O ICTQ traçou o mapa de automedicação no País, Goiânia ficou em 1º lugar
Os medicamentos são essenciais para o alívio dos males do corpo humano, mas deve-se tomar cuidado na hora de consumi-los, ainda que se tenha prescrição médica. O consumo incorreto pode agravar a doença pelo simples fato de se ter tomado com líquidos que não são recomendáveis ou por não tomar no horário certo.
Pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que 50% da população mundial faz o uso incorreto de algum tipo de medicação. Na intenção de curar uma dor ou uma doença, o paciente pode acabar atrapalhando o tratamento caso não saiba como consumir corretamente os medicamentos receitados pelo médico.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o uso indevido de medicamentos causou a morte de 365 pessoas entre 2008 e 2012. A cada ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir remédios de forma errada. Em 2014, o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) traçou o mapa de automedicação no país, Goiânia ficou em 1º lugar da cidade em que mais tem consumo de antibióticos sem receita médica.
Dados da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) constatam que os medicamentos são responsáveis por mais de 30% das intoxicações humanas no País. Levantamento realizado pelo Centro de Informação Toxicológica de Goiás (CIT/GO), órgão vinculado à Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado, mostra que entre o período de janeiro de 2015 a março de 2017 Goiás registrou 4.132 intoxicações consequentes de automedicação.
Para a pedagoga Maria Francisca Leles Almeida a automedicação acaba sendo uma necessidade recorrente. “Às vezes me automedico, principalmente porque tenho enxaqueca e não suporto dor de cabeça. Tomo remédio se alguém me indica algum que é bom para dor de cabeça”, justifica. Maria acredita que o consumo de medicamentos, sem recomendação médica, nunca afetou sua saúde. “Nunca senti nada de diferente, até porque não tomo exageradamente os remédios para que possa sentir mal”, avalia.
A pedagoga reconhece os riscos que a automedicação pode causar à saúde. “Sei que faz mal a automedicação e os riscos que estou sujeita, mas para muitos que dependem de rede pública, meu caso, e nem sempre é atendido no momento que precisa, é quase inevitável a automedicação. Em função dessa demora estou esperando para fazer uma tomografia, um exame com um neuro, já faz um tempo e não consegui marcar. Então é em função disso que, às vezes, a gente faz automedicação”, considera.
ERROS COMUNS
O gerente farmacêutico Adriano Umbelino observa que não seguir o tempo certo de tratamento é um erro frequente o qual pode resultar em danos sérios à saúde do paciente. Isso porque, ele explica, as pessoas têm o costume de parar o tratamento assim que os sintomas da doença passam, no entanto, essa postura está errada, é preciso seguir a prescrição médica. No caso de antibióticos, por exemplo, o tratamento é de, no mínimo, 5 a 14 dias, e se não segui-lo o paciente pode criar resistência e novamente ficar doente.
Não obedecer os horários, ele adverte, isso faz com que o relógio biológico do corpo rejeite os efeitos. “Se deixar de tomar nos horários certos acaba alterando o ciclo de ação para fazer o efeito da medicação”, explica o gerente. Os farmacêuticos têm a função de orientar os pacientes quanto à forma correta de ingestão dos medicamentos receitados pelos médicos.
Adriano descreve que tomar os medicamentos com líquidos inadequados também é um erro comum. Ele esclarece que não se deve tomar os medicamentos com leite, suco ou café. O correto é beber com água. O leite, por exemplo, faz com que a absorção seja lenta. Outra bebida proibida é o álcool, visto que misturada com certos tipos de medicação pode causar efeitos colaterais. “A mistura de remédios para ansiedade, por exemplo, com bebidas alcoólicas, gera mais sono e pode causar uma parada respiratória com risco de acidentes”, exemplifica. Além disso, é preciso atentar para a orientação sobre ingerir com estômago cheio ou vazio.
Outro erro comum é retirar o conteúdo da cápsula ou triturar o comprimido. O farmacêutico informa que a cápsula que reveste alguns remédios protege a mucosa da boca e do esôfago do contato com a medicação e a retirada do seu interior pode causar inflamações. “Vai fazer uma degradação até a chegada no estômago, podendo prejudicar o tratamento e causar irritação nas vias orais e nasais”. Outra prática comum é a trituração do comprido, prática que pode resultar em uma intoxicação, já que o corpo vai absorver a substância mais rápido do que deveria. Quem tem dificuldade em ingerir deve procurar seu médico para buscar alternativas. Também não se deve engolir comprimidos sublinguais, é preciso esperar que derretam sob a língua.
Não menos importante o especialista orienta sobre a importância de não se fazer o descarte de remédios vencidos em lixo comum, pois fazendo isso, outras pessoas podem entrar em contato com a medicação e até ingeri-la. Outro problema é que infiltrem no solo e alterem a reprodução de pequenos animais. O correto é procurar a farmácia mais próxima e buscar mais informações sobre postos de coleta.
Sobre a automedicação, Adriano ressalta que a dica mais valiosa de todas é não se automedicar. “É preciso seguir as recomendações de médicos e farmacêuticos e não de vizinhos, amigos ou familiares. A automedicação pode prejudicar a saúde, e cada pessoa tem um sistema imunológico diferente de outros”, conclui.
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