu fazer a curetagem”, disse Elenita Andrade.
A jovem teve alta médica na manhã desta segunda-feira (24).
A Maternidade Ester Gomes confirmou que Rayssa foi atendida duas vezes e que foi orientada a voltar para casa, ficar de repouso e se a situação piorasse, que voltasse.
A família da jovem registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento a Mulher e pretende processar o hospital por negligência médica.
Em nota, a Santa Casa de Itabuna, que administra o Hospital Manoel Novaes, informou que a paciente Rayssa Vilanova compareceu à unidade de saúde alegando que tinha sido orientada pela Maternidade Ester Gomes a realizar uma ultrassonografia obstétrica.
Segundo a Santa Casa, a jovem paciente foi informada que o hospital não oferece ultrassonografia de urgência, que é dado um prazo de dois dias para a realização desse tipo de exame.
A Santa Casa esclareceu que, embora não tenha sido regulada e não se enquadrasse no perfil de alta complexidade, a paciente recebeu os cuidados médicos necessários no Hospital Manoel Novaes. A profissional que fez o atendimento recomendou repouso e que a paciente fizesse a ultrassonografia.
Segundo a Santa Casa, a médica orientou ainda que, caso apresentasse piora no quadro de saúde, a paciente retornasse para a Maternidade Ester Gomes. Mas, de acordo com a Santa Casa, horas depois de ter recebido as orientações, a jovem retornou ao Hospital Manoel Novaes, com cinco acompanhantes e um feto numa sacola, exigindo internação na unidade médica.
A Santa Casa também afirmou que, a todo o momento, um cidadão de prenome Diego, que se apresentou como delegado de Direitos Humanos, e os demais acompanhantes, coagiram a equipe do hospital, que tentou explicar que a paciente não corria risco de vida e que eles estavam buscando o atendimento no local errado.
"Apesar de o caso ser de baixo risco e, por isso, não se enquadrar no tipo de atendimento do HMN [Hospital Manoel Novaes], Rayssa Vilanova, que estava com 12ª semana de gestação, foi internada na unidade. Ela passa muito bem de saúde, tendo inclusive se alimentado", disse a Santa Casa, em nota.
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