sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Cremerj vai entrar com processo contra prefeitura por situação do Hospital Rocha Faria

Com uma microcâmera, RJTV mostrou salas superlotadas, falta de medicamentos e equipamentos quebrados, além do desespero de pacientes.

Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, passa por graves problemas em 2017
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) vai entrar com um processo contra a prefeitura do Rio pela situação de calamidade que vive o hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade. A equipe do RJTV entrou na unidade, e com uma microcâmera mostrou salas superlotadas, falta de medicamentos e equipamentos quebrados.

"Vamos encaminhar essas informações, esse relatório da fiscalização será encaminhado para o ministério público. Será encaminhando para a defensoria pública, será encaminhado a secretaria municipal de saúde solicitando esclarecimentos. Será encaminhando ao setor de processo ético do Cremerj e o jurídico do Cremerj vai entrar com uma ação de obrigação de fazer, que é na verdade um pedido de uma liminar cobrando que o município, a secretaria municipal e o município supram a unidade de que tudo que ela precisa para funcionar com o mínimo de segurança pros pacientes ali assistidos. Todas essas atitudes serão, estão sendo e serão tomadas pelo Cremerj", explicou Gil Simões, conselheiro do Cremerj.

Dificuldades para pacientes

Na sala amarela, onde ficam 32 pacientes atualmente, a capacidade é de 20. Funcionários dizem também que não cabe mais ninguém no CTI, e que existem pacientes em estado gravíssimo internados na sala vermelha da emergência, sem monitoramento.

Faltam medicamentos considerados essenciais, como remédios para dores, para crises respiratórias, para tratamento de enfartes, calmantes e remédios que controlam convulsões. Faltam também gaze, esparadrapo e fraldas.

Equipamentos também estão quebrados. Não foram consertados, nem substituídos. Nessa lista há aparelhos como eletrocardiograma. O tomógrafo, por exemplo, está sem funcionar há uma semana.

A mãe da Liliane e da Edilaine tá internada depois de um acidente vascular cerebral, e precisa fazer uma tomografia urgente. "Ela entrou direto para a sala vermelha, ficamos ali fora no desespero, sem saber o que estava acontecendo. O segurança falou que minha mãe ia ficar internada, mas não tinha tomografia para ela bater", explicou Liliane nascimento de Souza .

"A gente faz medicina de guerra"

No hospital em que falta tudo, não é só quem precisa de socorro que enfrenta dificuldades: os médicos também sofrem. Sob condição de anonimato, uma médica falou ao RJTV sobre a situação vivida pelos profissionais de saúde atualmente.

"A gente sobrevive, assim como os pacientes estão sobrevivendo. Infelizmente a gente não pode falar pra você que a gente trabalha. A nossa sensação, acredito que minha e dos outros colegas é que a gente está simplesmente enxugando gelo. A gente infelizmente não consegue resolver a situação do paciente. A gente fica numa situação, a gente está aqui, nosso conhecimento está aqui, nossas mãos, enfim, estão aqui, mas a gente não tem material para fazer o que deveria para o doente. "

"A gente faz medicina de guerra. A nossa sensação é que a gente está aqui fazendo medicina de guerra, a gente se vira literalmente com que a gente tem. O que é muito pouco. A gente já está no século vinte e um, a medicina cada dia vai progredindo mais e a gente não consegue progredir. A medicina está progredindo, mas a saúde pública não.", lamentou a médica.

Resposta da Prefeitura

Segundo nota da prefeitura do Rio, os hospitais municipais Pedro II e Rocha Faria são unidades de urgência e emergência e não recusam pacientes que necessitem de atendimento. Devido à demanda aumentada dos últimos tempos, alguns setores podem funcionar com lotação acima da ideal, como as salas amarelas. Os centros de Terapia Intensiva (CTIs) também operam dentro do limite da capacidade do setor.

A direção do Rocha Faria afirmou que o reabastecimento da unidade com insumos e medicamentos vem sendo feito e não há, no momento, nenhuma falta que impeça o atendimento aos pacientes. Vale ressaltar que algumas faltas pontuais podem ocorrer devido ao cronograma dos fornecedores.


Família de paciente vai processar médica, HUSE e o Estado




A família de Cleilton Feitosa Godoi, de 34 anos, já contratou um advogado para acionar a Justiça. Ele faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) sob suspeita de homicídio culposo por negligência médica. A viúva vai processar a médica, o Hospital de Urgência e o Governo do Estado. São dois processos: um penal, por crime contra a vida, e um outro civil, para reparação de danos morais com pedido de indenização. O Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.

O Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Saúde, declarou que “em se tratando de suspeita de homicídio, é imprescindível que os familiares que estavam presentes na hora do atendimento compareçam ao MPE para detalhar a dinâmica dos fatos e, se confirmados, será instaurada uma investigação criminal”.

A presidência do Conselho Regional de Medicina/Sergipe informou que questionamentos relacionados a um caso concreto deverão ser encaminhados através de denúncia devidamente fundamentada, instruída e assinada conforme preceitua o Código de Processo Ético-Profissional.

Preenchidos os requisitos, o conselho instaurará sindicância para apuração do caso e, ao final, a Câmara de Sindicância poderá decidir pela instauração de Processo Ético-Profissional, com direito ao contraditório nos termos do art.5º da CF/1988. O Conselho registra e fiscaliza estabelecimentos de saúde que prestam serviços médicos em todo estado de Sergipe, conforme resoluções do CFM 2010/2013 e 2056/2013.

SOFRIMENTO E ABANDONO

“Meu deus do céu. Alguém me ajude. Eu tô morrendo aqui. Não aguento mais não…Tô suando. Tô morrendo. ” Essas foram as últimas palavras de Cleilton, que implorou por atendimento dentro do Hospital de Urgências num vídeo gravado pela família, que será utilizado pelo advogado Vladimir Almeida, nos processos que serão instaurados na Justiça sergipana.

A viúva de Cleilton Feitosa Godoi, Edilene Silva relembrou que ele chegou no hospital sentindo muito cansaço e dores torácicas. “Aplicaram morfina nele”, lamenta Edilene, acrescentando que “depois da medicação o quadro dele se agravou e as dores aumentaram. Cleilton não tinha ingerido bebida alcoólica nem consumido substância química em casa. Ele partiu segurando minha mão no momento em que a enfermeira aplicava a medicação”.

