Prédio público localizado na Vila Conde, em Rio Grande da Serra, onde já funcionou unidade escolar, vigilância sanitária e unidade de Saúde, serve hoje como depósito de materiais diversos, entre eles itens novos, inservíveis (sem utilidade) e até mesmo objetos da Saúde vencidos sem uso. O cenário de descaso, tendo em vista que todas as peças estavam amontoadas em meio a lixo e entulho, foi constatado por integrantes do Coletivo Afro do município. O grupo cobra que o espaço seja usado para o desenvolvimento de atividades socioculturais, no entanto, a Prefeitura diz que o plano é erguer creche no local.
Não bastasse a precariedade do imóvel, instalado na Rua Barueri, 30, área carente da cidade, cujo portão não tem nem mesmo cadeado, em meio às inúmeras caixas de papelão entreabertas foram observados pelo menos 50 medidores de glicose, ventiladores, bancos e cadeiras, extintores, computadores, impressoras, livros didáticos, além de coletor de urina e secreção, ainda lacrados, vencido desde 2015. Tudo jogado em meio à sujeira e excrementos de ratos. “A porta estava destrancada. Quando entramos, levamos um susto. É um descaso com o dinheiro público”, considera a porta-voz do Coletivo Afro, Isabel Cristina Batista dos Santos.
Diante da situação e com base na vontade dos moradores do entorno, o grupo se reuniu com o prefeito Gabriel Maranhão (PSDB) para pleitear o uso do prédio para atividades socioculturais. “É um bairro de carência absurda. Se considerarmos que 43% da população da cidade é jovem e que temos apenas um teatro, faltam opções culturais. As poucas que existem são por iniciativa da própria comunidade”, diz Isabel.
Após o encontro, a administração removeu alguns itens do imóvel com caminhão, em sua maioria camas hospitalares, cadeiras e macas ainda novas, mas já deterioradas pela ação do tempo. “Imagina se alguma dessas camas estiver suja de urina de rato. É um exemplo claro de sucateamento do dinheiro público”, ressalta a porta-voz do Coletivo Afro.
O prefeito justifica que parte dos itens ali armazenados será destinada à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Sítio Maria Joana, que será inaugurada ainda neste semestre.
Outros materiais, segundo Maranhão, são inservíveis e aguardam o fim de processo burocrático para que seja realizado leilão e eles possam ter destinação final.
Embora ainda não haja prazos nem ideia de custos necessários, Maranhão promete que o prédio, que já serviu como unidade de ensino, dará lugar a uma creche. “Nosso desejo é transformar o local em creche, com uma área de recreação para as crianças e, quem sabe, que possa servir à comunidade aos fins de semana. Estamos elaborando projeto. A Educação é o caminho”, observa o prefeito. Ainda segundo ele, a ideia é que o equipamento seja erguido com verba própria. A cidade tem hoje cerca de 150 pequenos, com idade de até 3 anos, à espera de vaga em unidade de ensino.
Para o Coletivo Afro, o prédio precisa ser demolido. “É insalubre pensar em uma creche em local nessas condições. Só há uma porta, as janelas são altas, no estilo vitrô”, comenta Isabel.
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