domingo, 31 de março de 2019

Criança morre após 15 horas em fila de hospital


A família de Diogo Soares Carlo Carmo, de 5 anos, que morreu após esperar por atendimento por mais de 15 horas, está revoltada. Ele faleceu no corredor do Hospital Materno Infantil, em Goiânia. Um vídeo mostra o desespero da mãe do menino após saber da morte do filho.

Quando [funcionários] chegaram correndo, correram com ele para dentro falando que iam reanimar o menino, mas já estava morto. Meu sobrinho morreu num corredor, meu sobrinho não volta mais, quantas crianças vão ter de morrer?”, desabafa a tia Divina Soares de Almeida.

Portador de Síndrome do Down, Diogo morreu na tarde de quinta-feira (28), onde deu entrada pela manhã. O corpo dele foi enterrado nesta tarde em um cemitério municipal de Goiânia.

Saga por atendimento

Diogo passou mal na segunda-feira (25), e os pais o levaram ao Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais) de Campinas. “Estava com suspeita de dengue, passaram medicação, retornou para casa”, disse Vinícius Alexandre, tio do garoto.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, em nota, que o paciente foi atendido “com queixas de alergia e febre naquele dia. O exame de sangue estava normal. Ele recebeu atendimento e foi medicado de acordo com o quadro clínico que se apresentou no momento”.
Como o menino não melhorou, os pais o levaram na quinta-feira (28) ao HMI. A unidade está superlotada e interna pacientes em cadeiras da sala de espera e corredores. Em uma das cadeiras, estava Diogo.
O menino deu entrada no HMI com prioridade amarela. Isto significa que o paciente precisa de atendimento médico, mas sem risco imediato.
Por e-mail, a Secretaria de Estado da Saúde disse que “a criança foi atendida e permaneceu nas cadeiras com a mãe, recebendo o tratamento prescrito e aguardando vaga em leito”.
“Porém, o quadro da criança evoluiu com muita gravidade não respondendo às manobras de ressuscitação na sala de reanimação, e às 13:55 foi constatado óbito”, afirma.
O corpo de Diogo foi encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), para elucidação da causa da morte.

Investigação

Conselheiros tutelares visitaram o hospital na manhã desta sexta-feira e constataram que a unidade segue superlotada. “Estamos requisitando aqui do Cais de Campinas e do HMI o prontuário para saber o que aconteceu. Se houve negligência médica, vamos fazer representação junto ao Ministério Público e à Polícia Civil”, afirmou o conselheiro Diego Peres.
A direção do hospital disse que também vai apurar as circunstâncias da morte da criança. “Nós vamos investigar, vamos ver direitinho o que aconteceu, mas garanto que não houve problema de atendimento. Eu acho precoce ainda a gente afirmar uma coisa dessas, a gente tem crianças que evoluem muito rapidamente para o óbito independente da unidade em que está”, disse Rita de Cássia Leal.

A falta de leitos no HMI foi denunciada em outras situações por pais de pacientes que também estavam recebendo tratamento nos corredores da unidade. Mães relataram que estavam há dias com os filhos em cadeiras.
Na época, a administração do hospital informou que a superlotação ocorria por falta de especialistas na rede pública municipal. Outra razão apontada foi a política deles de não negar atendimento a quem os procura, mesmo que os casos sejam menos complexos do que os usualmente recebidos pelos médicos do local.
Também na época das denúncias, a a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que planeja inaugurar uma maternidade ainda este ano para desafogar o atendimento pediátrico.

Desabafo de médica

Antes da morte de Diogo, no domingo (24), uma pediatra escreveu uma carta de desabafo sobre a situação do hospital. Na ocasião, havia dois médicos de plantão para consultas, partos, análise de pacientes e orientação de residentes: “Trabalhamos ininterruptamente o dia todo”.
Mesmo depois de 12 horas de plantão, a pediatra disse que não teve coragem de ir embora e deixar os pacientes. Ela também cita a situação das enfermeiras: “Enfermagem reduzida trabalhando, incansavelmente, com inúmeros medicamentos para fazer e mães para atender”.
“Tínhamos nas cadeiras pacientes de UTI, de enfermaria de alta complexidade, pós-operatório. E consultas que não paravam de chegar. Sensação de estar em um barco à deriva e sem esperanças de melhoras”, relata.













Medo impede que mulheres denunciem casos de violência obstétrica, aponta deputado

Até o momento, a Comissão Permanente de Saúde da ALMS não tem casos registrados


Presidente da Comissão de Saúde da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual Antônio Vaz (PRB) aponta que, entre os principais fatores que influenciam na subnoticação de casos de violência obstétrica em Mato Grosso do Sul, está o fato de que as mulheres têm medo de denunciar por precisar usar o serviço futuramente.