O desespero de Edilene pela perda do marido aumenta com um problema social que se agrava. Ele era autônomo e atualmente a viúva se encontra desempregada, sem condições financeiras para sustentar os cinco filhos. Confessou à reportagem do CINFORM que não sabe como serão seus próximos dias de subsistência ao lado dos filhos.

“Depois disso o levaram e informaram que ele teve uma convulsão, mas eu sabia que ele já tinha falecido. Me deixaram o tempo todo sem informação. Eu quero que a justiça seja feita”, declara.

Por ironia do destino, Cleilton morreu no lugar onde trabalhou por quatro anos. Ele prestou serviços para o Hospital de Urgência, contratado como terceirizado da Transur. Depois que deixou a empresa foi trabalhar como autônomo e não era contribuinte da Previdência Social.

A médica que o atendeu continua trabalhando no hospital, saiu da ala vermelha e foi transferida para ala verde. De acordo com o Huse, foi aberta uma sindicância administrativa para apurar se realmente houve negligência no atendimento.

Errar é humano, mas pode ser fatal: o erro médico e o caminho para a denúncia

Dona Isabel, vítima de erro médico. Atualmente não tem o movimento das pernas e foi acometida por outros problemas decorrentes do erro (Foto: Maryrluce Cerqueira)
Conheça quais são os meios para denunciar e buscar a reparação em casos de erros médicos.


Ninguém está imune. Quando se necessita de cuidados médicos de qualquer natureza, principalmente quando a indicação é de um procedimento mais invasivo, todo paciente se torna uma potencial vítima de erro. Seja por negligência, imprudência ou imperícia médica (o que explicaremos mais à frente), você pode vir a ser vítima do erro ou, pode ter alguém muito próximo a correr esse risco. Casos de erro médico são, no geral, exceções, porém não deixam de ser da ordem do possível. Mas, na pior das hipóteses, suponha que isso aconteça com você. Saberia o que fazer?

Se essa pergunta tivesse sido feita aos filhos de dona Isabel Barreto após o procedimento médico que marcaria, da pior forma, a história de toda a família, eles responderiam que a única coisa que buscavam era a saúde da sua mãe. Em 14 de outubro de 2008, dona Isabel Barreto chegou, na condução do seu carro, a um hospital de Salvador, onde daria entrada para a realização de uma angioplastia, intervenção cirúrgica, pouco invasiva e simples, destinada à obstrução de artéria por conta do acúmulo de placas de gordura. Seus filhos a esperavam no local para acompanha-la no pós-operatório. A idosa, que na época tinha 70 anos, mantinha uma vida completamente ativa e jamais imaginaria que toda sua rotina seria modificada abruptamente em questão de horas.

O procedimento que, em média, dura uma hora, demorou muito mais tempo para terminar. A família via a movimentação nas proximidades da sala, o entra e sai de diversos médicos, mas nada era comunicado. Às 18h, quando não era mais possível que nenhum paciente entrasse ou saísse de umas daquelas salas de cirurgia, uma das filhas se desespera e ameaça quebrar todo hospital caso não tivesse notícia da mãe. Eis que o médico responsável aparece e diz que o estado de dona Isabel era muito grave, pedindo para que se mantivessem a calma.

O que havia acontecido? Durante o procedimento, o médico perfurou a veia aorta, a maior e mais importante artéria do sistema circulatório do corpo humano. Foi comunicado aos familiares que dona Regina tinha apenas 3% de chance de sobrevivência e que ela havia perdido o movimento das pernas. Porém, o erro nunca foi admitido pelo médico, tendo a família feito a descoberta do que realmente ocasionou o mal por meio de indagação a outros profissionais que acompanharam o caso da mãe.

“Erro médico é toda conduta médica, por ação ou por omissão, que possua um nexo de causalidade com um dano provocado no corpo do paciente”, diz Camila Vasconcelos, advogada e doutora em Bioética.

A partir desse momento, os problemas se multiplicaram: dona Isabel ficou cerca de um ano e meio no hospital, período no qual deu diversas entradas na UTI em estado gravíssimo. Contraiu uma infecção generalizada; adquiriu a Síndrome de Stevens-Jonhnson, doença rara e grave de pele, causada por alergia a medicamento, que provoca o surgimento de lesões em todo o corpo; adquiriu problema nos rins, o que a obrigou a realizar hemodiálise; foi vítima das escaras de decúbito, feridas que aparecem na pele de pessoas que permanecem muito tempo na mesma posição, que surgiu, também, em razão da falta de cuidado dos funcionários do hospital que acreditavam que a paciente não sobreviveria, segundo denunciou a filha de Isabel, Adriana Barreto. Além disso, a paciente teve os problemas de água na pleura e enfisema pulmonar. “O médico ainda iria cometer um segundo erro, dizendo que ela deveria amputar as pernas”, complementou a filha da vítima.

Adriana Barreto revelou que, no período, não levou o caso a nenhum órgão, pois, não era o foco da família diante da situação. “A gente não quis colocar na justiça porque queríamos o bem dela. A gente só queria que ela voltasse, então essa parte [da denúncia], a gente esqueceu”, relembrou a dona de casa, que hoje vive exclusivamente para cuidar da mãe que, felizmente, sobreviveu a todos os males.

O início da vida marcado pelo erro

Era 14 de novembro de 2011, meia-noite. A cidade era Serrinha, localizada a 173 km de Salvador. Naquele dia, Josiane Silva, hoje empregada doméstica, também teria sua vida marcada após o nascimento do seu filho, em um parto realizado após uma série de erros cometidos no hospital.

A grávida chegou ao único hospital da cidade com perda de líquido amniótico e sentindo as contrações do parto. A criança nasceria pré-matura e, por isso, o bebê e a mãe necessitariam de cuidados especiais, a começar pela mudança do tipo de parto: dadas as circunstâncias, uma cesariana precisaria ser realizada, mas o hospital não tinha médico nem estrutura para tal procedimento cirúrgico. Uma transferência de hospital deveria ser feita, sendo a grávida enviada para a cidade mais próxima. Contudo, Josiane foi enviada para casa e orientada a retornar àquele hospital em outro momento.

Às 4h a dor se tornou mais intensa e a grávida deu nova entrada no hospital, quando foi, finalmente, internada. A partir daí se inicia a sucessão de problemas, como descreve Josiane no áudio a seguir:

Após a alta médica, o bebê de Josiane teve diversas paradas respiratórias. Foi quando, em um desses episódios, já na emergência de um hospital de Feira de Santana (cidade vizinha) que mais um fato foi revelado pelos médicos: o pulmão de Enzo Gabriel, como foi batizado o recém-nascido, não havia amadurecido o suficiente por conta do parto pré-maturo, problema que foi agravado pelo fato de a criança não ter sido levada para a incubadora.

