A técnica em enfermagem que aplicou o medicamento errado foi indiciada e acusada do crime de homicídio culposo. Foto de: Dirceu Garcia/Comércio da Franca |
A Polícia Civil encaminhou para a Justiça, ontem, o relatório com a conclusão do inquérito que apurou responsabilidades pela morte da fotógrafa Zélia Lúcia Barbosa Moreira, 46, ocorrida dia 26 de janeiro na Santa Casa. A técnica em enfermagem que aplicou o medicamento errado foi indiciada e acusada do crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A fotógrafa passaria por uma sessão de pulsoterapia para tratar uma doença autoimune de seus rins, mas, em vez de remédio usual, foi aplicada anestesia em sua veia. Pouco depois, ela teve convulsão, sofreu parada cardiorrespiratória e morreu. A técnica foi demitida.
Mais de dez pessoas, entre familiares da vítima e funcionários da Santa Casa, foram ouvidos pela polícia durante as investigações. A técnica acusada de aplicar o medicamento errado apresentou sua versão no dia 8 de março. Ela admitiu que o remédio não era o correto, mas afirmou não ser a única culpada. Disse que também foi vítima de uma sucessão de falhas que aconteceram dentro do hospital.
Entrevistada pelo Comércio, a mulher de 28 anos contou o que aconteceu naquele fatídico dia. “Eu cheguei para trabalhar e me foi passada a medicação que deveria ser administrada em uma paciente que precisava passar pelo procedimento de pulsoterapia. Peguei a ampola e fiz a aplicação. Ela começou a ter reações e eu pausei na hora. Chamei colegas e o médico plantonista para tentar reverter a situação.”
Foi quando ela percebeu que havia aplicado anestesia na veia da paciente em vez do remédio usual. “Me foi entregue a medicação errada. A medicação certa estava em outro lugar. O erro terminou em mim, mas começou de várias pessoas.”
A Santa Casa afirmou que o protocolo determinado a qualquer profissional da área da saúde é o de, antes de aplicar qualquer medicação em qualquer paciente, checar e conferir o frasco da medicação e a prescrição médica contendo nome, a quantidade e a forma de aplicação.
Responsável pelas investigações, o delegado Luís Carlos da Silva concluiu que a acusada não tinha a intenção de aplicar o medicamento errado para matar a vítima, mas não teve o cuidado de fazer a devida verificação. “A negligência dela caracteriza a culpa. Como não seguiu os procedimentos corretos, foi a responsável pelo ocorrido.” A técnica foi a única indiciada. Agora, o Ministério Público vai analisar o relatório para decidir se oferece a denúncia à Justiça ou se arquiva o caso.
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