Primeiro é preciso entender o que caracteriza a violência obstétrica. Neste sentido, o deputado explica: "é aquela em que a mulher sofre durante o atendimento ao pré e pós parto e durante o trabalho de parto propriamente dito. Essa violência é comprovada pelo grande número de denúncias".

Depois, o que ocorre para que os casos sejam pouco investigados. "A mulher não denuncia por temor de ver o seu atendimento prejudicado, caso necessite novamente do serviço do hospital. São situações inadmissíveis, justamente quando a mulher está mais vulnerável e precisa de acolhimento e atenção. Essa atenção especial à mulher faz parte do plano do Ministério da Saúde no programa de humanização do atendimento, o Humaniza SUS", lembra.

Tanto é que a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa não tem casos registrados de violência obstétrica, mesmo com as várias denúncias na mídia. Apesar de os registros serem poucos, o parlamentar entende que é necessário fazer um trabalho de conscientização dos profissionais da saúde para melhorar o tratamento às mães grávidas e em período de puerpério (em que a mulher acabou de ter o bebê).

"Como presidente da comissão permanente de saúde da ALMS, apoio medidas que possam minorar essa situação. A exemplo da recomendação da Promotora de Justiça, Dra Daniela Cristina Guiotti, que determinou em junho de 2018, a adoção de medidas educativas simples, como cartazes e palestras para trabalhadores que estão diretamente no cuidado de mulheres como as enfermeiras, médicos, técnicos, etc", destaca Vaz.
Deputado estadual Antônio Vaz 
Denúncias

Somente neste ano, o TopMídiaNews denunciou diversos casos envolvendo mães que passaram traumas de violência obstétrica. Um deles foi com Paulina Brunielle do Nascimento, de 21 anos, que sentiu na pele o que acredita ter sido negligência médica após passar por parto normal no Hospital Universitário, em Campo Grande.

Somente neste ano, o TopMídiaNews denunciou diversos casos envolvendo mães que passaram traumas de violência obstétrica. Um deles foi com Paulina Brunielle do Nascimento, de 21 anos, que sentiu na pele o que acredita ter sido negligência médica após passar por parto normal no Hospital Universitário, em Campo Grande.

A jovem foi internada no dia 14 deste mês. Com fortes dores abdominais, dor de cabeça e febre. Uma semana após o parto, ela teve uma surpresa ao tomar banho. No último dia 21, ao fazer força, ela expeliu um pano do seu canal vaginal, que estaria apodrecendo em seu corpo. 







Menina de 2 anos morre e família denuncia negligência médica

Criança apresentava quadro de febre, cansaço e falta de ar e foi diagnosticada com inflamação na garganta. Ela faleceu em decorrência de choque séptico (infecção), pneumonia, anemia e desnutrição
Família de menina acusa médica de ambulatório de erro de diagnóstico.

Foram dias de febre, cansaço e falta de ar, até que Andreza Silva, de 2 anos, morreu na última quinta-feira (28) quando era levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes, na parte alta de Maceió. A família afirma que esteve com a menina na terça-feira (26) no Ambulatório 24 Horas Denilma Bulhões onde a médica de plantão diagnosticou uma inflamação na garganta e receitou antibiótico e analgésico.

Como a menina não melhorava, ela foi levada outras duas vezes na unidade de saúde, até que, na quinta, a criança não resistiu e morreu depois de sofrer paradas cardíacas. Agora os parentes acusam a equipe que atendeu a criança de negligência, que morreu em decorrência de choque séptico (infecção), pneumonia, anemia e desnutrição. “Se tivessem diagnosticado o problema, ela teria sido internada e sobreviveria. Como uma médica não reconhece os sintomas de um problema que pode matar uma criança?”, questionou o tio Bruno da Silva.

Ele afirma que a família pretende processar a médica que diagnosticou inflamação na garganta e também o Estado de Alagoas.

O que diz o Ambulatório?

De acordo com a supervisão do Ambulatório Denilma Bulhões, a paciente recebeu assistência nas ocasiões em que a criança esteve na unidade, conforme prevê o protocolo preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que antes de procurar a assistência no ambulatório, no dia 26 de março, a menina recebeu atendimento no Posto Municipal Hamilton Falcão, segundo teria relatado a própria mãe, que não sabia informar se a caderneta de vacinação da filha estava em dia.

Relatou ainda que a paciente apresentava uma lesão no lábio, além de tosse e febre, há uma semana e que, após ser examinada pela médica e não apresentando sintomas que justificassem um encaminhamento para internação, uma vez que a criança estava, segundo a secretaria, ativa, corada e os aparelhos respiratório e cardíaco não apresentavam alteração, a paciente foi medicada e liberada, recebendo as orientações para que continuasse o tratamento em sua residência.

