quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Grávida com Covid-19 denuncia negligência em maternidade de Manaus

A mulher passou cerca de cinco horas na maternidade, com fortes crises respiratórias, mas não conseguiu atendimento


A maternidade fica localizada na avenida Cosme Ferreira
A maternidade fica localizada na avenida Cosme Ferreira


Manaus - Grávida de dois meses e diagnosticada com Covid-19, a assistente social Naiara Holanda Lima da Costa procurou a Maternidade Ana Braga, localizada na Zona Leste, na tarde de sexta-feira (14), com uma forte crise respiratória e, após cinco horas esperando atendimento, segunda ela, não foi socorrida.

Ela relatou ao EM TEMPO que chegou por volta das 16h ao local, acompanhada do marido. Eles foram encaminhados até a sala rosa da unidade, destinada a atendimentos emergenciais, para aguardar o suporte médico.

Ao chegar lá, Naiara conta que havia duas pessoas na sala e nenhum profissional presente, e estranhou ter sido colocada em uma sala com mais pessoas, pois havia sido diagnosticada com a Covid-19.

"Vale lembrar que nessa sala rosa não tinha nenhum profissional da saúde prestando qualquer atendimento. Passado cerca de 40 minutos apareceu uma técnica de enfermagem super grossa comigo, dizendo que eu não devia estar na sala com mais duas pessoas esperando atendimento porque eu estava transmitindo vírus. Eu disse que não era minha culpa, uma vez que mandaram ficar lá. Praticamente fui expulsa por essa técnica da tal sala rosa, e fiquei no corredor da maternidade Ana Braga junto com outras pessoas, com forte crise respiratória", desabafou.

Pouco mais de uma hora depois de ter chegado ao local, ainda sofrendo com falta de ar, a mulher conta que foi até à recepção para tentar buscar ajuda, porém mais uma vez a encaminharam para a mesma sala. Enquanto isso, o marido foi até á Ouvidoria para registrar uma reclamação. Já por volta das 18h30, um médico apareceu, acompanhado de outra profissional, mas continuaram sem prestar socorro ao problema, conforme a assistente social.

"Ele só mandou eu deitar e 'abrir as pernas' para dar o toque e ver se tinha princípio de aborto. Eu disse: 'meu problema é crise respiratória fui diagnosticada com Covid 19, preciso de oxigênio, não to podendo tomar remédios por causa da gravidez', o que foi completamente ignorado, e disseram que às 20h iam mandar coletar sangue, urina, fazer ultrassom para ver como estava o bebê e raio-x para ver como estava meu pulmão. Deu 20h e ninguém apareceu para coletar sangue, somente a urina, nem ultrassom e nem raio-x, e muito menos mediram a saturação, simplesmente deram as costas e me deixaram na sala rosa, sozinha de novo", relatou a mulher.

Ela conta, ainda, que depois disso, ao questionar sobre a realização dos outros exames, ouviu de atendentes que ela deveria esperar pois estava bem. O descaso foi registrado mais uma vez por ela e o marido na Ouvidoria da Maternidade.

Após toda a falta de intervenção médica ou de um tipo de tratamento para solucionar o problema, Naiara voltou para casa, por volta das 21h, ainda sentindo fortes dores pela dificuldade em respirar. 

Maternidade

Em nota, a direção da maternidade Ana Braga informou que a paciente não ficou sem assistência enquanto esteve na unidade. Ela recebeu atendimento médico e estava sob acompanhamento da equipe de enfermagem.

"O obstetra que faz avaliação na sala rosa demorou porque estava atendendo outra paciente mais grave. Por conta dos sintomas gripais relatados, o médico solicitou exames de Raio X de Torax e de laboratório e não viu necessidade de suporte ventilatório. A paciente evadiu-se antes de realizar os exames. Conforme a direção, a demora na realização dos exames foi devido a falta, sem aviso prévio, do técnico de Raio X do plantão e por conta da alta demanda no laboratório", afirmou a direção da maternidade.


D Em Tempo

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