sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Professora Claudia Bacelar (UFBA) fala sobre erros médicos



Cláudia Bacelar, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, acredita que os erros médicos, por vezes, se justifiquem pela falta de conhecimento dos médicos sobre aspectos éticos e do código de ética, que aborda as normas da medicina.

Ela revela que, há menos de oito anos, quando entrou em vigência as novas diretrizes curriculares do curso de medicina, finalmente se fala de uma educação humanística e generalista, e pela primeira vez, se torna uma exigência a educação ética.

A professora explica que a educação no campo da medicina no Brasil era, até pouco tempo, uma educação “flexneriana”, na qual existia a ênfase no ensino da técnica e a crença de que a técnica, por si só, levaria à ética. Mas, segundo Cláudia, isso não aconteceu. “O grande desenvolvimento da técnica [da medicina] também tem intermediado a relação médico-paciente, de forma que o médico tem ficado cada vez mais distante do seu paciente e tem realizado os exames de forma mais rápida e apressada”, completou a médica. Todos esses fatores, por sua vez, contribuiriam com o erro.

Ela explica que na formação médica, com foco em se evitar o erro, tem, além da abordagem das questões éticas, se debruçado no estudo de casos da literatura médica e de casos que vieram a conhecimento público.

A professora, que está realizando uma pesquisa sobre o perfil do médico que infringe as normas médica na Bahia, reunindo dados dos últimos sete anos, revela que outros estudos demonstram que a maioria deles são homens, com cerca de 40 anos de idade. A especialidade na qual se comete mais erros é a de ginecologia e obstetrícia. Cláudia ainda desmistificar outras duas questões relacionadas ao erro médico: os médicos recém-formados têm menos experiência, mas são os mais cuidadosos, portanto, os que menos cometem erros e; os erros ocorrem mais em redes particulares do que no Sistema Único de Saúde (SUS). “Existe uma ideia errônea que o médico incompetente está no SUS, e não é. Essa é, na verdade, uma forma de desmoralizar o Sistema”, completa a professora da UFBA.

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