No dia seguinte, 27 de março,  segundo a Sesau, a mãe retornou ao ambulatório, informando que a criança continuava febril e relatou que ela apresentava uma lesão no terceiro dedo da mão esquerda e que já estava fazendo uso de Amoxicilina, prescrita em outra unidade de saúde. Mais uma vez, a criança foi examinada, medicada e, novamente, por não apresentar sintomatologia para internação, foi liberada e a mãe recebeu a orientação para retornar à unidade se houvesse piora do quadro clínico, o que não ocorreu.

Na quinta, 28 de março, a menina entrou em óbito durante atendimento na UPA do Benedito Bentes. “A supervisão do Ambulatório Denilma Bulhões salienta que está à disposição da família para prestar os esclarecimentos necessários, como fez na quinta-feira, quando o pai da criança esteve na unidade e recebeu cópia do Prontuário Médico, atestando que a conduta adotada atendeu ao que prevê a assistência pré-hospitalar em saúde”, diz a nota da Sesau.








Possível caso de negligência é alvo de investigação na Câmara de Vereadores de Rio das Ostras

Paula Rodrigues dos Santos Martins, que tinha 37 anos, demorou mais de cinco dias para ter o quadro diagnosticado., alega família.
Possível caso de negligência é alvo de investigação na Câmara de Vereadores de Rio das Ostras
Um caso suspeito de negligência médica por parte da Secretaria de Saúde de Rio das Ostras será alvo de investigação da Comissão da Saúde da câmara de vereadores, que pretende analisar supostas irregularidades na rede pública. Paula Rodrigues dos Santos Martins, morreu após dar entrada no Pronto Socorro Municipal de Rio das Ostras, a família afirma que a mulher, que tinha 37 anos, que teve um AVC hemorrágico, demorou mais de cinco dias para ter o quadro diagnosticado, já que o aparelho de tomografia do município está quebrado.

De acordo com a mãe de Paula, Carmem Lucia, somente dois dias após sua filha dar entrada no hospital e ser dispensada pelo médico, conseguiram agendar o seu exame, em Búzios. Mas no meio do caminho, a ambulância que levava Paula para realizar o procedimento quebrou, e no calor a jovem ficou uma hora aguardando a substituição do veículo.

Carmem ainda denuncia, que mesmo os médicos sabendo do AVC, só transferiram Paula para o hospital no dia seguinte, mas a espera foi longa, e a jovem acabou morrendo.

PREFEITURA RESPONDE:

Em nota a prefeitura disse que sobre a questão do inquérito, ainda não foi notificada oficialmente. Informou ainda que a paciente Paula Rodrigues da Silva Martins esteve no Pronto Socorro Municipal de Rio das Ostras, no dia 08/03/2019, às 18h26, com um quadro de dor de cabeça e hipertensão, sem nenhum sintoma que levasse a suspeitar de um episódio neurológico. Ela foi atendida e devidamente medicada e depois de estabilizada, foi liberada, uma vez que não tinha mais queixas.

Posteriormente a paciente retornou às 22h56 do mesmo dia, novamente com um quadro hipertensivo e piora da sintomatologia que se instalou abruptamente, e foi atendida e assim solicitada Tomografia Computadorizada (TC) de crânio. Com o quadro agravado, foi transferida para o CTI do Hospital Municipal de Rio das Ostras.

O resultado da tomografia, feita numa unidade em Búzios, foi encaminhado ao setor de neurologia do hospital de referência da região, que indicou um tratamento conservador, acompanhamento, e o exame de angiografia cerebral (procedimento de alta complexidade, que é feito apenas em poucas unidades do Estado). Imediatamente, a paciente foi incluída no Sistema Estadual de Regulação.

A paciente chegou a ser transferida para um Hospital em São Gonçalo, onde veio a óbito, devido a ruptura de um aneurisma cerebral.






sábado, 30 de março de 2019

Após sair da prisão, 'Doutor Bumbum' cria Associação de Vítimas de erro hospitalar

Denis Furtado responde por homicídio qualificado após a morte da bancária Lilian Calixto, em julho do ano passado

Denis Furtado criou uma Associação de Vítimas de Erro Hospitalar Foto: Arquivo Pessoal
RIO - Réu no processo que apura amorte da bancária Lilian Calixto, em julho do ano passado , o médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, criou uma associação para acolher vítimas de erro hospitalar. Libertado da prisão desde janeiro, ele agora presta consultoria, "de forma gratuita e voluntária", a vítimas ou a pessoas que temem eventos adversos ocasionados por atendimento hospitalar.

A associação, que funciona apenas em ambiente virtual, já possui, segundo ele, quase 3 mil membros do Brasil e do exterior. Em entrevista ao GLOBO, Denis Furtado disse que decidiu fazer abordar o tema após ser acusado da morte da bancária e por também já ter sido vítima de erro de atendimento.

— Precisamos conscientizar as pessoas que todos podem de uma hora para outra precisar de um hospital e de um correto atendimento médico hospitalar, porém, não existe no Brasil um índice de qualidade hospitalar, sendo isso apenas subjetivo. Não é porque estamos em um hospital que estamos salvos e livres da doença ou de uma complicação por eventos adversos. Hospitais erram, médicos erram e precisa ter alguém que alerte para isso — afirmou, ressaltando uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que aponta três fatalidades com pacientes em hospitais a cada cinco minutos.