Quando parecia que nada mais poderia acontecer, eis que o pior dos diagnósticos é revelado à mãe: Enzo Gabriel era portador de paralisia cerebral, o que, segundo os médicos, pode ter ocorrido em decorrência do parto violento e em condições inadequadas ao qual Josiane foi submetida. Os exames revelaram que diversos vasos sanguíneos do bebê foram rompidos, porém Josiane afirma que todos os exames realizados durante o pré-natal revelavam a boa saúde da criança.

Hoje, Josiane e dona Isabel sobrevivem com a vida regida pelas consequências do erro: a idosa, dentro das suas limitações, está bem. Ainda necessita de diversos cuidados especiais; os gastos com medicamentos e fraldas são altíssimos. Nem o hospital, nem o médico que cometeu o erro nunca ajudaram com nenhuma despesa.

Já Enzo Gabriel não vive tão bem assim. A criança tem crises convulsivas diárias e repetidas, necessita do uso de diversos remédios, fraldas e monitoramento constante. A mãe e a criança se mudaram para Salvador para tentar o tratamento, mas sem sucesso, visto que o hospital que poderia auxiliar a família se recusa a fazer o acompanhamento por acreditar que o trabalho realizado será em vão.

O erro aconteceu. E agora?


É hora de se esclarecer os fatos. Nesse momento, diversas dúvidas surgem, a saúde da vítima se torna prioridade e em alguns casos, o descontrole emocional pode tomar conta. Todas as situações citadas são compreensíveis, mas é necessário ter um pouco de frieza para lidar com as circunstâncias. Isso porque erros médicos refletem em gastos no pós-trauma e garantir os direitos para poder arcar com as despesas futuras pode ser fundamental.

Porém, ir em busca do que é de direito pode ser mais fácil quando dúvidas substanciais são sanadas. Entre elas, conhecer o que se configura como erro médico pode ser essencial. Segundo a advogada Camila Vasconcelos, doutora em Bioética e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), “erro médico é toda conduta médica, por ação ou por omissão, que possua um nexo de causalidade com um dano provocado no corpo do paciente”. A professora explica que, para se qualificar como erro médico, a conduta precisa, necessariamente, ser caracterizada por umas das três modalidades de culpa: a negligência, a imprudência ou a imperícia.


O erro médico é uma conduta culposa (não intencional) e, quando se diz que para se configurar como tal é preciso que haja um “nexo de causalidade”, se quer dizer que é preciso existir “uma ligação de causa e efeito entre a conduta do profissional e o dano experienciado pelo paciente”, reforça Vasconcelos. Esse dano pode ser patrimonial ou moral: o dano patrimonial é aquele que afeta os bens econômicos da vítima, quando, por exemplo, a vítima é obrigada a gastar para corrigir o erro ou com medicamentos; o dano moral está ligado ao sofrimento de alguém, no corpo ou no espírito, no qual a honra do paciente é ferida e, nesse caso, há uma estipulação de valor com cunho pedagógico, numa tentativa de restauração da dor sofrida.

Tendo conhecimento do que é o erro médico e sendo alguém vítima de um, é hora de reunir as provas: fotografias, vídeos, laudos e prontuário médicos, entre outros possíveis atestados, são indispensáveis na hora de realizar a denúncia.

O acerto de contas: caminhos para a denúncia

Em março de 2008, a dona de casa Regina Ferreira foi conduzida para uma sala de cirurgia na qual realizaria um procedimento cirúrgico para a retirada de um mioma uterino, um tumor benigno. Ainda durante a cirurgia, para a qual havia sido aplicada uma anestesia local, o que permitiu que a paciente permanecesse acordada, o médico percebeu que havia algo errado e alertou a dona de casa: diversos órgãos da paciente estavam unidos por uma única costura que havia sido realizada em outro procedimento cirúrgico. “O médico disse que minha bexiga, minhas trompas e o meu útero estavam costurados juntos e, impressionado, me questionou como eu havia sobrevivido tanto tempo com aquele erro”, relatou a vítima, que passara por uma cesariana 11 anos antes.

A dona de casa sentiu fortes dores durante todos os anos seguintes ao nascimento do seu filho, realizou exames no intuito de descobrir se existia algum problema, mas nenhum identificou a causa. O médico que revelou o real motivo, como medida de reparação, retirou seis centímetros da bexiga da paciente e orientou que ela denunciasse. Regina não realizou a denúncia por não acreditar que, após tantos anos, algo ainda pudesse ser feito.

Ela estava enganada. Dentre os três âmbitos para os quais as denúncias de casos de erro médico podem ser realizadas, a dona de casa ainda poderia recorrer a todos eles no período da descoberta. Atualmente, ela ainda pode levar ao caso para ser investigado no âmbito administrativo, junto ao Conselho Regional de Medicina da Bahia.
O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Crem
eb) prevê que “o marco inicial para contagem do prazo prescricional pelo Cremeb ocorre a partir do conhecimento dos fatos pelo órgão”, esclarece o corregedor da autarquia federal, o conselheiro José Abelardo Meneses. Isso significa que, independentemente do tempo que se passou desde o acontecimento do erro, qualquer caso que ainda não é de conhecimento do Cremeb pode ser levado ao órgão.

A professora Camila Vasconcelos explica que o Conselho “tem por propósito proteger as normas que defendem a ética médica no país e a conduta dos profissionais nesse sentido”. Dessa forma, o lapso temporal mais ampliado para que a denúncia ocorra se dá porque “a pretensão da autarquia é avaliar os fatos conforme efetivamente aconteceram e proteger a medicina como um todo”, completa a professora. Após o conhecimento do fato pelo Cremeb, existe o prazo de até cinco anos para que o órgão comece a processar o médico.

Saiba como realizar a denúncia:


Quando a denúncia é levada ao Cremeb, é instaurada uma sindicância, que é o momento de investigação do caso, quando são identificados indícios de infração ética ou é fundamentado o arquivamento do caso diante da ausência de tais indícios. Após julgada a sindicância, se o erro for confirmado, é feita a abertura de processo ético-profissional, o momento em que se decide qual penalidade será aplicada ao médico infrator. As possibilidades de penalidade são cinco e “iniciam com a advertência confidencial em aviso reservado, passam pela censura confidencial em aviso reservado e depois para as penalidades públicas, quais sejam, censura pública em publicação oficial, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e, nos casos mais extremos, a cassação do exercício profissional”, esclarece o corregedor José Abelardo Meneses, conforme previsto em lei.

