Dona de casa afirma que levou a filha três vezes à unidade e que a doença não foi diagnosticada. Prefeitura diz que fez encaminhamento da paciente para a Santa Casa.
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A mãe de um bebê de nove meses acusa a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) em Barretos (SP) de negligência médica após a morte da criança. Segundo Juliana de Oliveira Pereira, a filha foi atendida três vezes no local, mas o diagnóstico de coqueluche, doença que a matou, só foi dado na Santa Casa depois que ela procurou a instituição por causa da piora da menina.
“Não estou conformada, choro toda hora. É uma dor que eu não sei onde por. É muito dolorido a perda de um filho”, diz.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Luíza. Segundo o delegado Antônio Alício Simões Júnior, os prontuários médicos da criança serão solicitados à UPA e à Santa Casa.
A Prefeitura de Barretos informou que nos registros constam duas passagens da menina pela UPA. Informou ainda que vai aguardar o laudo médico dos exames de autópsia realizados na criança para decidir pela abertura de processo administrativo para apurar o caso.
Atendimento
Juliana afirma que procurou a UPA pela primeira vez no dia 5 de novembro após a filha apresentar sintomas como tosse e dificuldade para respirar. Segundo a mãe, a criança recebeu tratamento para bronquiolite, uma inflamação nas vias aéreas, e foi liberada. Como não melhorou, a mãe tornou a buscar atendimento nos dias 9 e 11.
“Eles atenderam ela, não declararam o hemograma completo pra ela, só fizeram raio-x. Deu a receitinha e mandou embora pra casa. Isso, eu três dias indo lá com ela.”
Desconfiada do quadro de saúde da filha, Juliana diz que procurou a Santa Casa no dia 12 de novembro e foi informada por uma médica que a filha estava com coqueluche.
“A doutora deu corticóide, porque ela estava com muita falta de ar, deu inalação e mandou embora para casa. Se não melhorasse, era para voltar aqui e internar ela. Ela tossia muito, muito, muito. Ficava muito roxa e vomitava.”
No dia seguinte, a família retornou ao hospital e Luíza foi internada. Ela ficou oito dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu. A certidão de óbito aponta insuficiências respiratória e renal aguda, choque séptico, pneumonia e coqueluche como causas da morte.
Para Juliana, a morte da filha foi causada pela ausência de um diagnóstico preciso nas três vezes em que passou pela UPA. Inconformada, a avó do bebê quer que seja feita justiça. Luciana Alves de Oliveira chora ao se lembrar dos preparativos para a festa do primeiro aniversário da neta.
“Eu estava preparando tudo para a festinha de um aninho dela, estava arrumando tudo. De repente, ela ir embora desse jeito. Tá doído demais. A família toda não quer aceitar. Está muito difícil essa situação para todos nós. Uma bebê tão forte, tão linda.”
De acordo com o delegado, a documentação da paciente será encaminhada a um perito para que seja analisada a compatibilidade do tratamento ministrado.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Barretos informou que Luíza foi atendida na UPA no dia 26 de outubro, quando recebeu encaminhamento para a Santa Casa, e no dia 10 de novembro, quando foi atendida e a mãe foi orientada a retornar à unidade para exames, caso não a menina não apresentasse melhora.
A Prefeitura vai aguardar o laudo médico da autópsia para decidir sobre a investigação.
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