Laudos

Dr. Bumbum sustenta que Lilian Calixto, de 46 anos, foi vítima de um erro de atendimento no hospital particular para onde foi levada, após passar mal um dia depois de passar por um procedimento estético em sua cobertura na Barra da Tijuca. No dia seguinte à aplicação da substância PMMA nos glúteos — um derivado de acrílico, a bancária passou mal e foi levada para um hospital particular pelo próprio Denis, onde morreu horas depois, após quatro paradas cardiorrespiratórias.

O laudo de necrópsia produzido pelo IML atestou que a causa da morte havia sido uma embolia pulmonar, mas um laudo elaborado a pedido da defesa de Denis foi apresentado à Justiça. De acordo com o documento, assinado pelo perito Leví Inimá de Miranda, Lilian foi vítima de um "enfarte miocárdico agudo", sem relação com a aplicação de PMMA.

— O meu caso comprovou tantas falhas no atendimento hospitalar que me pergunto por que levei a paciente para lá. Talvez numa rede pública, mesmo com todos os problemas, os médicos teriam avaliado com atenção e conhecimento os exames — ponderou. — Não trataram nem uma doença nem outra, deixando a paciente em observação até ir ao óbito, causando os transtornos evidentes para tantas famílias — completou.

A mãe do Dr. Bumbum, a médica Maria de Fátima Furtado, que também foi parar na cadeia suspeita de participar do procedimento na cobertura, é uma das associadas. Uma advogada e uma psicóloga também apoiam a iniciativa em um grupo fechado no Facebook e WhatsApp. Segundo Denis, qualquer pessoa pode participar.

A prisão de Denis, que responde por homicídio doloso, foi trocada por quatro medidas cautelares : comparecimento periódico em juízo para informar e justificar atividades; proibição de se ausentar do Rio durante a investigação e recolhimento em casa à noite e nos dias de folga, enquanto estiver sendo investigado; proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; recolhimento domiciliar no período noturno "quando não no exercício de atividade profissional" e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), Denis Furtado teve o exercício profissional cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Nos sites dos Conselhos Regionais de Goiás e do DF, no entanto, o registro dele aparece como regular. 

"Conforme prevê a legislação vigente, a decisão do Conselho Regional precisa passar pelo referendo do Conselho Federal de Medicina. Atualmente, o CFM aguarda a conclusão das etapas legais previstas", ressaltou o CFM em nota. "Ele só ficará impedido de exercer a profissão, caso a sua cassação seja confirmada no Conselho Federal. Por determinação legal, a atuação dos conselhos de medicina ocorre estritamente no âmbito administrativo do exercício profissional. Acusações de delitos envolvendo médicos fora do exercício profissional são apuradas/punidas pela Justiça em suas esferas cível e/ou criminal", esclareceu.

Em nota, a Rede D'or conta sobre a noite em que Lilian Calixto deu entrada no hospital:

"A paciente deu entrada na emergência do hospital, no dia 14 de julho, às 23h, em quadro extremamente grave, não responsivo às manobras de recuperação de acordo com os protocolos médicos necessários ao caso, evoluindo a óbito, às 01h, do dia 15 de julho. Foi prestado o atendimento adequado e preciso à situação da paciente. O caso foi detalhadamente informado às autoridades competentes e está sob apuração nas devidas instâncias".













Delegacia investiga médico e hospital de Cáceres por retirada de rim por engano

Sirlei Herrera reclama dos problemas causados pelo grave erro médico

Eu ainda tenho um rim esquerdo com um nódulo”, relata a técnica em enfermagem Sirlei Herrera Infante Pereira, de 47 anos, que teve o rim direito sadio retirado por engano médico numa cirurgia no Hospital Regional de Cáceres (a 234km de Cuiabá). A Delegacia Especializada de Defesa da Mulher do município investiga o caso. Hospital e médicos já estão sendo ouvidos pela delegada Judá Marcondes, que comanda a investigação.

Sirlei conta que sentia dores constantes desde janeiro do ano passado e procurou o serviço médico. Após realizar exames em março de 2018, um nódulo de pouco mais de três centímetros foi detectado no seu rim esquerdo. O médico disse a ela que precisava passar por uma cirurgia.

Em agosto, Sirlei passou pelo procedimento que durou seis horas no Hospital Regional de Cáceres. Mas, ao acordar da cirurgia e perguntar ao filho qual rim foi retirado, o menino lhe respondeu que foi o direito. “Acabou com a minha vida, pois o problema estava no esquerdo. O direito era o sadio”.

