O governo federal já vinha sendo alertado pelos secretários municipais de Saúde, mas a situação se agrava a cada dia. Segundo a Confederação Nacional da Saúde, o estoque de soros hospitalares só é suficiente para mais 15 dias.
Hospitais e farmácias em todo o Brasil relatam falta de medicamentos, principalmente infantis
Farmácias, hospitais e secretários municipais de Saúde reforçaram o alerta para a escassez de diversos produtos em todo o Brasil.
Em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a advogada Clicia Costa Azenha penou para achar o antibiótico para o filho.
“Primeiro eu precisei do via oral. Tive que ir em três farmácias para conseguir ele. Depois tivemos que entrar com via injetável, rodei mais quatro farmácias - fora as que eu liguei. Muitas mães comentando que até remédios de gripe, analgésicos simples infantis, estão com dificuldade de encontrar”, conta.
Em São José dos Campos, a prateleira de antialérgicos está com espaços vazios. “Na distribuidora, o estoque é muito baixo também e a demanda sendo alta acaba rapidinho. Xaropes, antibióticos, antialérgicos, e todos os dias é ligação, pessoas no balcão que a gente fala não. Infelizmente, não pode suprir a necessidade", diz a farmacêutica Juliana Giansante.
Em Fortaleza, não é diferente. “Um medicamento ele já disse que não tinha logo de cara, que tinha acabado. Aí outro ele disse que tinha e que ia pegar. Só que quando ele foi pegar, ele disse que não tinha. Disse: vixe, eu tinha três caixas até agora e já acabou”, afirma o professor Edilmar Sousa.
Na rua das farmácias em Brasília são pelo menos 20 drogarias. Em praticamente todas elas, há falta de medicamentos, principalmente antibióticos infantis, antitérmicos em forma de xarope, antialérgicos, alguns remédios controlados de tarja preta e vários tipos de soro.
O aposentado Joaquim Nunes precisava de soro para tratar uma ferida da mulher. Não conseguiu achar para comprar.
O governo federal já vinha sendo alertado pelos secretários municipais de Saúde, mas a situação se agrava a cada dia. Segundo a Confederação Nacional de Saúde, o estoque de soros hospitalares só deve dar para mais 15 dias.
“Desde o início da pandemia, não se retornou em momento algum a plenitude dos abastecimentos. Isso preocupa muito, porque você começa a ter que, em determinado momento, priorizar alguns atendimentos”, diz Breno Monteiro, presidente da Confederação Nacional de Saúde.
O Conselho Federal de Farmácias listou mais de 40 medicamentos em falta. Entre eles, dipironas, paracetamol bebê e amoxicilina com clavulanato. Todos usados com o aumento de doenças respiratórias.
Municípios, hospitais e farmácias apontam que as principais causas dessa escassez são externas: a alta do dólar, a instabilidade pela guerra na Ucrânia e o abre e fecha por causa da Covid na China, principal fornecedora de matéria-prima para medicamentos e embalagens.
“O custo de fabricação aumentou tanto em alguns produtos que não vale a pena mais uma fábrica executar a fabricação desse produto”, diz o secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia, Gustavo Pires.
Ele explica o problema da dipirona injetável, usada nos hospitais: “A gente tinha quatro produtores brasileiros só. O maior produtor desistiu de fabricar; agora que está retomando as negociações para poder voltar a fabricar esse produto. E, obviamente, há algum consumo elevado e acaba faltando, né?"
O Ministério da Saúde publicou uma resolução que libera critérios de estabelecimento ou de ajuste de preços em medicamentos com risco de desabastecimento no mercado, e fez a inserção de medicamentos na lista de produtos com redução do imposto de importação sobre insumos.
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