quinta-feira, 20 de julho de 2017

Médica denuncia superlotação e infecção hospitalar na neonatologia do HC

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar investiga cinco casos de bebês com infecções graves por bactérias, entre eles um caso de óbito possivelmente relacionado à infecção hospitalar
 
Médica denuncia superlotação e infecção hospitalar na neonatologia do HC. Foto: Cortesia
 
Profissionais de saúde do setor de neonatologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) denunciam caos no atendimento a mães e recém-nascidos. "Estamos vivendo aquela situação caótica de superlotação e infecção hospitalar consequente. A lotação está muito acima da capacidade. Temos sete recém-nascidos em precaução de contato (isolamento) porque estão colonizados com bactérias hospitalares. Não temos pessoal suficiente pra prestar a assistência adequada, o espaço entre os leitos não está sendo respeitado, o estresse entre as equipes e das mães e familiares piorando tudo...", detalhou uma médica, que prefere não se identificar.

Segundo ela, nesta segunda-feira a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do HC tem nove pacientes, quando a capacidade é para oito bebês. Já a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) tem 25 pacientes, quando só poderia atender 10. O centro obstétrico, que não deveria abrigar recém-nascidos, conta com 11 bebês aguardando vaga para alojamento conjunto que, por sua vez, tem 18 internados, quando deveria receber até 15 pacientes. Por meio de fotos, a profissional mostra ainda a situação das mães com seus bebês em macas, no corredor do bloco obstétrico do HC.
 
Mães e seus bebês em macas, no corredor do bloco obstétrico do HC.
 Foto: Cortesia 
 
De acordo com a médica, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HC está investigando os cinco casos de bebês que contraíram infecções graves por bactérias, entre eles um caso de óbito possivelmente relacionado à infecção hospitalar. "Diante do risco, desde a semana passada, a CCIH, que é bastante atuante, encaminhou documentação para todos os setores envolvidos, para a Apevisa e Secretaria Estadual de Saúde, solicitando o fechamento do internamento de alto risco da maternidade até a normalização de vagas".

Ainda segundo a médica, o caos se repete em outras unidades da rede de saúde pública: "Não sabemos mais o que fazer. A rede de assistência materno-infantil do estado (SUS) está em colapso. Todos superlotados. O Cisam interditado para alto-risco. O Agamenon com uma das salas interditada, porque a mesa cirúrgica caiu durante uma cesárea no último final de semana.A avó, que estava assitinfo o partom chegou a passar mal, mas não houve maiores danos ao bebê, que era de risco", acrescenta.

A profissional de saúde aponta ainda para a questão da regulação de leitos e cobra medidas às redes municipais de saúde: "É uma situação inaceitável. A Central Reguladora de Leitos manda para o hospital independente de haver vaga ou não. Faz um sistema de rodízio, mas um rodízio do caos. As maternidades das redes municipais não estão dando conta, algumas estão fechadas e   começam a supelotar as maternidades de referência de alto risco. A gente fica com superlotação de pacientes de risco habitual e as prefeituras não tomam providências".

Em entrevista ao Diario, Lindaci Sampaio, coordenadora da unidade neonatal, confirmou a superlotação no hospital e afirmou, ainda, que o fato acontece diariamente. "Todos os dias, mandamos um memorando para a diretoria do hospital informando a lotação. O diretor encaminha para a secretaria estadual, pedindo o fechamento da unidade". "Toda essa superlotação afeta a qualidade da assistência e a segurança do paciente fica totalmente prejudicada", enfatizou Lindaci.

Em reposta à denúncia, a assessoria de comunicação do Hospital das Clínicas enviou a seguinte nota:

"A superlotação da Unidade Neonatal do Hospital das Clínicas da UFPE é causada pela sobrecarga de pacientes que procuram assistência de saúde e são encaminhadas pela Central de Regulação Leitos da Secretaria Estadual de Saúde, apesar de o HC, insistentemente, solicitar ao respectivo órgão estadual, a suspensão temporária da internação de pacientes até a regularização da situação. Só neste mês de julho, foi feita a solicitação nos dias 18, 17, 14, 13 e 3. 


O HC esclarece ainda que não houve infecção hospitalar na Unidade Neonatal. De acordo com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, os cinco bebês cujos casos estão sendo investigados, entre os quais um que foi a óbito, tiveram uma enterocolite (inflamação no intestino)."

Diário de Pernambuco

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