Sesau afirmou que, caso a denúncia seja confirmada, adotará as providências necessárias para que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados
Luana Cristina deu à luz no dia 29 de junho e, ao voltar para o leito, encontrou o banheiro sujo de sangue (Foto: Rodrigo Otavio) |
Paciente do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth, na zona norte de Boa Vista, denunciou àFolha problemas enfrentados na unidade de saúde. Os motivos apontados por ela e esposo são maus-tratos por parte de enfermeiros e médicos, falta de manutenção hídrica e sujeira nos leitos.
De acordo com Luana CristinaPereira de Souza, paciente que recebeu alta no domingo,2, a enfermeira que a atendeu na sala de pré-parto agiu com agressão quando realizava procedimentos hospitalares. A paciente relatou empurrões e puxões de cabelo por parte da profissional de saúde. Segundo a denunciante, a suposta agressão aconteceu após familiares questionarem à direção da unidade sobre informações básicas, como ausência de médicos na sala de cirurgia para realização de cesariana em caráter de urgência.
“Passei mais de uma hora com dores fortes na sala de pré-parto sem atendimento nenhum.Minha prima e acompanhante procurou a direção para pedir informações sobre o atendimento e informar o risco que eu e minha filha estávamos correndo. Quando a direção foi informada chegou o atendimento, mas a enfermeira estava revoltada e, quando colocava o aparelho para medir batimento cardíaco entre outros, me empurrava forte e puxava meus cabelos. Foi um horror”, relatou.
Ainda conforme a paciente, depois da cirurgia,no dia 29 de junho, ela foi levada ao leito das Rosas, onde o banheiro estava com ralo entupido, o piso estava sujo de sangue. Para Luana, a falta de higiene comprometia asaúde das pacientes. “O banheiro do leito estava totalmente sujo e entupido. Eu e as outras mulheres, todas pós-operadas, precisávamos nos lavar, mas, com o entupimento, o sangue da gente acumulava e as moscas começavam a chegar. Era uma nojeira”, complementou.
Segundo o marido de Luana, o técnico em Segurança do Trabalho Bruno Diego, a esposa também sofreu agressão verbal de uma médica de plantão na unidade um dia após a data da cirurgia, 30 de junho. O fato ocorreu quando a paciente foi questionar a médica sobre o risco que ela e a bebê corriam por conta da falta de higiene no leito.“Minha esposa foi questionar a médica sobre o problema do sangue no banheiro e moscas por todo ralo. A doutora simplesmente respondeu com grosseria e minha mulher insistiu em questionar. Nesse momento, a médica se alterou mais ainda e ameaçou até de chamar policiais para intimidá-la”, relatou.“Demoraram muito para atender minha esposa. Ela sofreu muito, sentiu muitas dores. Quando a médica chegou para atendê-la, minha esposa começou a desabafar e a doutora simplesmente foi grossa e estúpida”, reforçou.
Bruno disse ainda que a filha do casal, nascida no dia 29 de junho, tem suspeita de microcefalia, mas diante das condições que a unidade se encontra ele retirou esposa e filha do local sem alta médica. Para ele, a esposa e as filhas estão mais seguras em casa, com acompanhamento médico particular. “Eu não quis esperar para saber se a neném tem mesmo microcefalia,nem a Luana receber alta.Arranquei elas[sic] de lá. Sem dúvida,elas estão melhor em casa”, concluiu. (E.S)
Sesau nega agressão e diz que paciente estava ‘enfurecida’
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que foi realizada uma investigação prévia sobre o caso da paciente Luana Cristina Pereira de Souza e, se após investigações mais aprofundadas for detectado que houve qualquer negligência ou inconformidade no atendimento prestado, a Sesau adotará as providências necessárias para que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados, pois “a pasta não compactua com medidas que vão de encontro ao parto humanizado, que é a premissa fundamental do atendimento prestado na unidade”.
Na investigação preliminar, a pasta apurou junto à equipe do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth que “a paciente se enfureceu após o parto, ao ser informada que precisaria ficar mais tempo na unidade devido ao estado de saúde da filha dela”.
“Após se exaltar, a paciente não aguardou a alta médica e se evadiu da unidade. Durante o período de internação, a paciente foi devidamente atendida, com os procedimentos necessários de acordo com a condição clínica dela, no entanto, era necessária uma continuidade na assistência para avaliações mais aprofundadas para garantir a sanidade de mãe e filho”, informou a Sesau.
Segundo informações do serviço social da unidade, o Conselho Tutelar foi acionado para assegurar que a criança passe pelos procedimentos médicos devidos, porém a paciente não foi localizada no endereço informado no prontuário.
A Sesau afirmou ainda que os profissionais do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth são orientados constantemente a tomar medidas que evitem qualquer tipo de violência no parto e pós-parto e, apesar de não constar nenhuma denúncia formal na direção do hospital ou na Ouvidoria do SUS, a Secretaria de Saúde prestará todas as informações que forem solicitadas, pois tem todo o interesse em esclarecer o ocorrido.
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