Segundo a técnica em enfermagem, o médico apalpou o órgão e constatou que o rim direito “estava podre e desmanchando que nem um tecido velho”. “Ele me abriu que nem um porco”, exclama em referência a cicatriz deixada pela cirurgia.

Ela buscou então a Policia Civil no mês seguinte e registrou boletim de ocorrência contra o médico e o hospital. Depois de passar por três profissionais (um em Cáceres, e dois em Cuiabá), Sirlei descobriu que não precisava nem passar por cirurgia e que poderia ter ainda os dois órgãos. O rim esquerdo tinha um tumor, mas podia ser tratado com medicamentos.

Sirlei disse que vai entrar com um processo judicial contra o médico e o hospital. A técnica em enfermagem relatou que não consegue estimar o tamanho do gasto após todos os exames. “Não ponho nem na caneta”, frisa.

Ela continua a tomar o remédio para tratar o rim esquerdo e disse que, depois da cirurgia, tudo ficou prejudicado na sua vida. Por causa das dores, Sirlei não consegue andar sem uma cinta, ficar em pé por muito tempo – o que lhe é exigido no dia a dia da profissão – e poder trabalhar. Seu marido, que é caminhoneiro, está desempregado. Eles estão recebendo ajuda de amigos e familiares.

A técnica em enfermagem relata ainda que não dorme bem e vive dependente de uma série de medicamentos, mas não faz hemodiálise. “É tão difícil relembrar. Mexeu com toda a minha estrutura e minha família. De setembro para cá foi só problema”.






sexta-feira, 29 de março de 2019

CRM se cala sobre gaze 'esquecida' no canal vaginal de paciente: 'não pode investigar sem denúncia'

Hospital Universitário informou que a equipe médica e gerencial está averiguando o ocorrido



Questionado sobre a paciente Paulina Brunielle do Nascimento, de 21 anos, que ficou internada no Hospital Universitário e, no último dia 21, expeliu um pano do canal vaginal ao tomar banho, o CRM (Conselho Regional de Medicina) disse, em nota, que até o momento não pode investigar, pois não houve registro de denúncia de negligência por parte da família.

A assessoria de imprensa do órgão reforçou que, sem denúncia, não é possível abrir sindicância de nenhum caso. Já o Coren (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) informou que, como não se trata de negligência por parte dos profissionais de enfermagem, quem deve se manifestar é o CRM, já que parece ser problema com profissional médico.

O caso

Após parto normal, Paulina Brunielle do Nascimento, de 21 anos, sentiu na pele o que acredita ter sido negligência médica no Hospital Universitário, em Campo Grande.

Ela foi internada no dia 14 deste mês. Com fortes dores abdominais, dor de cabeça e febre, uma semana após o parto ela teve uma surpresa ao tomar banho. No último dia 21, ao fazer força, ela acabou expelindo um pano, que estava no seu canal vaginal. Paulina continua internada no hospital, com uma infecção no sangue.

“Eu acordei com mancha no corpo, o médico veio e fez exame de sangue para saber se era dengue ou não, ai ele me falou que seria infecção no sangue. No dia seguinte, veio um enfermeiro olhar meus pontos e viu uma gaze dentro de mim, ele perguntou se eu havia colocado, falei que não. Ai fiquei chocada, só que quando eu fui tomar banho, agachei no chuveiro para fazer minha higiene e senti algo dentro de mim. Fui puxando, ai saiu uma gaze, tipo uma fralda pequena, e estava podre dentro de mim, estava fedendo a carniça. Pedi para o meu marido tirar foto daquilo pendurado em mim e na minha mão. As enfermeiras ficaram chocadas, pois já fazia sete dias. Uma médica disse que não era para eu me estressar, que já tinha tido muito nervoso”, conta.

O que diz o hospital

Em nota, a assessoria do Hospital Universitário informou que a equipe médica e gerencial está averiguando o ocorrido. Que até sexta-feira, Pauline estava na unidade sendo bem atendida e medicada. Afirmou ainda que em breve terá uma resposta oficial sobre o assunto.

Sobre a febre, a assessoria de imprensa do hospital reforçou que pode ter sido em consequência da mama cheia de leite. Sendo que o quadro infeccioso pode ter sido por outros fatores, não necessariamente pelo item encontrado, já que no entendimento médico, esse tipo de material  não causa infecção. E que, nem ela nem a família  procuraram a ouvidoria  do HU para reclamar sobre o caso.


"Família pede explicações após morte de bebê no parto",


Um bebê nasceu sem vida, na tarde de terça-feira (26), em Ponta Grossa, após complicações ocorridas durante um parto de emergência. O caso foi registrado por volta das 15 horas, na residência da gestante, que precisou ser internada em hospital após uma demora no socorro que faz a família se perguntar se a morte da criança não poderia ter sido evitada.