Ainda durante o julgamento do processo, o médico poderá ter o afastamento total ou parcial, temporário ou definitivo, do seu posto de trabalho, se for comprovada a sua incapacidade de exercer a profissão, assim como fica sujeito à interdição cautelar, que ocorre quando notoriamente o médico prejudica paciente ou população, o que resulta em imediato impedimento – total ou parcial – do exercício da medicina até o julgamento final do caso.

A denúncia feita ao Cremeb não resultará na prisão do médico ou no ressarcimento da vítima. Para tais reparações, a pessoa prejudicada deve procurar o âmbito judicial, pelo qual a vítima pode recorrer numa perspectiva penal ou cível.

Na perspectiva penal, a vítima pode levar o caso ao Ministério Público. Aqui na Bahia, o órgão mantém um núcleo criado especialmente para cuidar de casos na área de saúde, o Nacres (Núcleo de Apuração de Crimes Relativos a Erros na Área de Saúde). O prazo prescricional em relação ao Nacres depende do tipo de crime: nos casos em que o paciente é vítima de lesão corporal culposa, causada por imperícia, imprudência ou negligência médica, a vítima ou seu representante tem o prazo de até seis meses, após o ocorrido ou quando se tem ciência da existência do fato, para procurar o Nacres; quando trata-se de um fato que tenha causado lesão corporal ou morte, o Promotor de Justiça ouvirá a vítima ou seu representante (cônjuge, companheiro(a), filhos, pais) e tomará as medidas apropriadas.


Confirmada a ocorrência de erro, o Nacres encaminha os autos ao Juizado Especial Criminal (JECRIM), nos casos de lesão corporal culposa, ou à Vara Crime, nos casos de homicídio culposo. Ainda, se couber reparação, a vítima ou representante será orientada a constituir advogado para que se busque ressarcimento no âmbito cível.

Porém, se a vítima quiser requerer os seus direitos diretamente na seara cível, ela deverá, necessariamente, ter o acompanhamento de um advogado particular ou procurar a Defensoria Pública, para então pleitear a reparação dos danos morais ou patrimoniais sofridos. O caso poderá ser encaminhado tanto para o juizado de pequenas causas tanto para a justiça comum. O prazo para a denúncia é de cinco anos a partir do momento que o paciente toma conhecimento do erro.


É importante lembrar que, o fato de a denúncia ter sido feita em um dos órgãos aqui citados não anula a possibilidade de se realizar a denúncia nos outros dois. A vítima ou representante pode levar o caso para os três âmbitos.  

Os casos da Bahia: conheça os números

Nenhum dos casos ouvidos para essa reportagem foi levado a algum órgão que pudesse apurar os fatos e, possivelmente, punir os infratores. Porém, a denúncia é também um sinal de cuidado com a sociedade; é uma forma de evitar novos erros, perdas e danos futuros vindos desse profissional infrator.

O Conselho Regional de Medicina da Bahia revelou que, nos últimos cinco anos, oito médicos receberam penalidade de Suspensão do Exercício Profissional por 30 dias e quatro foram penalizados com a Cassação do Exercício Profissional no estado. Mas o órgão afirmou que, nesse período, entre 2012 e 2016, o número de denúncias contra médicos vem decrescendo. Em 2017, até o início do mês de dezembro, 345 sindicâncias haviam sido instauradas.


Voltando a primeira pergunta realizada nessa reportagem, finalmente, você saberia o que fazer caso fosse vítima de um erro médico? A saúde física, mental e financeira entram em jogo nessas questões e organizar esses aspectos em ordem de prioridade é necessário para reorganizar uma vida que é abalada pelo erro.

E por fim, por mais inerente que seja a possibilidade da falha ao homem, qual o é o seu grau de tolerância ao erro? Ao ser uma potencial vítima dessas situações é importante relembrar: ninguém está imune.


Professora Claudia Bacelar (UFBA) fala sobre erros médicos



Cláudia Bacelar, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, acredita que os erros médicos, por vezes, se justifiquem pela falta de conhecimento dos médicos sobre aspectos éticos e do código de ética, que aborda as normas da medicina.

Ela revela que, há menos de oito anos, quando entrou em vigência as novas diretrizes curriculares do curso de medicina, finalmente se fala de uma educação humanística e generalista, e pela primeira vez, se torna uma exigência a educação ética.

A professora explica que a educação no campo da medicina no Brasil era, até pouco tempo, uma educação “flexneriana”, na qual existia a ênfase no ensino da técnica e a crença de que a técnica, por si só, levaria à ética. Mas, segundo Cláudia, isso não aconteceu. “O grande desenvolvimento da técnica [da medicina] também tem intermediado a relação médico-paciente, de forma que o médico tem ficado cada vez mais distante do seu paciente e tem realizado os exames de forma mais rápida e apressada”, completou a médica. Todos esses fatores, por sua vez, contribuiriam com o erro.

Ela explica que na formação médica, com foco em se evitar o erro, tem, além da abordagem das questões éticas, se debruçado no estudo de casos da literatura médica e de casos que vieram a conhecimento público.

A professora, que está realizando uma pesquisa sobre o perfil do médico que infringe as normas médica na Bahia, reunindo dados dos últimos sete anos, revela que outros estudos demonstram que a maioria deles são homens, com cerca de 40 anos de idade. A especialidade na qual se comete mais erros é a de ginecologia e obstetrícia. Cláudia ainda desmistificar outras duas questões relacionadas ao erro médico: os médicos recém-formados têm menos experiência, mas são os mais cuidadosos, portanto, os que menos cometem erros e; os erros ocorrem mais em redes particulares do que no Sistema Único de Saúde (SUS). “Existe uma ideia errônea que o médico incompetente está no SUS, e não é. Essa é, na verdade, uma forma de desmoralizar o Sistema”, completa a professora da UFBA.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Campanha para reduzir cesarianas desnecessárias entra na 2ª fase em janeiro

A meta é reduzir o número de cesarianas desnecessárias, ou seja, que não tenham indicação clínica e sejam feitas apenas por conveniência das partes envolvidas, podendo, inclusive, causar prejuízos à saúde do bebê

Quando o parto é normal, mãe e bebê criam uma relação mais próxima. Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência

Com 136 maternidades participantes, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) inicia em janeiro a segunda etapa da Campanha Parto Adequado. A meta é reduzir o número de cesarianas desnecessárias, ou seja, que não tenham indicação clínica e sejam feitas apenas por conveniência das partes envolvidas, podendo, inclusive, causar prejuízos à saúde do bebê. No ano passado, 35 maternidades fizeram parte da primeira fase da campanha.

