A advogada Aurilene Barbosa recebeu a denúncia de pais de uma criança que foi submetida a uma cirurgia no Hospital Infantil Lucídio Portela e saiu mutilada. Segundo a advogada, os pais relataram que a criança deu entrada para realizar um procedimento na barriga e, por um erro médico, teve três dedos da mão esquerda decepados. O caso já corre na justiça.
“É claramente um caso de negligência, não havia nenhuma conexão entre a cirurgia na barriga e o corte na mão. O caso já foi judicializado”, falou.
A advogada afirmou receber outras denúncias de pais de crianças supostamente vítimas da fata de estrutura do Hospital Infantil Lucídio Portela, porém, ainda não tem provas suficientes para judicializar os casos.
Além da denúncia dos pais, segundo Aurilene, vários servidores do hospital, especialmente os alocados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), já procuraram seu escritório para relatar a situação caótica em que se encontra o centro médico e que tem causado danos irreversíveis à saúde de alguns pacientes. A advogada reuniu as provas trazidas pelos funcionários e entrou uma ação contra o Governo do Estado do Piauí.
Segundo os relatos, equipamentos importantes para a sobrevivência das crianças internadas funcionam de forma improvisada, trazendo riscos de infecção. É o caso da ventilação mecânica da UTI, aparelho que substitui a ventilação normal e é usado na ressuscitação cardiopulmonar, que só funciona porque está tapado por esparadrapos. Outro caso é o da balança utilizada para pesar as crianças que está quebrada o que, segundo os funcionários, pode trazer muitos danos à saúde, já que as medicações prescritas pelos médicos levam em consideração o peso exato dos pacientes. Os servidores ainda denunciam que, algumas vezes por semana, trabalham sem equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas e máscaras, pois os insumos são escassos.
Dentre as demandas, outra, muito grave, segundo Aurilene, são as infiltrações nas paredes das unidades de tratamento. O problema também traz riscos de contaminação pela proliferação de microrganismos, além de comprometer a estrutura das paredes.
“Os próprios funcionários estão vindo no escritório para relatar a situação do hospital, sendo a UTI o local mais afetado pela falta de estrutura, colocando em risco a vida de pacientes que já estão em situação bem delicada. Fora as infiltrações, que são um dos problemas mais graves, alguns aparelhos importantes estão danificados. Um exemplo é a balança, por conta disso toda medicação vai ser prescrita em doses inexatas, uma arma letal. As crianças que estão vivas lá é só por Deus mesmo, por que o caos está instaurado naquele setor”, afirmou.
A advogada informou que o Ministério Público do Piauí (MPPI) é ciente da situação e que já tem um procedimento instaurado. Segundo ela, a promotora Karla Daniela Carvalho, da 12ª Promotoria de Justiça, visitou o hospital e produziu um dossiê completo com fotografias.
O Jornal Meio Norte procurou a promotora para falar sobre o caso, mas não conseguiu o contato. A equipe de reportagem também procurou esclarecimentos junto ao Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), mas não recebeu nenhum retorno.
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