Aldo Deolinda da Silva foi levado à unidade desacordado após sofrer uma queda e, por cerca de 10 horas, segundo a família, recebeu apenas soro, sem que fosse realizado qualquer exame. Gestora da UPA afirma que foi prestado atendimento previsto no protocolo clínico.
Aldo Deolinda da Silva morreu aos 57 anos em Maceió por causa de uma queda em casa
O montador de móveis Aldo Deolinda da Silva, de 57 anos, morreu por traumatismo cranioencefálico uma semana após sofrer uma queda em casa, em Maceió. A família dele registrou um Boletim de Ocorrência nesta terça-feira (14) para denunciar que houve negligência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tabuleiro do Martins, para onde ele foi socorrido desacordado.
Alda Deolinda da Silva contou que o irmão caiu da escada de casa na noite de 31 de maio, no Clima Bom I, em Maceió, bateu a cabeça e perdeu a consciência. "A minha sobrinha tentou acordar ele, mas ele não acordou. Ele tinha bebido com os vizinhos na porta de casa".
A família acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que levou Aldo para a UPA do Tabuleiro do Martins. Segundo a denúncia, ele passou cerca de 10 horas na UPA, mas não foi submetido a qualquer exame. Foi colocado sentado em uma cadeira onde ficou no soro e depois recebeu alta, mesmo estando ainda desacordado.
"Eu fui com ele até a UPA do Tabuleiro. Chegando lá, a técnica de enfermagem junto com a enfermeira do Samu questionaram o médico, porque o meu irmão não tinha condições de ficar sentado em uma cadeira, mas o médico fez pouco caso e disse que ele ia ficar lá na cadeira. Meu irmão caiu, bateu a cabeça em casa e não acordou, mas foi tratado na UPA como se estivesse bêbado e dormindo", disse Alda.
No dia seguinte ele foi reavaliado, mas já por outra médica, e encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde faleceu no dia 8 de junho. A causa da morte, indicada na declaração de óbito, foi traumatismo cranioencefálico.
Por meio de nota ao g1, o Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (InSaúde), responsável pela gestão da UPA, disse que foram realizados "os primeiros atendimentos da equipe multidisciplinar, seguindo o protocolo clínico para atendimento de urgência" e que, "devido ao quadro clínico, foi submetido a intubação orotraqueal e estabilizado para ter condições de remoção, sendo encaminhado em menos de 24 horas para o Hospital Geral do Estado (HGE), unidade especializada no atendimento a usuários politraumatizados e que necessitam de assistência de emergência".
Segundo Alda, o primeiro médico que atendeu Silva na UPA não realizou nenhum exame para checar possíveis consequências provocadas pela pancada na cabeça por causa da queda, apenas um hemograma.
"O médico passou soro, mas não fez nenhum exame, nem nos olhos deles. Esse médico perguntou o que o meu irmão tinha e simplesmente passou soro e deu alta para o meu irmão. Mas como meu irmão não acordava, a gente não tinha como tirar ele da UPA", relatou.
Aldo Deolinda da Silva na UPA do Tabuleiro do Martins, em Maceió, após sofrer uma queda em casa
"Eu encontrei o meu irmão, no dia 1º, por volta das 9h da manhã, sem a camisa, porque tinha vomitado, só de bermuda toda mijada e vomitada, de alta e com o pessoal lá dizendo que ele estava só dormindo. Eu peguei no rosto do meu irmão e vi que ele estava praticamente morto, sentando na cadeira. Ele passou 10 horas na UPA, em uma cadeira, sem fazer exame, desacordado", disse.
Segundo Alda, somente na manhã seguinte é que a outra médica, que assumiu o plantão, realizou testes clínicos e, ao constatar que o paciente ainda estava sem consciência, solicitou sua transferência.
"A médica que atendeu ele depois que eu cheguei encaminhou ele para o HGE. Lá no HGE ele fez uma tomografia e foi constatado que ele teve traumatismo craniano. E pela demora na UPA, mais de 10 horas, a situação ficou irreversível e ele veio a óbito no dia 8", disse.
Aldo Deolinda caiu do terceiro degrau da escada de casa, no Clima Bom I, em Maceió
Leia abaixo a nota da UPA do Tabuleiro na íntegra:
O Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde – InSaúde responsável pela gestão da UPA Galba Novaes de Castro, esclarece que o paciente A.D.S., de 58 anos, foi admitido às 00h11mm do dia 31 de maio, depois de ter sofrido uma queda do terceiro degrau de uma escada, conforme relato de familiares.
Após receber os primeiros atendimentos da equipe multidisciplinar, seguindo o protocolo clínico para atendimento de urgência, o paciente foi estabilizado e devido ao quadro clínico foi submetido a intubação orotraqueal e estabilizado para ter condições de remoção, sendo encaminhado em menos de 24 horas para o Hospital Geral do Estado (HGE), unidade especializada no atendimento a usuários politraumatizados e que necessitam de assistência de emergência.
Salientamos que UPA Galba Novaes de Castro faz parte da Rede de Atenção às Urgências, dessa forma, atua como primeiro atendimento aos casos de natureza cirúrgica e de trauma, estabilizando os pacientes e referenciando-os para atendimento em hospital especializado, o que foi realizado no atendimento ao paciente citado.
Continuamos à disposição para os esclarecimentos que ainda forem necessários.
Cordialmente,
Assessoria de Comunicação – InSaúde
Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde
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