O projeto é desenvolvido em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement. Sessenta e oito operadoras de planos de saúde manifestaram interesse em apoiar o projeto.

Segundo o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar, no período de festas de fim de ano, o problema das cesarianas desnecessárias agrava-se um pouco. “Por conta das festas, a tendência é haver uma antecipação da data do parto, e o agendamento em períodos que variam entre uma a duas semanas da data adequada para que o parto fosse realizado.”

Rodrigo Aguiar disse que a antecipação do parto pode causar consequências negativas para a saúde da mãe e, principalmente, do bebê. Entre os problemas mais frequentes, o médico destacou as complicações respiratórias, considerando que o recém-nascido não está com o sistema respiratório amadurecido o suficiente para lidar com o mundo exterior.

Por causa disso, aumenta a incidência de internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais, o que afasta o bebê da mãe nos primeiros dias de vida. “Só essas duas consequências já são suficientes para a gente desincentivar essa prática”, disse o diretor da ANS.

Quando o parto ocorre de forma natural, há uma série de benefícios para o bebê. Além da relação mais aproximada que já se estabelece com a mãe, Rodrigo Aguiar ressaltou que existe uma indução muito maior ao aleitamento materno. “A mãe produz melhor o leite, e o bebê recebe, aceita e absorve melhor aquele leite”.

A criança nascida de parto normal consegue também se preparar melhor para se adaptar ao mundo externo, com maior amadurecimento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de doenças infantis, acrescentou o médico. Ele lembrou que há ainda uma recuperação mais rápida do útero e do corpo da mulher.

Dados

Na primeira fase da campanha, denominada fase “piloto”, os hospitais participantes conseguiram evitar a realização de 10 mil cesarianas desnecessárias. O número de partos normais cresceu 76%, ou o equivalente a 16 pontos percentuais, passando de 21%, em 2014, para 37%, em 2016.

Ocorreram avanços também em outros indicadores de saúde, disse Rodrigo Aguiar. Ele citou a redução do número de entradas em UTI neonatal em 14 dos 35 hospitais que participaram da campanha – as internações as passaram de 86 por mil nascidos vivos para 69 por mil nascidos vivos.

Com a adesão de mais maternidades ao projeto, Aguiar espera “resultados bem mais significativos” na segunda fase. Ele informou que, no momento, os hospitais que aderiram à campanha estão passando por uma aprendizagem presencial, em que são treinados para melhor organizar sua estrutura de parto para que eles se deem de forma natural. “Acreditamos que, até o final do ano [de 2018], consiga apresentar os resultados”.

Nos EUA, uso excessivo de analgésicos matou mais do que o câncer em 2016

Sobredoses de opioides foi responsável pela morte de mais de 40 mil pessoas; país está vivendo o que eles chamam de "crise dos opiáceos"

FreePik
Quantidade de overdose de opioides é preocupante, e presidente dos EUA já declarou a crise como emergência de saúde pública

Mais de 63 mil pessoas foram a óbito devido à administração excessiva de drogas em 2016. De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, parte dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, esse foi o ano mais letal para a epidemia de sobredosagem de drogas.

Segundo o relatório da instituição, a maioria dessas mortes estava relacionada ao uso de opiáceos - uma família de analgésicos, incluindo heroína ilícita e fentanil, além de medicamentos prescritos legalmente, os opioides , como morfina, oxicodona e hidrocodona, que ajudam no alívio da dor.

Somente no ano passado, 66% do total das mortes por uso de drogas nos EUA tiveram alguma ligação com opioides, de acordo com o documento. Isso significa que o número de óbitos passa dos 42 mil, o que é maior do que a quantidade de americanos que morrem de câncer de mama todos os anos.

Em outubro deste ano, o presidente Donald Trump declarou que o País estava vivendo o que ele chamou de “crise dos opiáceos”, e afirmou que a situação era uma emergência de saúde pública. "Como americanos, não podemos permitir que isso continue. É hora de libertar nossas comunidades desse flagelo da dependência de drogas", disse ele. "Nós podemos ser a geração que acaba com a epidemia de opióides".

Trump não estava errado ao constatar a situação como emergência. O levantamento apontou que grande parte do aumento das mortes foi impulsionada pelo crescimento do uso de opióides sintéticos ilícitos, como fentanil e tramadol.
           
A taxa de overdoses de opióides sintéticos além da metadona - um narcótico do grupo dos opióides utilizado principalmente no tratamento dos toxicodependentes de heroína e outros opióides - aumentou em média 88% ao ano desde 2013 e mais do que duplicou em 2016, quando saltou de 9.580, em 2015, para 19.413.

A heroína também continua a ser um problema, diz o relatório. Desde 2014, a taxa de mortes por sobredosagem da droga aumentou em média 19% ao ano.

Alerta nos hospitais


A crise dos opióides preocupou os médicos e colaborou para que os profissionais tivessem uma maior consciência ao prescreveram analgésicos . Entre 1999 e 2009, a taxa de sobredoses desses medicamentos subiu 13% ao ano, mas, nos anos seguintes esse aumento apresentou queda de até 3% ao ano.

Em 2009, os narcóticos prescritos estavam relacionados a 26% de todas as sobredoses fatais de drogas, enquanto a heroína estava envolvida em 9% e os sintéticos estavam ligados a apenas 8%.

Comparando com 2016, os medicamentos prescritos estavam envolvidos em 23% de todas as sobredoses mortais. No entanto, a heroína agora está envolvida em cerca de um quarto de todas as mortes por drogas, e os opiáceos sintéticos foram responsáveis por quase um terço do total.

Esses aumentos contribuíram para um acréscimo da expectativa de vida dos EUA pelo segundo ano consecutivo.

Medianeira: Corpo de bebê é exumado para esclarecimentos de Causa Mortis



Na tarde desta sexta-feira (22), o Instituto Médico Legal de Foz do Iguaçu esteve em Medianeira para realizar a exumação de Miguel Henrique.