Conforme o relato da mãe de 22 anos, que teve alta do hospital a tempo de ir ao velório e sepultamento da bebê ocorrido na tarde desta quarta-feira (27), a bolsa rompeu e uma vizinha acionou o Samu. Como a ambulância estava demorando muito, foram chamar alguém da UBS para ajudar. Uma enfermeira e um médico teriam ido até a casa, mas as tentativas para ajudar no parto foram dolorosas. Chegaram a fazer a gestante ficar de joelhos. Finalmente, quando a ambulância do Samu chegou,  foi preciso acionar outro veículo, porque o primeiro não estaria equipado para aquele tipo de atendimento, diz a família.

Já bastante debilitada, a paciente foi encaminhada ao hospital, onde teria chegado cerca de uma hora após o rompimento da bolsa, e onde foi constatado o óbito da criança. Hematomas no pescoço e na cabeça do bebê foram, para a família, um sinal de que houve erro médico na tentativa de realizar o parto, e que a demora na chegada da ambulância pode ter sido decisiva para o desfecho trágico.   

Retorno 

A assessoria de imprensa da prefeitura foi contatada pela reportagem "do DC para se pronunciar sobre o caso. Em nota, informou que "a Fundação Municipal de Saúde (FMS) está ciente da situação e conta com um Comitê de Investigação de Óbito Infantil e todas as informações serão levantadas e analisadas. 
Após conclusão se considerado que houve erro técnico, medidas educativas serão adotadas”. A reportagem continuará acompanhando o caso até que um documento oficial comprove a causa da morte da bebê.  

*O DC não detalha nomes dos envolvidos, nem endereços "como forma de preservar a família e os demais envolvidos, e também para não causar transtornos ao trabalho do comitê "que investigará o caso.









Já havia alerta sobre falta de médicos no PS

Ofício foi enviado em janeiro, citando inclusive risco aos pacientes, dizem médicos
Falta de médicos teria gerado problemas que provocou a morte de duas pessoas
Médicos da empresa afastada do pronto-socorro do hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, após dois pacientes morrerem por supostos problemas de atendimento, denunciam que já haviam alertado a direção da unidade sobre a falta de profissionais e da sobrecarga de trabalho que poderia colocar em risco a vida dos pacientes.

O aviso está em uma solicitação de aditivo do contrato da licitação e que foi encaminhado à direção do Ruth Cardoso em 15 de janeiro. O documento, assinado pelo sócio da Pró-Ativo Gestão da Saúde, Sandro Cristiano Kowalski, foi elaborado por dois médicos, entre eles a coordenadora da escala médica da emergência.

A coordenadora da equipe, que pediu para não ter o nome identificado, afirma, que além da solicitação não ser atendida, a direção do hospital exigia mais agilidade no atendimento, gerando pressão e sobrecarga de trabalho em função da demanda.

A médica relata que eram três médicos na equipe durante o dia, e dois à noite. Pela quantidade de pessoas, argumenta, deveriam ser pelo menos cinco profissionais em todos os turnos, mas a empresa acabou pedindo ao menos mais um profissional de saúde. “Na tentativa de minimizar a situação exposta, solicitamos aditivo imediato do quarto médico”, diz o pedido.

O ofício cita a média de 4,8 mil atendimentos por mês no setor, o que seria incompatível com o número de médicos. O documento destaca também a falta de espaço físico, com pacientes sendo atendidos nos corredores.

“Alertamos, ainda, que o pronto socorro já trabalha com sobrecarga e, durante a alta temporada, essa demanda aumenta consideravelmente com a chegada de turistas, não havendo local adequado para acomodar os pacientes, nem os médicos”, diz um dos trechos do ofício. “Chegamos a falar que os pacientes tavam correndo risco de vida”, reforça a médica.

A secretaria de Saúde estaria sabendo do alerta. A empresa, os médicos e os enfermeiros que tocavam o pronto socorro foram afastados no início do mês depois da morte de dois pacientes: Ivonei Ferraz, o Ivo, 24 anos, e Larissa Santana Cavanha Martins, 31.

Médicos eram suficientes, rebate secretária de Saúde


Andressa Haddad, secretária de Saúde da prefeitura, confirma o recebimento do ofício. O documento, segundo ela, chegou 30 dias depois que a empresa ganhou a licitação para gerenciar o pronto socorro e pedia um aditivo contratual. “Nós explicamos que não tinha como fazer um aditivo no contrato num período de apenas 30 dias, não haveria como comprovar a necessidade e até mesmo o Tribunal de Contas iria reprovar”, argumenta a secretária.

Ainda segundo ela, houve então um segundo ofício, dessa vez solicitando médicos. Mas, diz Andressa, até então a frequência de pacientes no pronto socorro não exigia mais profissionais. O movimento no PS só aumentou em fevereiro, ou seja, depois dos ofícios.

Segundo ainda a secretária, a morte dos dois pacientes não tem nada a ver com a suposta falta de médicos ou condições inadequadas do hospital. “Constatamos vício de negligência e, se for comprovado, foi por erro médico”, afirmou. E completou: “Os dois pacientes foram atendidos, não ficaram sem atendimento. (…) A falha, em si, não foi pela estrutura nem pela falta de médico”.









