quarta-feira, 19 de julho de 2017

Pais acusam Hospital das Clínicas pela morte do filho após suposto erro em exame na medula


Laudo do IML aponta que Rafael da Silva, de 20 anos, teve morte acidental após ser submetido a uma punção para diagnosticar leucemia. Hospital em Ribeirão Preto apura o caso.
 
 
Rafael Miguel da Silva, de 20 anos, morreu em Ribeirão Preto por complicações após passar por punção na medulacausados (Foto: Reprodução/EPTV)
  
Uma família acusa o Hospital das Clínicas (HC) em Ribeirão Preto (SP) de ter cometido um erro que levou à morte o jovem Rafael Miguel da Silva, de 20 anos. Os pais afirmam que ele morreu após ser submetido a uma punção na medula para detectar uma leucemia aguda. O rapaz sofreu uma parada cardiorrespiratória no dia 22 de junho, e não resistiu.
 
Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), Rafael morreu por tamponamento cardíaco e hemopericárdio, que é quando há acúmulo de sangue nas membranas que envolvem o coração. O documento aponta que a lesão foi causada durante o procedimento da punção na medula óssea.
 
Um boletim de ocorrência foi registrado e o caso será investigado pelo 6º Distrito Policial.
 
Em nota, o Hospital das Clínicas informou que a necropsia realizada pelo IML foi solicitada pelo próprio hospital, e que apura as circunstâncias em que ocorreu a morte do jovem.
 
Punção para diagnosticar câncer
 
Segundo a auxiliar de limpeza Tereza Januária da Silva, mãe de Rafael, o filho buscou atendimento médico na unidade de saúde do bairro Vila Virgínia, porque se queixava de tosse e febre. Ele foi encaminhado ao Hospital Santa Lydia, onde ficou internado por cinco dias para a realização de exames. Em seguida, foi transferido à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde surgiu a suspeita do diagnóstico de leucemia aguda.
 
No dia 21 de junho, o jovem foi submetido a uma punção na medula óssea, sem sucesso. Por causa da necessidade de uma análise específica para identificação do tipo da doença e indicação de tratamento, Rafael foi encaminhado ao Hospital das Clínicas um dia depois, e acabou passando por novo exame.
 
Tereza acompanhou o filho no hospital e afirma que o procedimento foi interrompido a pedido dele, que se queixa de mal estar e dor.
 
“Ele estava sujo de sangue e com dor. Eles disseram que não tinham conseguido. A equipe ia aproximando e ele tentava se distanciar. Ele dizia que não aguentava, que estava doendo demais. Eles perguntavam pra ele se ele não queria tentar fazer atrás. Meu filho respondia que iria morrer.”
 
De acordo com Tereza, a situação se agravou e evoluiu para uma parada cardiorrespiratória. Consta no boletim de ocorrência que os médicos tentaram reanimar o paciente por 40 minutos, mas que ele não resistiu.
 
“Ele estava bom, se alimentando bem, a pressão estava normal antes do procedimento. Acredito que foi algum erro. Ele falava que estava difícil para respirar. Estamos todos chocados com o que aconteceu”, diz a mãe.
 
  
Os pais de Rafael, Tereza e Miguel, buscam explicações sobre a morte do filho em Ribeirão Preto
 (Foto: Reprodução/EPTV)
 Laudo do IML

O HC encaminhou o corpo do jovem para necropsia depois que o médico responsável pela autopsia percebeu um volume atípico na região do pericárdio.
 
Após análise, o IML emitiu laudo atestando que a morte foi causada por tamponamento cardíaco mais hemopericárdio, causados por lesão de vaso em parede ventricular direita provocada durante o procedimento de punção de medula óssea, necessária para investigação de leucemia aguda. Segundo o IML, a morte foi acidental.
 
Além da causa apontada pelo IML, a certidão de óbito aponta a leucemia aguda, informada pelo hospital, como causa da morte.
 
Tereza busca compreender o que de fato vitimou o filho, que, segundo ela, não apresentava sinais de doença grave antes de ser submetido ao exame. “Falaram que tinha leucemia aguda, disseram que iam tratar dele e ele ia ficar bom, que bastante gente já tinha chegado lá com o mesmo problema e ficou bom. Eu queria uma explicação.”
  
Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto abriu investigação interna para apurar as circunstâncias da morte de Rafael
 (Foto: Reprodução/EPTV)
 

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