quarta-feira, 5 de julho de 2017

Dificuldade em conseguir vaga no Hospital do Oeste gera debate entre prefeitos da região

Prefeitos que fazem parte da União dos Municípios do Oeste da Bahia (UMOB) buscam soluções para regular vaga no HO e fazem visita a unidade
 
Reunião na sede da Umob | FOTOS: Cheilla Gobi
 
A dificuldade em conseguir vagas para atendimento no Hospital do Oeste (HO), em Barreiras foi motivo de reclamação. Prefeitos que fazem parte da União dos Municípios do Oeste da Bahia (UMOB) se reuniram na tarde desta segunda-feira (03/07), com o presidente da União dos Prefeitos da Bahia (UPB), Eures Ribeiro (prefeito de Bom Jesus da Lapa), secretários de Saúde da região e promotores de justiça, com intuito de buscar soluções para o problema. Após o debate, os prefeitos fizeram uma visita à unidade de saúde, onde receberam esclarecimentos.
 
De acordo com o presidente da UPB, com esse impasse, o problema acaba nas mãos dos gestores municipais, que todos os dias precisam encarar a população olho no olho enfrentando de perto diversos problemas neste setor. “As famílias dos pacientes que não conseguem atendimento não se conformam e quase sempre acham que a culpa é do prefeito”, diz o presidente.
 
Durante a reunião, Eures Ribeiro, afirmou que o Hospital do Oeste negligencia vaga e pede explicação. “Queremos saber o porquê da tamanha dificuldade dos municípios da região em conseguir vaga na unidade. Com isso, nós prefeitos somos responsabilizados com a alta complexidade que não é da nossa competência, e sim do governo do estado da Bahia”.
 
De acordo com o presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS), o prefeito de São Desidério, Zé Carlos, a saúde é um grande problema na região e tem um custo muito alto. Chamou a atenção dos representantes dos municípios do entorno para se atentar ao tipo de atendimento dos munícipes, salientando que o HO tem de receber atendimento de alta complexidade.
 
“Cada município deve fazer o seu dever de casa em relação a saúde, seja ele com receita grande ou pequena. Sabemos das dificuldades do HO, principalmente pela demanda em atender toda a região e ainda pacientes de outras regiões, e muitas vezes nos deparamos com casos que deveriam ter sido atendidos em outras unidades de saúde por se tratar de procedimento de baixa complexidade. O hospital precisa de uma ampliação, de suporte financeiro, portanto, precisamos também nos reunir com o governador, pois não podemos ficar recebendo esse tratamento que estamos tendo”, frisou Zé Carlos.
 
A superintendente da Regulação, Ana Paula Santana, representou o secretário de Saúde do Estado Fábio Vilas Boas e falou o que pode solucionar tal problema. “De fato a gente tem que dar a mão a palmatória e assumir a meia culpa do processo de regulação não existir de fato no Oeste da Bahia. A gente não pode discutir a região tratando apenas do HO, pois o hospital representa apenas 20% da capacidade de oferta de execução do Oeste. Temos vários hospitais de pequeno porte, e precisamos resolver a resolutividade do HO. É preciso identificar qual o papel de cada ente federado, diferenciar a média da alta complexidade e melhorar a qualidade desse acesso. Já estamos trabalhando para melhorar o sistema, mas é importante salientar, que mesmo organizando o acesso, a oferta ainda será menor que a demanda. Estamos tentando melhorar essa qualidade na compra de serviço”, garantiu Ana Paula.
 
O gestor das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Sérgio Lopes disse reconhecer a angústia dos gestores e na oportunidade falou da estrutura organizacional do Hospital do Oeste, serviços oferecidos e a grande demanda. Segundo Sérgio, a OSID é um dos maiores complexos de saúde, 100% SUS do país, com 954 leitos; 4,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano; 2 mil pessoas atendidas diariamente na sede das Obras; 16,5 mil internamentos e 9,3 mil cirurgias por ano, só na HSA. Disse ainda que cerca de mil pessoas são atendidas por mês para tratamento de câncer; 150 bebês com microcefalia são acompanhados hoje na OSID. Mais de 4 mil profissionais atuam na organização,  sendo mais de 2 mil no complexo das Obras; 43 especialidades médicas e 16 programas de residência médica.
 
“O HO responde por 30% de todos os atendimentos realizados nas três regiões de saúde juntas: Barreiras, Santa Maria da Vitória e Ibotirama”, disse o gestor das Obras Sociais Irmã Dulce observando alguns pontos de fragilidade que se desdobraram em medidas corretivas como a implantação da Central Estadual de Regulação na localidade para realizar a interface entre os diversos municípios da região e o HO; Centralização do controle de leitos no NIR, com a contratação de enfermeira reguladora para gestão dos leitos; Maior controle da equipe de Serviço Social nas questões relacionadas à alta a pedido, com a criação de protocolos de conduta para essas situações; Implantação de protocolo que ordene o fluxo de cirurgias eletivas, conferindo maior clareza quanto aos critérios de atendimento e organização das filas.
 
FACILIDADE DE ACESSO MEDIANTE VANTAGENS FINANCEIRAS
 
Na ocasião o gestor das Obras Sociais Irmã Dulce, Sérgio Lopes falou sobre a denúncia ocorrida durante reunião na UPB, em 25 de abril de 2017, onde o prefeito de Santana denunciou, perante 75 prefeitos, Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e Ministério Público (MP), que teria sido procurado por médico do HO que lhe ofereceu facilidade de acesso dos munícipes de Santana no referido hospital, mediante vantagens financeiras.
 
De acordo com Sérgio, a OSID, logo instaurou uma sindicância, conduzida por uma comissão composta por membros qualificados para essa tarefa, oriundos da área médica, enfermagem, jurídica e alta administração. “Em não havendo identificação do médico em questão por parte do denunciante, o que facilitaria a investigação, foi feito um estudo da Rede de Saúde que acessa os serviços do HO, com intuito de verificar maior prevalência de algum município, bem como estudo de produção do centro cirúrgico, com objetivo de verificar preservação do critério de acolhimento com classificação de risco, ou indícios de privilégios ou desvantagens para algum município por parte dos médicos”, evidencia Sérgio.
 
Conforme o gestor Sérgio, não foi possível identificar um padrão de preferência nos internamentos para determinados municípios, sendo os encaminhamentos compatíveis com a proximidade com o HO, e com as deficiências na rede assistencial. Explicou também que a taxa média de ocupação do HO de 150%, com pacientes internados em macas nos corredores e CRPA. “Mais um entrave para a reserva ou favorecimento de leitos”.
 
Após a visita a unidade de saúde, os prefeitos entregaram um documento com as principais reivindicações dos municípios consorciados ao CIS Umob, elaborado pelos secretários de Saúde da região à direção do HO. O documento será encaminhado também ao governo do estado e a promotoria.
 

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