segunda-feira, 24 de julho de 2017

HPM abre sindicância para apurar denúncia do "pequeno Gabriel"

Mãe relata negligência durante procedimento de troca de cânula do bebê, que segue internado na unidade
 
Apesar da luta contra a AME, Gabriel é um bebê que cativa com o sorriso (Foto Arquivo Pessoal)

A direçao do Hospital Público de Macaé (HPM) abriu sindicância para apurar o caso denunciado pela família do pequeno Gabriel Leite dos Reis, de apenas um ano e 10 meses, que relatou o trauma vivido com o filho dentro da unidade. 
 
Na última segunda-feira (17), o bebê, que sofre do tipo mais grave de Atrofia Muscular Espinhal (AME), ficou entre a vida e a morte, além de ter um dente quebrado durante um procedimento médico. "Infelizmente estamos revoltados quanto ao atendimento do hospital. Na parte da tarde estava agendada a troca da cânula de traqueostomia do Gabriel, pois é necessário fazê-la a cada três meses. O meu filho estava super bem e saiu de casa ótimo e sorrindo", relata a mãe, Karine Leite Maciel. 

Ela conta que, apesar do quadro clínico delicado de Gabriel, a troca da cânula aconteceu fora do centro cirúrgico. "Cheguei lá e o médico disse que não tinha vaga, que teria que fazer o procedimento ali. Eu autorizei porque ele fez lá outras vezes e nunca havia dado nada de errado. Só que, nesse meio tempo, o médico se atrapalhou. Tenho certeza que ele não sabia o que estava fazendo. Ele tirou uma cânula e na hora de colocar a nova não conseguiu colocá-la. Com isso, ele simplesmente pegou a velha e tentou recolocá-la. Isso é completamente inaceitável. É proibido. Notei o seu desespero porque o Gabriel ficou roxo.

Na mesma hora eu sai de perto e fui procurar ajuda. Fui no CTI procurar algumas pessoas e levei o pessoal lá", explica.
 
Ao retornar, Karina disse que a situação só piorou. "Quando cheguei ele havia enfiado um tubo no meu filho no lugar da traqueostomia. Disse que o estado dele estava se estabilizando, mas que teria que levá-lo ao centro cirúrgico. Falei que não queria ele lá, que só permitiria se a técnica dele pudesse acompanhar. Até aí tudo bem, ele autorizou. Nesse tempo o Biel começou a passar mal, os batimentos estavam caindo. O médico resolveu levar ele correndo para o centro cirúrgico. Chegando na porta, Gabriel parou, estava praticamente sem vida.

Quando me ausentei não sei o que aconteceu com o meu filho. Quando a técnica chegou lá disse que ele já estava sem o dente, que arrancaram. Ele ficou quatro horas e meia dentro do centro cirúrgico para trocar uma cânula. O médico mandou a técnica ir até a gente para acalmar porque ele estava saindo. Só que isso demorou mais uma hora e meia. A madrinha dele foi tentar ver o que estava acontecendo e percebeu que estavam tentando reanimá-lo. Provavelmente ele teve outra parada. Questionamos mas não quiseram falar nada porque não querem assumir o erro", explica.

A mãe diz ainda que o médico agiu com arrogância. "Ele me disse que tenho que agradecê-lo por ter salvo a vida do Gabriel. Falei que não, disse que ele estava apenas tentando consertar o erro que cometeu", diz. Apesar da gravidade, o bebê foi encaminhado para o setor de pediatria, junto a outras crianças. "Arrancaram o dente dele e a boca está toda roxa. Quando fui olhar a cânula, notei o que o cirurgião tinha feito no pescoço do meu filho. Ele fez uma abertura e não deu ponto. Deixou a ferida em aberto. Quando me dei conta disso fiz um escândalo lá dentro. Queria que ele fosse para o CTI. Depois do barraco, rapidinho conseguiram uma vaga. Agora ele segue em estado estável, mas com suspeita de uma bactéria que ele contraiu lá dentro por conta desse trauma todo", denuncia.
 
Bebê segue estável no HPM após erro médico durante uma troca de cânula
 (Foto Kaná Manhães)
Sem outra alternativa, já que a família não conta com plano de saúde, a mãe desabafa que o incidente gerou um mal-estar. "Estamos muito abalados com tudo isso e vamos tomar as devidas providências perante a lei. Peço a todos que orem pelo nosso menino", finalizou.

Procurada pela nossa equipe, a prefeitura informou que "a direção do HPM acompanha de perto o ocorrido e lamenta. Um processo administrativo está em curso para verificação dos fatos. O menino Gabriel encontra-se na UTI Pediátrica e recebe todo o suporte necessário".

Gabriel na luta contra a AME 

Natural de Macaé, a família de Gabriel vive na esperança de conseguir recursos para a compra do SPINRAZA (Nusinersen). A medicação, disponível apenas nos Estados Unidos, é fundamental para que possa iniciar o seu tratamento contra o tipo mais grave de Atrofia Muscular Espinhal (AME).

De acordo com a mãe, Karine Leite Maciel, a doença foi descoberta quando Gabriel tinha apenas 11 meses. A família precisou brigar na justiça para que o bebê tivesse a internação domiciliar.

Agora Gabriel corre contra o tempo para conseguir o medicamento. Foi criada uma campanha online, onde as doações podem ser feitas através de uma vaquinha online (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ame-gabriel) ou por depósito bancário em uma das seguintes contas: Santander - Agência: 0943/ Conta Poupança: 0006000.44228 (CPF: 063.709.207-46) ou Itaú - Ag: 5926/ C: 08285-9/500.  

Para conhecer mais sobre o Gabriel, basta acessar as páginas dele no Facebook (Ame Gabriel) e no Instagram (@amebiel). 
 

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