A responsabilidade civil em face do erro médico quando resulta em morte do paciente


Bianca Garcia Warmling
Auxiliar jurídica da Kern & Oliveira Advogados Associados.
bianca@ko.adv.br


Quando se fala em responsabilidade civil, é importante estar atento a diversas modalidades em que este tema se enquadra. O erro médico é um assunto delicado, devendo ser observado todos os pontos, bem como todas as provas das acusações e alegações envolvidas no caso. 
Inicialmente é importante destacar que para que haja a responsabilização do médico por evento danoso causado ao paciente, faz-se necessário a constatação do ato ilícito, decorrente da conduta imprudente, negligente ou imperita do mesmo, ou seja, verificar se o profissional agiu sem os devidos cuidados necessários ao procedimento (imprudência), ou se o mesmo deixou de fazer algo que sabidamente deveria ter feito para evitar o evento danoso (negligencia), ou ainda se o mesmo praticou determinado procedimento sem o devido conhecimento (imperícia). 

Assim, restando devidamente comprovado a ocorrência de uma das condutas mencionadas, existe a responsabilização e dever de reparação do causador.  

Pode ocorrer também a responsabilização do médico nos casos em que se configure obrigação de resultado e o mesmo não seja atingido. Como também, haverá responsabilização objetiva do hospital, dependendo de cada caso. 

A responsabilidade civil do médico ocorre a partir da constatação da culpa do mesmo em sentido amplo. A culpa no sentido estrito por erro médico é entendida como um agir por parte deste sem intenção de causar dano ao paciente, mas o profissional, mesmo que de forma inconsciente adota conduta errada, causando lesão ao paciente devido a defeito em sua conduta. 

O dolo médico será caracterizado quando o profissional age com consciência, na intenção de provocar um resultado danoso, ou de alguma forma assume o risco de sua ocorrência.

Caracterizado o dano, comprovada a culpabilidade do médico, cabe a este o dever de indenizar a parte sofrida, conforme dispõe o Código Civil: Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

De acordo com o artigo 949 do referido código, nas despesas com funeral podem ser compreendidas aquelas devidamente comprovadas como velório, lápide, aquisição de local em cemitério, cremação, traslado do corpo, sendo todas coerentes com a situação econômica do falecido. Em relação ao luto, incluem-se as despesas e gastos da família neste período, inclusive os lucros cessantes.

Desta feita, para se caracterizar o erro médico, deve haver prova inequívoca de sua culpa, de modo que se estivesse agido de outra forma, evitaria o dano causado ao paciente. 
Assim, restando caracterizada a culpa do profissional liberal pelo evento morte, poderá a parte lesada propor a devida ação para reparação do dano.














Médico investigado por erros no Ceará opera em São Paulo e paciente morre

Profissional renomado em Fortaleza e popular nas redes sociais enfrenta 
processos judiciais por erro médico, 2 denúncias no Conselho Regional
de Medicina e um inquérito criminal; mesmo assim conseguiu registros
para trabalhar na capital paulista e no Rio

SÃO PAULO - Um cirurgião plástico investigado por supostos erros médicos no Cearáconseguiu emitir registro profissional para atuar em São Paulo, operou uma mulher no início de março em um hospital do Ipiranga (zona sul), mas a cirurgia, de lipoaspiração e abdominoplastia, acabou com a paciente morta.

'Quando começou a conversar com o doutor, ele disse que fazia um preço bom’,
diz filho de paciente que morreu Foto: Denny Cesare/Estadão
Danilo Rocha Dias é um cirurgião plástico conhecido em Fortaleza, onde tem uma clínica na Aldeota, bairro nobre da capital cearense. Nas redes sociais, também é popular. Sua página no Instagram conta com mais de 160 mil seguidores.

Em seu Estado de origem, porém, ele acumula, além de fama, pelo menos quatro processos judiciais de pacientes que o acusam de erro médico, duas denúncias no Conselho Regional de Medicina local e um inquérito criminal no Ministério Público do Ceará (MP-CE) pela morte de uma paciente em 2016, após uma lipoaspiração. A vítima, Lia Pacheco Coelho Dias, então com 32 anos, era cunhada do profissional.
Lia morreu em procedimento cirúrgico
Foto: ÂNGELA PACHECO COELHO/ARQUIVO PESSOAl
Mesmo com todas as denúncias, o cirurgião, em atividade desde 2007 no Ceará, conseguiu emitir registros profissionais secundários nos conselhos regionais de São Paulo, em 2017, e do Rio, em 2018. O primeiro processo movido contra Danilo Dias no Ceará por suposto erro médico é de 2013. Para poder trabalhar nos dois Estados do Sudeste, solicitou e obteve um certificado de regularidade no CRM do Ceará, seu conselho de origem.

