segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Criança morre após 5 atendimentos e pais veem negligência médica em Rio Claro

Família levou menina de 1 ano e 5 meses quatro vezes em UPAs e uma vez a consulta particular. Fundação Municipal de Saúde vai abrir procedimento para apurar caso.


Manuelly Caroline Borges Fávaro morreu no domingo (10) (Foto: Ely Venâncio/EPTV)



Uma criança de um ano e cinco meses morreu com pneumonia em Rio Claro (SP) após passar cinco vezes por consultas médicas. Os pais acreditam que houve negligência nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e registraram um boletim de ocorrência.


A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) instaurou inquérito policial para apurar os fatos e irá agendar os depoimentos dos envolvidos.


A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro informou nesta quinta-feira (14) que ao tomar conhecimento do caso determinou a abertura de um procedimento investigatório para apurar o que aconteceu.


“Nesse procedimento, em se havendo a comprovada culpabilidade dos servidores envolvidos, os mesmos deverão sofrer as sanções previstas em lei”, diz a nota.

Busca por atendimento



A família contou que enfrentou uma peregrinação em busca de atendimento. Durante mais de uma semana, pai e mãe levaram a pequena Manuelly Caroline Borges Fávaro várias vezes ao médico. “Estamos despedaçados, isso dói demais”, disse o pai, Bem Hur Fávaro Borges.


No começo do mês, Manuelly apresentou tosse, respiração ofegante, vômitos e palidez. O plano de saúde particular não atendeu porque mãe tinha sido demitida dias antes.


Os pais então foram à UPA da Avenida 29. Segundo eles, o pediatra diagnosticou problemas de garganta e receitou expectorantes, antiinflamatórios, inalação por quatro dias e liberou a menina, que não melhorou.


No dia seguinte os pais levaram a criança até a UPA do Cervezão com os mesmos sintomas. O médico passou antibióticos, mas o atendimento foi com um clínico geral porque não havia pediatra no local.


“Você chega na madrugada, vê sua filha sua passando mal, corre em uma UPA e não tem um pediatra para atender a criança, isso eu não acho correto”, disse Borges.

Consulta particular


Preocupados, os pais marcaram uma consulta com um médico particular. Ele confirmou o diagnóstico do clínico geral e manteve a medicação. Sem melhora no quadro, a família levou a menina novamente à UPA do Cervezão.

Uma pediatra receitou sete injeções que deveriam ser tomadas todos os dias durante uma semana. A medica pediu raio x e constatou a pneumonia.


Logo que começou a tomar a medicação, a menina teve uma melhora, mas no quarto dia o quadro se agravou. A família levou a criança mais uma vez à UPA da Avenida 29. Por coincidência, a menina passou com o primeiro pediatra, o mesmo que disse ser apenas um problema de garganta.

Manuelly recebeu atendimento, mas teve uma parada cardíaca e depois de passar por cinco atendimentos com quatro profissionais diferentes, a criança morreu no último domingo (10).

Na cópia do atestado de óbito consta problemas cardíacos, insuficiência respiratória e pneumonia extensa.


Ela não estava sendo atendida adequadamente. Quero que seja feita justiça no sentido que não aconteça com outras famílias. Ela tinha todo um futuro pela frente, que foi interrompido por pessoas que não tem um profissionalismo”, disse o pai.


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