Sesau informou que todas as mortes ocorridas no HGR foram por causas naturais, ou seja, não resultantes de fatores externos
Somente na noite de sábado, oito mortes foram registradas no Hospital Geral de Roraima (Foto: Hione Nunes) |
Quatorze pacientes que estavam internados no Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento (HGR), a maior unidade de saúde do Estado, morreram entre a noite de sábado, 22, e o domingo, 23. Os óbitos foram confirmados por servidores que atuam no Instituto Médico Legal de Boa Vista (IML).
As causas das mortes dos pacientes não foram confirmadas, mas todos os casos passaram por investigação do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), que avalia mortes desconhecidas ou duvidosas com o objetivo de fornecer elucidação diagnóstica dos falecimentos. Apenas na noite de sábado foram oito confirmadas naquela unidade.
Segundo um servidor, as vítimas estavam hospitalizadas devido as mais diversas doenças. “Como não teve diagnóstico acionaram o SVO. A maioria dos pacientes era de idosos e eles morreram em decorrência de paradas cardíacas e insuficiências respiratórias ou renais”, disse.
O servidor afirmou que já havia registrado no máximo sete mortes no HGR em um espaço de tempo tão curto. “Tem final de semana que não ocorre nenhuma morte. Alguns funcionários do hospital falaram para mim que o plantão foi pesado e nunca tinham visto isso”, relatou.
A Folha procurou investigar o motivo do aumento significativo de óbitos em um único dia, chegando a congestionar a demanda de uma empresa especializada em realização de cerimônias de velórios na Capital.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o HGR conta com 344 leitos, incluindo os de retaguarda no Hospital Lotty Íris, onde são internados por urgência e emergência pacientes agudos, para desafogar o alto fluxo nos prontos socorros. A estimativa, no entanto, é que o hospital atenda mais de 500 pessoas por dia.
CASO - O ex-jogador de futebol do Baré Esporte Clube, Gilvandro Ribeiro, de 55 anos, foi um dos pacientes que morreram no HGR, durante o fim de semana. Ele deu entrada na unidade de saúde na quinta-feira passada, 20, sentindo dores no estômago e morreu três dias depois após sofrer seis paradas cardíacas.
“Nós fomos bem atendidos, o hospital nos forneceu os atendimentos adequados com assistência médica completa, mas não sabemos o que aconteceu com ele. Foi uma tragédia, algo muito rápido”, disse o irmão, Pedro Ribeiro.
Ele contou que ouviu comentários de que uma bactéria poderia ter causado a morte de alguns pacientes, inclusive a do seu irmão. “Ouvimos comentários de que estava havendo uma bactéria no hospital, mas não temos como confirmar. Ele entrou no hospital consciente, só com algumas dores”, relatou.
GOVERNO - Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que o HGR é uma unidade de referência para média e alta complexidade em um raio de 600 quilômetros, atingindo cidades e países vizinhos. “Toda pessoa com mais de 13 anos que tiver um caso de saúde mais complexo, incluindo gestantes e pessoas da rede privada de saúde, será encaminhada para a unidade, que é a mais estruturada para casos mais graves. Por este motivo, a unidade lida rotineiramente com a causalidade”, explicou.
Conforme a Sesau, no fim de semana, todos os óbitos ocorridos na unidade foram por causas naturais, ou seja, não resultantes de fatores externos. “Uma demanda expressiva de atendimentos na unidade ocorre em casos de pacientes em situações graves clínicas, como problemas cardiovasculares, infarto do miocárdio, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e crises respiratórias, nas quais, em alguns casos, apesar de toda a assistência médica disponível na unidade, não há sucesso na garantia de sobrevida do paciente”, diz a nota.
“O Governo de Roraima tem tratado o HGR com prioridade, tendo investido mais de R$ 10 milhões em equipamentos e convocado novos servidores para a estrutura atual, além da construção de um novo bloco que segue em ritmo acelerado. Os investimentos têm garantido uma melhoria na qualidade da assistência, incluindo a baixa taxa de infecção hospitalar, que tem se mantido na faixa dos 2%, bem abaixo da taxa de 5%, considerada aceitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde)”, destacou. (L.G.C)
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