Com o registro no Conselho de São Paulo (Cremesp) ativo, Dias abriu um consultório na capital paulista no fim do ano passado. Uma das primeiras pacientes foi a dona de casa Sandra Mara Trovino da Cunha, de 45 anos, que procurou o médico interessada em uma cirurgia de abdominoplastia.
Camila ficou com sequelas Foto: Camilla Uckers/Instagram
“Tem mais de dez anos que ela tinha o sonho de fazer essa cirurgia. Ela já tinha tentado emagrecer de todo jeito. Quando começou a conversar com o doutor Danilo, ele disse que fazia um preço bom, que facilitava o pagamento, e ela ainda viu que ele tinha uma clínica chique em Fortaleza, que recebia famosos, então achou que podia confiar”, conta o filho de Sandra, o universitário Welliton Trovino Cunha, de 24 anos.

Sandra foi operada na manhã do dia 9 de março, mas a cirurgia não terminou bem. Ela sofreu três paradas cardíacas e morreu no mesmo dia.

A família reúne documentos e aguarda o laudo final do Instituto Médico-Legal (IML) para processar o médico. “Minha mãe fez todos os exames pré-operatórios, estava bem para a cirurgia. Naquela manhã, ele ainda postou nos stories do Instagram que tinha corrido tudo bem em uma cirurgia que tinha feito. Só depois avisou a família que tinha acontecido um problema”, diz Cunha. Nesta quarta-feira, 27, o médico apagou seu perfil da rede social.

Outros casos

A empresária Ângela Pacheco Coelho, de 57 anos, aguarda há três anos esclarecimentos sobre o ocorrido com a filha, Lia, a cunhada de Dias morta em 2016 após cirurgia realizada em Fortaleza. “Eu não posso dizer o que aconteceu, mas sei que minha filha entrou saudável, perfeita, e saiu morta. Eu deveria ter uma explicação”, diz. O caso de Lia é investigado pelo MP-CE.

Além dos dois óbitos, Dias é acusado de erros em cirurgias de pelo menos outras três pacientes, que não morreram, mas ficaram com sequelas. Um dos casos ganhou destaque na imprensa no início de 2018 após a paciente, a youtuber Camilla Uckers, que tem mais de 1,2 milhão de inscritos em seu canal, denunciar em suas redes sociais as complicações sofridas no pós-operatório. Ela diz que o médico atingiu seu nervo ciático durante uma cirurgia de implante de prótese nos glúteos. “Manco até hoje, ainda preciso fazer fisioterapia. Além disso, tive reação à prótese porque ela era muito grande para o meu peso”, conta Camilla, que moveu processo judicial contra o médico e registrou a denúncia no CRM-CE.

O caso da administradora Sara Nunes de Melo, de 50 anos, foi ainda mais grave. Ela conta que, durante procedimento de abdominoplastia e lipoaspiração, em 2016, ela sofreu uma atelectasia pulmonar, condição na qual os pulmões entram em colapso. “Fiquei 13 dias na UTI e até hoje tenho dificuldades para respirar. Não entendo como esse médico ainda não perdeu o registro”, conta Sara.

Cirurgião diz seguir normas de segurança

A autônoma Gicelda Maria Bezerra Costa, que fez cirurgias com o médico em 2011 e 2012, também segue com sequelas. “Fiquei com uma bola no abdome e com a barriga torta. Não posso usar biquíni nem roupa justa”, diz ela, que moveu processo contra o médico em 2013 e aguarda julgamento. 

O cirurgião plástico Danilo Rocha Dias afirmou, por meio de mensagem no WhatsApp, que todas as cirurgias foram feitas conforme as regras de segurança. “Foram realizados e vistos todos os exames pré-operatórios bem como avaliações médicas antes das cirurgias. As pacientes foram preparadas e orientadas. Durante o ato cirúrgico em si, tivemos total controle da cirurgia, sendo feito tudo conforme manda as normas de segurança”, afirmou.

Estado também procurou os conselhos de medicina do Ceará e de São Paulo para saber os resultados de eventuais sindicâncias contra o médico e como funciona a emissão do certificado de regularidade que permitiu que o cirurgião obtivesse o registro também em São Paulo.

O CRM-CE limitou-se a enviar e-mail com o artigo do código de processo ético-profissional que prevê que as sindicâncias tramitam em sigilo. Já o Cremesp informou que ainda não havia sido acionado sobre a morte da paciente paulista, mas que poderá abrir sindicância para apurar se houve indícios de má conduta ética e profissional.

Afirmou ainda que Dias não responde a nenhuma sindicância no conselho de São Paulo e que um profissional “só é impedido de obter inscrições secundárias, e até de exercer a profissão em todo o território nacional, quando é submetido à pena de cassação do registro após o trânsito em julgado”. O Conselho Federal de Medicina não atendeu ao pedido de entrevista.