Jovem teve um aborto recente e garante que ocorrido poderia ter sido evitado se fosse atendida de forma 'mais humana' na unidade
Após exames em outra unidade foi confirmado que tinha ocorrido o aborto no Hospital da Mulher Foto: Fábio Guimas |
Uma jovem de 24 anos, moradora do bairro Vila Maria, usou as redes sociais durante a semana para fazer uma denúncia contra o Hospital da Mulher, que fica na Avenida Tenente José Eduardo, no bairro Ano Bom. A equipe do A VOZ DA CIDADE conversou ontem com ela, que preferiu não se identificar publicamente, mas garantiu que teve um aborto há cerca de uma semana na unidade. Ela atribui o fato a problemas no atendimento durante a troca de plantão e que "se não fosse a falta de organização e recurso médico, talvez não teria perdido a criança".
Ela explicou que na segunda-feira da semana passada, dia 26 de junho, descobriu que estava grávida de cinco semanas e logo começou com acompanhamento médico. "No último domingo eu comecei a ver algumas gotinhas de sangue saindo. Fui correndo para a emergência de um hospital particular, pois eu tenho plano, e o médico foi muito atencioso e depois de um exame viu que eu estava com descolamento da placenta. Como não tinha obstetra de plantão, ele me deu opção de esperar na unidade ou procurar o médico especializado", disse.
Em casa, a jovem fez uso dos medicamentos passado e no dia seguinte, logo cedo, começou a ter fortes cólicas. "Fui para o Hospital da Mulher e por volta do meio dia um médico me atendeu super bem. Ele fez o exame do toque e eu nem senti nada e ele falou que eu estava com ameaça de aborto. Ele me perguntou do plano de saúde e eu expliquei que só teria um obstetra no dia seguinte e ele me deu a opção de ficar lá para me cuidar melhor. Foi o que fiz", narrou a jovem.
Ela foi internada e começou com a medicação e, segundo ela, seu problema teve um novo capítulo com a troca de plantão. "Às 19 horas outras pessoas começaram a trabalhar e eu comecei a ter uma perda de sangue. A enfermeira disse que era normal. Tive um segundo sangramento e cheguei a mostrar para a profissional e perguntei se ela estava esperando eu piorar para fazer alguma coisa. Ela chamou a médica, que foi ainda mais grossa. Ela fez o exame do toque com tanta força que o saco gestacional saiu na mão dela", lembrou.
Segundo a denunciante, a médica disse que era necessário fazer um ultrassom, mas que não tinha médico desse exame naquele dia e que, talvez, só teria no dia seguinte. "Eu pedi que ela me transferisse para outra unidade e ela, grosseiramente, disse que não tinha outro hospital em Barra Mansa. Eu liguei para o meu marido para que ele me levasse para um hospital de Volta Redonda, mas para isso a médica precisava liberar o laudo dizendo o que tinha acontecido. Só depois de muito tempo e desentendimentos que ela deu", disse, contando que a médica nem sabia explicar se ela tinha perdido o bebê.
Ela conclui dizendo que foi a outro hospital e que depois de exames foi verificado que ela já tinha abortado na unidade de Barra Mansa. "Lá eles logo me deram remédio na veia e cuidaram da forma correta. Eu perdi o meu filho, mas tenho certeza que poderia ter sido evitado se eu não tivesse sido atendida da forma que fui, em Barra Mansa", ponderou.
"No meu caso não tem mais o que fazer, mas eu não poderia deixar de denunciar o abuso à vida do ser humano; assim como eu fiquei jogada lá, tem mulheres que estão desde que o episódio aconteceu comigo. Temo por elas e pelos filhos que elas esperam e gostaria muito de saber se isso vai continuar acontecendo ou se mais gente vai ter que morrer para que alguém tome alguma providência", criticou.
A equipe do A VOZ DA CIDADE fez contato com a prefeitura que, por meio de nota, disse: “O Hospital da Mulher informa que a paciente foi internada às 15 horas de segunda-feira, dia 03 de julho e, segundo ela, grávida de cinco semanas. No momento do atendimento, ela apresentava cólica e sangramento e foi medicada para conter o sangramento e a dor. Por volta de 20 horas, ela foi avaliada no centro obstétrico com diagnóstico de abortamento. A paciente ficou no hospital até 00h15 de terça-feira, dia 04, não esperou pelo exame de ultrassonografia, e solicitou transferência para outro hospital. A atual direção do Hospital da Mulher, desde o primeiro dia que assumiu, em janeiro 2017, não tem medido esforços para avançar na melhoria do atendimento”, concluiu.
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