O caso gerou bastante polêmica, pois a família de Miguel alega que o seu falecimento aconteceu por negligência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ele foi atendido.

A Advogada da família de Miguel, Dalva Fernanda Ribeiro, explicou mais sobre o motivo da exumação: "Esse procedimento está acontecendo porque no dia 12 de maio, houve o falecimento do menor Miguel, de apenas sete meses na UPA. É possível que tenha sido erro médico, então a exumação é para ter certeza sobre a Causa Mortis dele".

A exumação foi realizada pelo IML, com autorização do Poder Judiciário.

Após a exumação, o perito terá um tempo para analisar e trazer o laudo para os autos do processo. Caso o laudo dê positivo para negligência, a Advogada diz que o Médico, possivelmente, será condenado, assim como a Prefeitura Municipal, que é responsável pela Unidade.

Inquérito aponta erros em exames de grávida que acreditava esperar gêmeas mas teve só uma bebê em RR

Investigações indicaram que mulher estava grávida de um feto só e que exames estavam errados, segundo a polícia. Ela disse que está abalada com a notícia.

Segundo a polícia, três das quatro ultrassons feitas pela grávida estavam erradas
 (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Roraima)

O inquérito da Polícia Civil que investigou o suposto sumiço da bebê de uma mãe que esperava ter gêmeas na maternidade de Boa Vista apontou erros nas ultrassonografias e constatou que na verdade ela estava grávida de um só feto, informou nesta sexta-feira (22) a delegada Jaira Farias, titular do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA) e responsável pelo caso.

Segunda a delegada, foi constatado nas investigações que não houve gestação de gêmeas, mas sim erros em três dos quatro exames de ultrassom feitos pela dona de casa Ivana Figueiredo, de 40 anos.

A delegada Jaira disse que os exames tinham imagens de baixa qualidade, o que pode ter contribuído para erro médico e a falsa constatação da gravidez de gêmeas. Os exames foram feitos na rede pública e privada.

O inquérito foi finalizado na quinta-feira (21) e encaminhado à Justiça. A investigação concluiu que não houve crime e nem sumiço de nenhum bebê, já que a gestação era de apenas um feto.

A delegada disse que durante a investigação ouviu todos os profissionais que estavam no centro cirúrgico no momento do parto, que foi no dia 18 de novembro.

"Todos foram unânimes e convictos em dizer que havia apenas uma bebê", sustentou, afirmando que haviam na sala um anestesista, um pediatra, uma enfermeira e dois auxiliares de enfermagem.

As imagens das ultrassonografias feitas pela mãe foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML), onde foram periciadas. Segundo a delegada, os peritos também confirmaram que se tratava de apenas um feto.

Ela disse também que os médicos que podem ter errado nos exames estão sujeitos a responder administrativamente no Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima (CRM-RR).

"Os pais, se quiserem, também podem processar civilmente por danos morais os responsáveis pelo erro", explicou a delegada Jaira.

'Muito abalada', diz mãe

Por telefone, a mãe disse ao G1 que está muito abalada com o resultado das investigações da polícia.
Ela afirmou que ainda não sabe se vai querer processar os responsáveis pelos erros no diagnóstico da gestaçã de gêmeas. “Vou pensar nisso e só decido depois do Natal”, declarou Ivana.

CRM tem sindicância sobre o caso

Já o Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima informou apura o caso por meio de sindicância interna que está em fase de oitivas com os envolvidos.

Caso seja comprovado algum erro médico, será aberto um processo ético-profissional, que poderá resultar em punições.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Cremesp quer concluir em 2 meses sindicância sobre morte de jovem atingida por aparelho em UTI | Ribeirão e Franca





O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) espera concluir, em até dois meses, uma sindicância instaurada para apurar a morte de uma jovem atingida por um monitor cardíaco na unidade terapia intensiva (UTI) da Santa Casa de Barretos (SP).

Internada com traumatismo craniano desde 16 de setembro em decorrência de uma queda de cavalo, a estudante Beatriz Pires Cardoso, de 19 anos, piorou depois que o equipamento da UTI caiu sobre sua cabeça e morreu em 24 de setembro, segundo informações da Polícia Civil.

De acordo com o presidente da entidade, Lavínio Nilton Camarim, o parecer final deve ser emitido até fevereiro, quando já devem ter sido obtidos todos os depoimentos de funcionários do hospital. “Janeiro temos ainda um período de recesso, mas até fevereiro queremos estar com ela totalmente concluída”, disse Camarim.

Segundo ele, além das alegações da equipe da Santa Casa, o relatório final que pode ou não responsabilizar o hospital pela morte de Beatriz deve também conter informações sobre uma fiscalização feita em outubro no hospital.

“Como funcionam os monitores, como são instalados, como ficam fixados, tudo isso nós pedimos a um médico fiscal fazer todo o levantamento, porque, se houve realmente o que foi relatado à época, uma queda, então isso nós vamos seguramente apontando dentro da sindicância”, afirmou Camarim, sem detalhar as evidências da sindicância, com base no sigilo das investigações.

Caso a apuração encontre indícios de infração ética na conduta médica, o Cremesp deve instaurar um processo ético-profissional. Caso contrário, a denúncia será arquivada.

De acordo com a Polícia Civil, o pai de Beatriz procurou o 1º Distrito Policial relatando que a filha havia sofrido um tombo durante uma cavalgada em Bebedouro (SP) na tarde de 16 de setembro.

A jovem foi atendida no pronto-socorro do convênio médico, onde exames constataram traumatismo craniano. Beatriz foi transferida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bebedouro e novos exames confirmaram o diagnóstico.

O delegado Antônio Alício Simões Júnior contou que a estudante foi então levada à Santa Casa de Barretos, passou por mais exames e acabou sendo submetida a uma cirurgia na madrugada de 17 de setembro.

Em seguida, a jovem foi internada na UTI, permaneceu sedada, mas reagia aos estímulos. Naquela noite, no entanto, segundo ele, um aparelho de monitoramento instalado sobre a cama caiu na cabeça dela. O delegado relatou que Beatriz passou por nova cirurgia e foi colocada em coma induzido.

O estado de saúde da estudante se agravou e ela acabou morrendo na noite de 24 de setembro.

A Polícia Civil instaurou um inquérito por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar, para apurar se a morte ocorreu por negligência, imperícia ou imprudência médica.

