Uma história de terror cujo protagonista é alguém inesperado. Policiais civis e militares prenderam, na manhã de ontem, um médico e 2 mulheres acusados de prática de estupro de vulnerável e pedofilia no município de Santarém, oeste paraense. Os crimes foram praticados contra uma criança de 2 anos e 8 meses e outra de apenas 3 meses, ambas do sexo feminino. Detalhe: uma delas é filha de uma das acusadas.
A história não era de se imaginar nem em pesadelo. O médico, Alvaro Magalhães Cardoso, é jovem e atuava em hospitais de Santarém. Em seu perfil na rede social Facebook, ele postava publicamente mensagens contra criminalidade e corrupção. Dois dias antes da prisão, inclusive, postou uma imagem com a frase: “Não são as suas crenças que fazem de você uma pessoa melhor. São as suas atitudes”.
De acordo com informações fornecidas em coletiva de imprensa, pela delegada Adrienne Pessoa, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente, ele teria um relacionamento longo com ambas as mulheres acusadas, provavelmente enquanto elas estavam grávidas.
A suspeita já vinha sendo investigada pela Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente há 1 mês e a operação “Anjos da Guarda”, como foi intitulada, foi deflagrada ontem, cumprindo mandados de prisão de Alvaro Cardoso e de uma das mulheres, pela suposta prática de estupro de vulnerável, além de mandados de busca e apreensão na casa dos 3.
A segunda mulher foi autuada em flagrante e depois solicitada a conversão da prisão em preventiva, já que foi encontrado material que confirma o estupro de vulnerável, segundo a policial civil. Diversos vídeos e fotos foram encontrados na casa do médico e das mulheres e servem como prova das práticas libidinosas contra as crianças. Segundo a delegada, não resta dúvidas de que os crimes foram cometidos.
“A materialidade está provada na conduta de compartilhar e de armazenar o conteúdo pornográfico, assim como ficou provada a prática de estupro de vulnerável”, enfatizou Adrienne Pessoa.
Uma das acusadas conheceu o médico Álvaro Magalhães Cardoso quando estava grávida, mas o bebê faleceu 7 dias depois do nascimento. A criança que sofria com os atos libidinosos praticados por ela era a filha de conhecidos. Ela já tinha sido babá da garota e era de confiança da família, acostumada a tomar conta da menina. Os pais, por sua vez, jamais imaginavam o que acontecia.
Álvaro pedia à mulher que tocasse a criança estimulando a genitália dela e que produzisse fotos e vídeos para ele, material que foi encontrado ainda no celular da mulher, como prova do crime. Segundo a delegada Adrienne Pessoa, da Polícia Civil, o médico ainda pedia que, da próxima vez, ela ensinasse a criança a fazer a estimulação sexual em si mesma. A criminosa teria dito, em depoimento, que fazia o que ele pedia movida por um “sentimento de amor”.
Já a outra presa é mãe da bebê de 3 meses e também disse conhecer Álvaro do tempo em que estava grávida. Em depoimento, ela confessou que uma vez foi ao motel com o médico e levou a criança. Depois de manterem relação sexual, ele ejaculou no rosto da criança e no seio da mãe para que a bebê mamasse com a ejaculação.
A mulher teria justificado o crime dizendo que se sentia protegida pelo fato de ele ser médico e, por isso, não contestava o que ele pedia. Dessa ocorrência, não há gravação em imagens, mas há gravações de conversas de celular que comprovam, de acordo com a delegada.
Ainda segundo a policial civil, o bebê de 3 meses está sob a guarda da avó até que a Justiça tome uma decisão definitiva e a outra criança está com os pais. Até o fechamento dessa edição, os 3 acusados estavam na penitenciária de Santarém. Álvaro Cardoso se manteve calado durante o depoimento, nem negando ou confessando os crimes. “Ao que tudo indica, ele talvez compartilhe esse material com outras pessoas e não necessariamente de Santarém. Nós ainda seguimos com as investigações, inclusive para verificar a possibilidade de outras vítimas”, disse a delegada.
NÚMEROS
A cada hora, 228 crianças são exploradas sexualmente em países da América Latina e do Caribe. O Brasil é o país com mais casos de exploração sexual de crianças e adolescentes da América Latina. Apenas em 2016, mais de 77 mil relatos de violação dos direitos das crianças e adolescentes foram registrados no Disk Denúncia. São 211 casos por dia.
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