terça-feira, 26 de março de 2019

Polícia investiga água com ácido em hospital de Botucatu: 'Crime contra a saúde pública', diz delegado

Equipe identificou grande quantidade de ácido peracético na água usada no processo de hemodiálise. Segundo hospital, nenhum paciente teve contato com a água; caso é investigado como alteração de produtos destinados para fins terapêuticos.


A Polícia Civil abriu inquérito policial para investigar a contaminação no tanque de água que é usada no processo de hemodiálise no Hospital das Clínicas de Botucatu (SP). 


O serviço de hemodiálise chegou a ser suspenso no sábado (16) depois que uma equipe identificou uma quantidade grande de ácido peracético, usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras, na água usada no processo de hemodiálise na primeira sessão. Cerca de 100 pacientes ficaram sem atendimento. 

De acordo com o delegado Marcos Moraes, a polícia vai apurar as responsabilidades e determinar se o ato foi intencional ou culposo. O caso está sendo investigado como alteração de produtos destinados para fins terapêuticos. 

"Nós estamos falando de um crime não contra um indivíduo isoladamente, mas contra a saúde pública, é gravíssimo. Poderia causar um envenenamento em massa e a morte de um número considerável de pacientes”, diz o delegado Marcos Moraes.

A sala onde fica o reservatório de água da unidade de diálise tem acesso restrito e fica trancada. No local não é usado o ácido peracético. O reservatório tem uma tampa na parte superior que seria o único acesso de qualquer pessoa com a água – o sistema de tratamento é fechado. E foi exatamente isso que chamou a atenção da direção do hospital. 

Em nota, o hospital informou que o controle dessas áreas foi reforçado. E que outras medidas de segurança serão tomadas. O serviço de hemodiálise foi retomado nesta segunda-feira (18). 

Limpeza dos filtros 

O ácido peracético é usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras que vão na máquina de hemodiálise. Cada paciente possui seu kit. Depois de uma sessão, o material é higienizado com o produto e guardado com o ácido para evitar proliferação de fungos e bactérias. 


Quando o paciente chega para uma nova sessão, o ácido é retirado totalmente do filtro e dutos com a água tratada. O processo é repetido várias vezes, e enquanto a água não ficar incolor após a colocação do reagente, os equipamentos não podem ser usados. 



No processo de hemodiálise cada paciente usa 500 ml da água esterilizada por minuto. A terapia dura em média quatro horas. 



A técnica de enfermagem, Joana Julieta da Veiga, uma das responsáveis pela limpeza dos filtros, explicou que, ao fazer o teste no último sábado em vários filtros e até no sistema de água, o reagente identificou um tom amarelado. 



Isso significa, segundo ela, uma grande concentração de ácido usado para a desinfecção. "A gente testa tudo, todo dia. A gente testa muito bem antes de ligar qualquer paciente.” 

Atendimentos 

A unidade de diálise do Hospital das Clínicas tem 35 máquinas. Por dia em média 105 pacientes fazem a terapia. Aos domingos não são agendadas sessões. 

Excepcionalmente no último domingo, toda a equipe foi mobilizada para atender os pacientes que tiveram de voltar para casa no sábado anterior. O atendimento aos pacientes de hemodiálise do Hospital das Clínicas já foi retomado. 

A médica nefrologista Pâmela Falbo dos Reis, responsável pela unidade, afirma que verificou o estado de cada paciente e nenhum deles foi prejudicado. Ela admite que, caso algum deles tivesse entrado em contato com o ácido, a reação poderia ser fatal. 

"Se essa concentração de ácido tivesse contato com algum paciente poderia ter acontecido algo grave", diz a médica. 



Tupacity






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