Diretor do Hospital São Lucas e UPA diz que apura caso envolvendo morte de jovem

Frente do hospital São Lucas de Crateús. Foto: Google Maps


O diretor do Hospital São Lucas e UPA 24 Horas, Marcos Vinicius, afirmou que supostos casos de negligência médica envolvendo a jovem crateuense Manuela Cristina, 18 anos, estudante de direito, falecida no sábado (16) em Sobral sob suspeitas de complicações no apêndice estão sendo apurados. “Estou apurando e todas as medidas serão tomadas”, disse. Internautas criticam alguns médicos do Hospital e da UPA pela dificuldade de diagnosticar a doença da jovem, que deu entrada várias vezes seguidas na UPA, sendo encaminhada tarde demais para Sobral.

O pai da jovem, senhor Manuel Augustinho, afirmou em áudio enviado para o programa do radialista Wanks de França, estar indignado. “Ela foi pra UPA sexta, sábado, domingo e segunda e não detectaram que ela estava [problemas] com apêndice”. Senhor Manuel afirmou ainda que ao chegar no Hospital, um médico não teve coragem de solicitar que fosse levantada para analisá-la.

Ainda conforme o pai da jovem, foi solicitada uma ultrassom para ser batida no outro dia, e mesmo no outro dia após detectarem alta quantidade de pus, a jovem ainda não tinha sido diagnosticada pelos médicos. A jovem foi atendida quatro vezes na UPA e uma vez no hospital.  Para o pai da jovem, fica claro que houve negligência médica, “Foi culpa dos médicos”, disse.

Conselho de Medicina de SP arquiva investigação sobre cirurgia de Pelé





A comissão de ética do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) encerrou as investigações que apuravam suposto erro médico em cirurgia realizada no quadril de Pelé, em 2012. Sem comprovar que houve responsabilidade dos médicos brasileiros no caso, a comissão arquivou a apuração. O Rei do Futebol havia afirmado publicamente que tivera que refazer a operação em hospital dos Estados Unidos.

“De acordo com os médicos que me analisaram, teve um erro médico. Um erro na técnica dos brasileiros”, afirmou Pelé, na ocasião. O ídolo do Santos fez a operação no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e a refez no hospital Special Surgery, em Nova York, nos Estados Unidos.

O problema a ser corrigido era uma artrose, um desgaste da articulação que corrói a cartilagem na ponta do fêmur e no encaixe da bacia, segundo o médico Roberto Dantas Queiroz, que realizou a primeira operação. A assessoria de Pelé não se manifestou sobre a decisão.

Aos 77 anos, o Rei do Futebol participou da cerimônia do sorteio da Copa do Mundo na Rússia, no dia 1º deste mês, e foi festejado diante de outros ídolos, como Diego Maradona. Ele usou uma cadeira de rodas durante toda a cerimônia. Pelé anda com dificuldades, sempre com algum auxílio, e continua as sessões de fisioterapia. Sua assessoria informou que ele está de férias.

Em resposta às preocupações que apareceram após o evento na Rússia, a assessoria de Pelé negou que ele estivesse debilitado e afirmou que optou pela cadeira porque as distâncias dentro do Kremlin, onde o sorteio foi realizado, eram muito grandes.


Isto É

Saúde afasta médica que deveria ter atendimento paciente em emergência





O Governo do Estado de Sergipe pretende anunciar em caráter breve e conclusivo, os reais motivos que levaram Clailton Feitosa Godoi, de 34 anos, à morte na manhã da última segunda-feira, 11. Apelando por ajuda, sob gritos de dor, o usuário do Sistema Único de Saúde esteve nas dependências do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), quando, segundo a direção da unidade, foi atendido pela equipe médica assim que a vulnerabilidade do cidadão foi diagnosticada. Amigos e familiares de Clailton Godoi alegam que a morte do paciente se fez possível diante de uma possível negligência da equipe médica.

Diante da repercussão a qual se estende desde o dia do ocorrido, no final da manhã de ontem a direção da Secretaria de Estado da Saúde (SES), informou que a médica - a qual não teve a identidade revelada, responsável pelo serviço naquela ocasião - está temporariamente afastada das respectivas funções. A suspensão ocorre por tempo indeterminado e apenas deve obter desfecho administrativo após a conclusão do inquérito. Durante o velório do paciente familiares pediram apoio por parte do Tribunal de Justiça e de esferas federais para contribuir na investigação do sinistro. Para o amigo Luís Roberto é necessário punir com firmeza todos os responsáveis.

"É perceptível o quanto ele sofreu pedindo ajuda. Ele até poderia acabar morrendo, mas se ao menos a gente percebesse que os profissionais de lá correram para tentar salvar uma vida, a nossa dor da perda seria menor. Agora não queremos saber de desculpas esfarrapadas de gestores, queremos que os juizes, a Polícia Civil e o Ministério Público Federal acompanhem as investigações. É preciso punir todos aqueles que foram omissos com o cidadão que pedia ajuda", lamentou. De acordo com a SES, Claiton foi diagnosticado com dor torácica após consumo de substâncias químicas.

Por meio de nota pública a Secretaria de Saúde alegou que o quadro clínico fez com que ele fosse submetido a manobras de desfibrilação, compressões torácicas, intubação orotraqueal e droga vasoativa, mas veio à óbito às 12h33. Nenhuma outra informação complementar quanto ao processo de sindicância instaurado foi divulgado pela pasta; a perspectiva para conclusão do inquérito também não foi apresentada. Na avaliação prévia do superintendente do Huse, Luís Eduardo Prado, fica descaracterizado a negligência da equipe. As alegações se baseiam, segundo o gestor, com o histórico de 'zelo' dos profissionais perante os pacientes.

"Lamentamos o ocorrido, estamos investigando as causas, e não tenham duvidas de que se for comprovado algum tipo de irresponsabilidade por parte de algum profissional, este, ou estes, serão devidamente penalizados. Todas as medidas legais serão adoptadas", informou.

Internado por depressão, empresário é encontrado morto em hospital na Paraíba



O empresário Jonathan do Vale Ribeiro, natural de Araruna, foi encontrado morto na manhã do último sábado, 9, dentro do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa.

Ele havia sido internado no dia 5 de dezembro, após um surto psicótico.

Familiares denunciam que Jonathan foi assassinado dentro da unidade hospitalar.

