Profissionais revelaram ao Mais Goiás que há oito médicos contaminados. Prefeitura contesta e diz há só dois casos suspeitos
Fachada do Hospital de Itaberaí |
Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem do Hospital Municipal Gilberto da Silva Caldas, em Itaberaí, afirmam que a secretaria de saúde da cidade trata com negligência o dever de proteger a equipe da unidade contra o risco de contaminação por coronavírus. Segundo eles, casos de covid-19 entre funcionários do hospital atingiram patamar alarmante. Um dos médicos disse ao Mais Goiás que ele e mais sete colegas enfrentam a doença no momento. Administração da cidade e trabalhadores, porém, apresentam números divergentes de infectados.
Maria Costa, assessora da secretaria de Saúde, contesta a quantidade de contaminados apontada pelo médico e afirma que, até sexta-feira (7), havia somente dois casos suspeitos no staff do hospital – além de um médico que contraiu o vírus, mas já se recuperou. Maria nega haver displicência da administração municipal com a equipe. “Todos os protocolos de segurança são seguidos. Não falta equipamento de proteção individual para ninguém. O que faltam são alguns sedativos usados no tratamento de pacientes infectados, mas estes produtos estão escassos no Brasil inteiro. Se algum protocolo é descumprido, é porque o médico não quer seguir”, retruca.
O Hospital Municipal está parcialmente fechado para reforma. Funcionam, no momento, o bloco de urgência e emergência e uma ala para tratamento de pacientes com síndrome gripal. Esta ala tem 27 leitos, segundo a assessora da secretaria de saúde. Ela diz que a ocupação não chegou a 100% em nenhum momento da pandemia. O médico que conversou com o Mais Goiás, cujo nome será preservado, reclama de desorganização na triagem e diz que pacientes com suspeita da doença estão se misturando com pacientes com diagnóstico confirmado. Maria Costa nega.
A administração municipal e os médicos também apresentam informações divergentes no que diz respeito a respiradores. Os funcionários afirmam que há dois, doados pelo maior abatedouro de aves da cidade. A prefeitura diz que há oito – cinco na ala de internação, dois instalados em ambulância e um na urgência e emergência. Os médicos reclamam que não há EPI para todo mundo. Maria Costa diz que é mentira. “Há sim, até para quem faz a limpeza. Fica tudo sob controle da farmácia e o equipamento é liberado mediante assinatura”.
Maria esclarece que não há, de fato, máscaras reinalantes (chamada no mercado de máscara N-95) para todos os servidores do hospital. “Eu mesmo não tenho acesso a uma. Isto fica restrito a quem tem contato com os pacientes, no bloco 2”.
Outra polêmica que opõe a equipe médica e a secretaria de saúde é a reivindicação dos servidores para que a prefeitura pague adicional de insalubridade, o que a assessora diz ser impossível em função de impeditivos legais. “Se quer receber adicional, tem que passar no concurso publico. Quando é pessoa jurídica, você sabe que ele não tem esse direito. O Tribunal de Contas não aceita isso. Estão falando isso de má-fé”.
Ao Mais Goiás, médicos e enfermeiros disseram que a prefeitura solicitou deles que assinem um documento em que reconhecem total responsabilidade no caso de uma eventual contaminação por coronavírus. A assessora que falou com a reportagem disse que não sabia deste documento e que pedirá explicações à secretária de saúde. Atualizaremos a reportagem quando houver posição. Abaixo, segue o documento.
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