Com uma microcâmera, RJTV mostrou salas superlotadas, falta de medicamentos e equipamentos quebrados, além do desespero de pacientes.
Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, passa por graves problemas em 2017 (Foto: Reprodução / TV Globo) |
Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) vai entrar com um processo contra a prefeitura do Rio pela situação de calamidade que vive o hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade. A equipe do RJTV entrou na unidade, e com uma microcâmera mostrou salas superlotadas, falta de medicamentos e equipamentos quebrados.
"Vamos encaminhar essas informações, esse relatório da fiscalização será encaminhado para o ministério público. Será encaminhando para a defensoria pública, será encaminhado a secretaria municipal de saúde solicitando esclarecimentos. Será encaminhando ao setor de processo ético do Cremerj e o jurídico do Cremerj vai entrar com uma ação de obrigação de fazer, que é na verdade um pedido de uma liminar cobrando que o município, a secretaria municipal e o município supram a unidade de que tudo que ela precisa para funcionar com o mínimo de segurança pros pacientes ali assistidos. Todas essas atitudes serão, estão sendo e serão tomadas pelo Cremerj", explicou Gil Simões, conselheiro do Cremerj.
Dificuldades para pacientes
Na sala amarela, onde ficam 32 pacientes atualmente, a capacidade é de 20. Funcionários dizem também que não cabe mais ninguém no CTI, e que existem pacientes em estado gravíssimo internados na sala vermelha da emergência, sem monitoramento.
Faltam medicamentos considerados essenciais, como remédios para dores, para crises respiratórias, para tratamento de enfartes, calmantes e remédios que controlam convulsões. Faltam também gaze, esparadrapo e fraldas.
Equipamentos também estão quebrados. Não foram consertados, nem substituídos. Nessa lista há aparelhos como eletrocardiograma. O tomógrafo, por exemplo, está sem funcionar há uma semana.
A mãe da Liliane e da Edilaine tá internada depois de um acidente vascular cerebral, e precisa fazer uma tomografia urgente. "Ela entrou direto para a sala vermelha, ficamos ali fora no desespero, sem saber o que estava acontecendo. O segurança falou que minha mãe ia ficar internada, mas não tinha tomografia para ela bater", explicou Liliane nascimento de Souza .
"A gente faz medicina de guerra"
No hospital em que falta tudo, não é só quem precisa de socorro que enfrenta dificuldades: os médicos também sofrem. Sob condição de anonimato, uma médica falou ao RJTV sobre a situação vivida pelos profissionais de saúde atualmente.
"A gente sobrevive, assim como os pacientes estão sobrevivendo. Infelizmente a gente não pode falar pra você que a gente trabalha. A nossa sensação, acredito que minha e dos outros colegas é que a gente está simplesmente enxugando gelo. A gente infelizmente não consegue resolver a situação do paciente. A gente fica numa situação, a gente está aqui, nosso conhecimento está aqui, nossas mãos, enfim, estão aqui, mas a gente não tem material para fazer o que deveria para o doente. "
"A gente faz medicina de guerra. A nossa sensação é que a gente está aqui fazendo medicina de guerra, a gente se vira literalmente com que a gente tem. O que é muito pouco. A gente já está no século vinte e um, a medicina cada dia vai progredindo mais e a gente não consegue progredir. A medicina está progredindo, mas a saúde pública não.", lamentou a médica.
Resposta da Prefeitura
Segundo nota da prefeitura do Rio, os hospitais municipais Pedro II e Rocha Faria são unidades de urgência e emergência e não recusam pacientes que necessitem de atendimento. Devido à demanda aumentada dos últimos tempos, alguns setores podem funcionar com lotação acima da ideal, como as salas amarelas. Os centros de Terapia Intensiva (CTIs) também operam dentro do limite da capacidade do setor.
A direção do Rocha Faria afirmou que o reabastecimento da unidade com insumos e medicamentos vem sendo feito e não há, no momento, nenhuma falta que impeça o atendimento aos pacientes. Vale ressaltar que algumas faltas pontuais podem ocorrer devido ao cronograma dos fornecedores.
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