Segundo o tio da vítima, Adaílson Bernardo, o laudo pericial dizia que o empresário morreu em decorrência de uma asfixia mecânica, o que, segundo ele, caracteriza crime.

Ele explicou que o empresário havia sido isolado por conta da gravidade do surto e não poderia receber visitas e que dias depois a família recebeu a notícia da morte.

– No laudo tinha asfixia mecânica, quer dizer que foi um assassinato. Eu não sei quem provocou esse assassinato que pode ter sido de várias formas. Agora a gente quer saber da verdade e punir os responsáveis por isso – desabafou.

Segundo Walter Franco, diretor do hospital, houve uma agressão ao empresário, mas que nada tem a ver com a causa mortis do empresário.

– Eu tenho conhecimento que na quinta-feira, houve uma pequena situação em que um paciente possa ter chegado e ter tido algum tipo de agressão com ele, mas essa não foi a causa da morte. Não tem nenhuma relação – assegurou.

Walter revelou ainda que a morte ocorreu em um lugar onde há pessoas com transtornos mentais e que problemas como esse podem ocorrer.

– Nós estamos dentro de um hospital psiquiátrico. Nós acolhemos aqui pessoas com transtornos mentais e dependentes químicos. A questão de haver uma agressão de um paciente com outro, mesmo que a equipe esteja atenta, isso pode ocorrer, basta alguém virar o rosto – apontou.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Justiça manda prender médico que tentou matar paciente devido a herança em Garça





O Tribunal de Justiça rejeitou o recurso e manteve a sentença que determina a prisão do médico médico Luiz Antônio Bruniera, condenado em agosto deste ano pelo Tribunal do Juri a oito anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado, por tentar matar paciente internado em sua clínica para ficar com a herança dele.

O decreto de prisão preventiva já foi expedido pela Justiça nesta semana. A 6ª Câmara de Direito Criminal do TJSP rejeitou o recurso do réu, mas corrigiu erro material nas penas fixadas, para reduzi-las para 5 anos e 3  meses de reclusão. 

Segundo denúncia oferecida à Justiça, o crime atribuído a Bruniera teria ocorrido em 1999, em uma clínica de repouso de sua propriedade. A vítima, um diabético internado pela segunda vez no local para tratamento de alcoolismo, alegou que foi convencida pelo médico a ceder a ele parte de sua herança. Com a morte do pai, o paciente teria herdado apartamento, lojas, prédios, terrenos e parte de um parque de diversões. Em 1997, ele já havia cedido 40% dos bens a irmã. A vítima declarou que, após receber medicação, foi visitada por grupo de advogados e assinou documento autorizando a doação de 40% da herança à clínica de repouso.

O paciente disse que estava confuso e não leu os papéis antes de assinar. Ainda conforme a denúncia, após a "doação", a unidade teria deixado de aplicar nele insulina. Além disso, a clínica teria passado a oferecer ao homem guloseimas, bolos e chocolates. Ele foi retirado do local em abril de 2000 e morreu em 2007, vítima de infarto.

O réu recorreu ao TJ alegando cerceamento de defesa, ante o indeferimento da oitiva de convocar dois peritos para depoimentos. Também pediu a absolvição alegando que a decisão do júri foi manifestamente contrária a prova dos autos.

Criança morre após 5 atendimentos e pais veem negligência médica em Rio Claro

Família levou menina de 1 ano e 5 meses quatro vezes em UPAs e uma vez a consulta particular. Fundação Municipal de Saúde vai abrir procedimento para apurar caso.


Manuelly Caroline Borges Fávaro morreu no domingo (10) (Foto: Ely Venâncio/EPTV)



Uma criança de um ano e cinco meses morreu com pneumonia em Rio Claro (SP) após passar cinco vezes por consultas médicas. Os pais acreditam que houve negligência nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e registraram um boletim de ocorrência.


A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) instaurou inquérito policial para apurar os fatos e irá agendar os depoimentos dos envolvidos.


A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro informou nesta quinta-feira (14) que ao tomar conhecimento do caso determinou a abertura de um procedimento investigatório para apurar o que aconteceu.


“Nesse procedimento, em se havendo a comprovada culpabilidade dos servidores envolvidos, os mesmos deverão sofrer as sanções previstas em lei”, diz a nota.

Busca por atendimento



A família contou que enfrentou uma peregrinação em busca de atendimento. Durante mais de uma semana, pai e mãe levaram a pequena Manuelly Caroline Borges Fávaro várias vezes ao médico. “Estamos despedaçados, isso dói demais”, disse o pai, Bem Hur Fávaro Borges.


No começo do mês, Manuelly apresentou tosse, respiração ofegante, vômitos e palidez. O plano de saúde particular não atendeu porque mãe tinha sido demitida dias antes.


Os pais então foram à UPA da Avenida 29. Segundo eles, o pediatra diagnosticou problemas de garganta e receitou expectorantes, antiinflamatórios, inalação por quatro dias e liberou a menina, que não melhorou.


No dia seguinte os pais levaram a criança até a UPA do Cervezão com os mesmos sintomas. O médico passou antibióticos, mas o atendimento foi com um clínico geral porque não havia pediatra no local.


“Você chega na madrugada, vê sua filha sua passando mal, corre em uma UPA e não tem um pediatra para atender a criança, isso eu não acho correto”, disse Borges.

Consulta particular


Preocupados, os pais marcaram uma consulta com um médico particular. Ele confirmou o diagnóstico do clínico geral e manteve a medicação. Sem melhora no quadro, a família levou a menina novamente à UPA do Cervezão.

Uma pediatra receitou sete injeções que deveriam ser tomadas todos os dias durante uma semana. A medica pediu raio x e constatou a pneumonia.


Logo que começou a tomar a medicação, a menina teve uma melhora, mas no quarto dia o quadro se agravou. A família levou a criança mais uma vez à UPA da Avenida 29. Por coincidência, a menina passou com o primeiro pediatra, o mesmo que disse ser apenas um problema de garganta.

Manuelly recebeu atendimento, mas teve uma parada cardíaca e depois de passar por cinco atendimentos com quatro profissionais diferentes, a criança morreu no último domingo (10).

Na cópia do atestado de óbito consta problemas cardíacos, insuficiência respiratória e pneumonia extensa.


Ela não estava sendo atendida adequadamente. Quero que seja feita justiça no sentido que não aconteça com outras famílias. Ela tinha todo um futuro pela frente, que foi interrompido por pessoas que não tem um profissionalismo”, disse o pai.