sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Conselho Regional de Medicina vai apurar suposto erro médico no HR de Aquidauana



(*Fotos: arquivo e divulgação)


O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) instaurou sindicância para apurar um suposto erro médico ocorrido com uma gestante no Hospital Regional Dr. Estácio Muniz, na cidade de Aquidauana. O médico Alberto Cubel Brull Júnior, corregedor do Conselho, encaminhou ofício à irmã da gestante, responsável por trazer o caso à tona, solicitando que ela manifeste por escrito o interesse de figurar como denunciante no processo instaurado pelo órgão.

Durante sessão desta semana na Câmara Municipal, o vereador Edinho Grance (DEM), vice-presidente da Comissão Permanente de Saúde da Casa de Leis, que acompanha o caso, disse que a irmã da gestante já manifestou o seu interesse em atuar como denunciante.

A solicitação tem como base uma “carta consulta”, enviada por meio de ofício, no último dia 05 de outubro, pelo diretor-clínico do hospital, o médico Marcos Rogério Clemente de Araújo, o qual pede ao Conselho a apuração de fatos narrados pela denunciante envolvendo dois médicos – ambos atenderam a gestante no dia do ocorrido.

No mesmo ofício, o diretor-clínico havia informado ao CRM que a denúncia da irmã da gestante, feita de forma manuscrita, tinha sido protocolada na Câmara Municipal no dia 20 de setembro deste ano.

A Comissão Permanente de Saúde da Câmara de Aquidauana, também através de ofício, havia solicitado ao diretor-administrativo do Hospital Regional, Joacir Gomes Mendes, esclarecimentos relacionados à denúncia, com o objetivo de que fossem tomadas as medidas legais.

O mesmo processo investigatório foi instaurado pelo MPE (Ministério Público Estadual), após o recebimento da denúncia por parte dos familiares da vítima.

Entenda o caso

A Casa de Leis recebeu a denúncia, formalizada por meio de uma carta manuscrita, no último dia 20 de setembro. O conteúdo narra eventuais irregularidades praticadas por profissionais de serviço com a paciente Yvy Sthefany Alves de Góes.

Escrita pela irmã da gestante, a carta diz que Yvy tinha gravidez considerada de alto risco e vinha sendo acompanhada por um médico fixo até o fim do seu pré-natal. Após nove meses de gestação, ele a encaminhou ao Hospital Regional, no dia 29 de agosto, para que fosse submetida ao trabalho de parto pelo profissional de plantão.

Ainda conforme a carta, o médico plantonista daquela data, após examinar a paciente, disse que ela ainda não se encontrava em trabalho de parto e pediu para que aguardasse até o dia seguinte, quando seria atendida pelo próximo plantonista.

A irmã da gestante relata que o médico que assumiu o plantão no dia posterior se recusou a efetuar o procedimento de parto, por não conhecer a paciente e não querer assumir um risco. A mulher tentou explicar que a irmã dela estava perdendo um líquido estranho, com aspecto de fezes, mas, mesmo assim, na versão dela, o plantonista continuou se negando a fazer o parto.

Posteriormente, a responsável pela denúncia conta que o médico plantonista do dia anterior precisou retornar ao Hospital Regional, onde realizou o parto de Yvy, com o auxílio do médico que havia se recusado a assumir sozinho o trabalho. Segundo ela, o procedimento durou duas horas, porém, a suspeita de que havia algo errado aumentou quando viu a enfermeira passar correndo com o bebê para uma sala ao lado.

“Fui até ela [enfermeira] e perguntei o que estava acontecendo. Ela respondeu que estava tudo bem com a criança, que se encontrava na incubadora para melhorar a respiração. Até o fim do dia, iria para o quarto com a mãe”, conta a irmã de Yvy.

No entanto, o estado de saúde do recém-nascido piorou, e um pediatra informou que ele teria de ser encaminhado às pressas para Campo Grande, devido ao seu grave estado clínico. O bebê chegou a defecar na barriga da mãe e teve os pulmões afetados por um problema na respiração. A criança foi levada para Campo Grande, onde permaneceu por 15 dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Após receber alta, passou por uma lenta fase de recuperação.

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